terça-feira, agosto 24, 2010

Paxi Ni Ngongo


,

UAMIÊ

.

Rasgado no horizonte, foi o céu

Por um voo gizado e alucinado

Da ave que em plena liberdade

Desenhou o mais belo mapa

De uma terra por mim esperada

Um solo que era tão sagrado

Tão calcinado pelo quente Sol

Quente dum quente tão Tropical

Queimado estropiado, regado

Lágrima vertida incessante sofrer

Dos anos e anos de duro afazer

És a África, máquina diabólica

No crescimento, se contínuo

Derrame da esperança contínua

Perdida numa luta e no luto

.

Ó mistificações de teus credos

Ai vida, ai meus amores, quero

Esvoaçar-me no teu céu matizado

Grávido de azuladas nuvens

Percorrer pontos cardeais

Brotar contigo os milheirais

Ver nascer despontando cereais

E estatizar-me no branco alvo

De sublimes algodoeiros em rama

Anichar-me e ver o que tramam

.

Ó qual desenho arquitectónico

Estonteias, perdida uma alada ave

Que a pleno voo s’entrega atónita

Ao resplandecer assaz áureo

De um despontar já em vida

Do desenho mais belo, virginal

Desta marginal terra bordejada

Coberta em espuma enternecida

.

E se bastar és África terra querida

Angola, chão de alma amiga

Meu povo, minha casa querida

Ou apenas, carne minha!

Cito

18 de Outubro de 1974


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