quinta-feira, fevereiro 26, 2015

A SENHA 85, neste Portugal Europeu


O Vice 1º Ministro afirmou em inglês que era Português e Europeu, num idioma que não é a minha língua materna
Uma vez pessoalmente disse-lhe para ter atenção a Angola...
Hoje digo aqui, que devia ter-me dado ouvidos quando nos postamos perante o que está a acontecer com as remessas dessa parte do mundo.

Muitos nos liga Ex e muito nos separa.

Separa-nos a idade
O senhor é Português e Europeu
Eu sou Português Africano
O senhor não cumpriu serviço militar
Eu vesti a farda do exército português
O senhor sempre teve no bilhete de identidade a nacionalidade portuguesa
Eu tinha um B.I português de Angola e tive de optar por escrito a esta nacionalidade...!

Mas há uma coisa que temos em comum

Ambos temos ora o Cartão de Cidadão, escrito em Português e Inglês !!!!!!!!

Ofereço-lhe este poema que certamente melhor que ninguém perceberá o alcance...







SENHA 85


De senha na mão, Centro de Emprego
aguardava pacientemente a sua vez
admitindo só para si gostar de ser Grego
para negociar na Europa com altivez
sair pelas ruas numa manifestação
braço dado, cordão de solidariedade
erguendo símbolos duma nação:
- Descobrimentos e Santíssima Trindade

Restava-lhe o valor dum magro cheque
pró satânico silêncio de cada mês
descontado nos correios, outro frete...
...e nunca mais chegava a sua vez.

Desesperado pela espera febril ardente
na irracionalidade da razão do instinto
interrogou-se se valia a pena seguir em frente,
e ao balcão duma tasca, goladas de tinto,
vira dizer noticiado na TV feita a tradução
ao Vice 1º ministro, ser Português e Europeu
- No momento seguinte, acelerado um camião
passava na rua a mesmo tempo que Eliseu.

Nascera o acidentado numa terra africana
(desconheço se Moçambique ou Guiné)
- Trabalhara a vida toda 7 dias por semana
e o seu único apelido, de pai, André 

Portugal fora afinal maior que a Europa!
- Tem a história às vezes passagens giras
escritas pelas mãos de certa tropa
que levou a patuleia a engolir mentiras.

Do bolso já rasgado da velha camisa
passajada, as mangas sem vinco
colorida a vermelho sangue, desliza
manchada uma senha com o número 85.


CIto Loio


24/25/2/2015

terça-feira, fevereiro 24, 2015

Versos à minha morte

EMIGROU A SALTO


Emigrou desempregado o amor a salto
e à passagem pelo Triângulo das Bermudas
sobreviveu; _ não viu aranhas peludas,
cachorras com botas de tacão alto
pica-paus, uma vaidosíssima Garça-Real
negras andorinhas, investidas de transexuais
políticos donos de opiniões paranormais;
_ Virgem-Mãe ausente na Ceia de Natal!

Nem te viu a ti, viúva, casada, solteira
charmosa vestida à Moulin Rouge
que desespera à espera de quem não surge
subindo provocante íngreme ladeira,
nem bater do coração, despedaçado
e choroso por este que se desfez
expectante buscando sozinho sua vez
num sentimento ancestral, ora já desusado

Somando horrores num tempo custoso
afundou-se vendo que dele desistias
sem implorar à incontornável crendice

E regressou gasto, ainda mais saudoso
sem ataúde, amplas mãos vazias
e à ventura solicitando que o acudisse

No silêncio das palavras ela ignorou-o
e longínquo Deus desprezou-o


Cito Loio

22 a 24/2/2015

quinta-feira, fevereiro 19, 2015

DEBOCHADO ÀS VEZES, POETA SEMPRE

 
DEBOCHADO
 ÀS VEZES,
POETA SEMPRE


Tornei-me um poeta vil e debochado,
passei a lamber ratas, mas cuidado,
limpas, que sujas nem mentes aceito
e nem é por questões de preconceito;
_ nunca gostei de papas de sarrabulho
guisados de bacalhau tal o engulho
cus com remanescências de cagalhão
lavados em água estagnada no verão.
- Delicio-me com bocas sorridentes
fazendo-me broches evitado os dentes,
alternando minetes sem polpa de tomate
com jardineiras que andam no engate,
alcunhado até ser porco de linguagem
por ladies que em trancadas de garagem
encornando o amantes com o vizinho
simulavam orgasmos, gemendo baixinho

De longe a longe escrevo coisas sérias,
condenações a decentes galdérias
para consolo de meretrizes (…) legais
que se saciavam c’ prontos de generais.

Um dia, se paga esta obra 'preço de ouro
trocarei o caqui por casacos de couro
metendo sobeja inveja aos coirões
que exibem no peito certos medalhões,
para de imediato e com dor de cotovelo
dizerem as más línguas com muito zelo,
“o gajo enriqueceu à custa dos poemas
desvirginando galináceas sem penas,
mas quando lhe murchar o penduricalho
o mulherio fará dele menino ao borralho”

Ó Poeta quão indesmentível foi a tua dor
quando ao povo que foi  navegador,
dada a Lusíada Epopeia, sem paridade,
desposaste a miséria com dignidade.

- Como tu, porém mais pobre e cuspido
morrerei sem pátria, pela amante traído.

Cito Loio
13 a 15 de Feveriro 2105

 



segunda-feira, fevereiro 16, 2015

Dia Mundial da Honradez




DIA
MUNDIAL
DA
HONRADEZ
16/2/2015

21 anos após o falecimento de Manuel Nascimento Oliveira (Lei) m’pai (atingindo a Morte maioridade) decreto unilateralmente...

16 de Fevereiro
Dia Mundial da Honradez

agradecendo-lhe por tudo o que não me proibiu ser


Porque era o seu cantor favorito e a ária da sua vida….

E lucevan le stelle
ed olezzava la terra,
stridea l'uscio dell'orto,
e un passo sfiorava la rena...
Entrava ella, fragrante,
mi cadea fra le braccia...
O dolci baci, o languide carezze,
mentr'io fremente le belle forme disciogliea dai veli!
Svani per sempre il sogno mio d'amore...
L'ora è fuggita...E muoio disperato!
E muoio disperato...
E non ho amato mai tanto la vita!

E porque com ele aprendi a amar um sonho…

  
LONGÍNQUO ÚTERO


Jamais derramei lágrimas por Coimbra,
Lisboa dos 'cacilheiros ao entardar’,
impedido, de Elvas ao Porto trocar
o Restelo por passeios na Corimba,
e rosmaninho pelo cheiro da catinga

Navegando naus de silhueta disforme
bati-me por não perder o sonho
em tempestades de que não m’envergonho,
subestimada a revolta apaziguada a fome
sem confessar a dor que me consome

Arguido punho com trejeitos de delfim
sustive sem escudos guerrilheiro pranto
assistindo-me abusivo filho adúltero

E ao redigir cartas remetidas a mim
coloquei notas num diário sem encanto
evocando d’Angola longínquo prenho útero.

- Mas por ti m’pai que soubeste do meu sofrer
choro a terra e a mãe que não me viu combater.


Do Inácio

(Cito Loio)

15/16/Fevereiro 205

sexta-feira, fevereiro 13, 2015

SÓ 40 HORAS


Governo castiga funcionários municipais pela má gestão de Autarcas!!!


SÓ 40 HORAS

Labutar as 40 horas semanais
é só pr'aquela maralha bué bacana...
- Incentiva-se a  produção do ópio
extermina-se o virulento ócio
e ao diminuir a dívida soberana,
sobe 'respeito d'instâncias internacionais

Contribuirá o "incumpridor" município
com gastos extra para a "electricidade";
_ beneficiam-se certos infantários
retomam-se os valores do proletário
descontando o mesmo na reforma por idade
mas tira-se a S.S. do precipício.

Crescerá o Produto Interno Bruto
contabilizar 'Estado um super lucro
tornando-se conto de fadas a deflacção.

Porém s'a nação permanecer no eixo do mal
dirá o Governo ser uma coisa natural
e a culpa é deste povo mandrião.

Cito Loio
13/2/2015
















quinta-feira, fevereiro 12, 2015

Para o dia dos Namorados 14/2/2015

dia dos namorados 2015







Para todos os homens que amam. 

Se nada tiverem para oferecer à pessoa amada não hesitem:- 

Copiem e enviem-no...


Às vezes os poetas são humanos…




VINDAS DO SUL
(No dia em que me ‘reapaixonei e mesmo sabendo que o meu tempo passou, proporcione-te que este poema momentos de felicidade)


Exige que te morda o lábio superior,
o seio que embeleza teu peito esquerdo
um braço que se m’enrola sem pudor,
o pé direito…e o que não esqueço!

Dispenso o que entre pernas s’esconde
se às duas 'as tiver' por inteiro;
_ uma colocá-la-ia…nem sei onde,
a outra serviria de fofo travesseiro

Mas olhando fotos, só nossas, penso,
acalentando sem malícia o desejo,
possuir-te num imaculado beijo…

...e querendo, até esse beijo dispenso,
só não dispensando palavras de conforto
q’a espaço do Sul chegavam ao Porto

(que a espaço me deixavam absorto)


Cito Loio
(Inácio)
10/2/2015




terça-feira, fevereiro 10, 2015

Quantas foram as vezes...

Quantas foram as vezes que em 1972 cantei balada pelas praias da Ilha de Luanda.




VOLTAR A SER FELIZ

Gostava que m’açoitasse ‘minha prima Rosa
praguejando:- Tia, comigo este não goza…
…banhos de mangueira, na mão uma gasosa!

Descalço, classificar as conchas da praia
acenar aos chimbiqueiros, vai um mergulho!
_ secar roupa no corpo espreguiçado no areal,
binóculos em punho, ver tráfego na Marginal
tu sorrindo, e já afastados do barulho
subir-te maliciosamente a bainha à saia
e…pum pum, brum brum, contar os rateres
assistir a corridas no Largo Diogo Cão
dois copos de cerveja – sai um café
entre acordes dum «ai bate o pé bate o pé»
repetido o estribilho afinado o violão
sem fífias, ir parar a uma turma só de mulheres,
e da esquina, à antiga rua Sá da Bandeira
ir-me num andar semelhante ao teu
desfrutando a vida no Machimbombo 22,
rabejando na Maianga uma junta de bois,
descer vertiginosamente a Rampa do Liceu...
...vivermos outra vez de igual maneira

Corrido ao palco o pano voltar a ser feliz
Executando (un demi pliê) no Aviz,
mas diferente foi o que a fortuna quis


Cito Loio

sábado, fevereiro 07, 2015

Sem hepatite C


CARTA DE UM ELEITOR
SEM HEPATITE C










CUSTE O QUE CUSTAR


Exijo medicação para a hepatite C
direito à vida desinteressando-me o porquê
pois nasci num planeta sem patrão
corporizada alma em corpo dum só coração

Enquanto uns pouco dão, a outros tudo tiram,
sempre dei tudo o que me exigiram
até para formar cientistas da medicina
dos que só uma grande descoberta anima
sujeitos ao mando dum mundo financeiro
que negoceia a saúde a cápsulas de dinheiro

Venha o “princípio activo” contra ’epidemias
tratamentos com as melhores alquimias
por inesperado ser o tempo médio
desta única vida levada da nascença a sério

Quero ainda por governante um Cardeal
Almirante, Arcebispo, Sargento, ou um General.
- Eleito no exercício, que a todos defenda
e por bem se dispense esta ministerial ofensa.
.

Cito Loio

7/2/2015

terça-feira, fevereiro 03, 2015

Dedicado ao 1 ministro

POEMA INFANTIL

 (Dedicado ao 1º Ministro)


 
 
Sou todo anti pseudo impressionismos
quadras alinhavadas por charlatões,
artigos mágicos, contos d’intelectualismos,
romances paginados pelo Dr. Cifrões,
borrifando-me prós maus comentários
saloias correntes de pinturas psicadélicas
imprudentes notícias contra proletários
ou chinesices num país murchas ‘camélias.
 
Não me importo sofrer contusões
rolar na areia, tomar banhos de espuma
ser alienar, acusado de dizer palavrões,
ser de centro esquerda ter direita a coluna
pois sou no âmago o que ‘mundo me ofereceu.
- Corrupto nunca!_ aprendi por conta própria,
e se ingénuo…intitulem-me Romeu
pondo-se de lado inconveniente bazófia
 
Irrefutável, eis-me produto da natureza
Sansão de ‘tranças’ há muito já escorridas
Inácio, o que para esta Ibérica Meseta
trouxe na memória Campanhas traídas
 
‘Amanhã’ ofereço-lhe um poema de criança,
(brincadeiras cometidas das matas africanas)
recheando as páginas de esperança
se não privatizarem os dias da semana
 
Cito Loio
2/2/2015


 

segunda-feira, fevereiro 02, 2015

Je suis Grego

Até à presente data ainda não escutei nenhum  político ou comentador dirigir uma palavra de conforto para as 300.000 famílias gregas que não têm electricidade.

Também estes são assassinados, não com balas mas com decretos emanados duma Europa que devia reflectir sobre os caminhos que tomou.

Hoje, torno-me Grego, e também sei o que é viver sem electricidade neste país de Democracia
e  de Liberdade de Expressão mas acima de tudo um país de escritores de Contos de Crianças.


 
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