domingo, agosto 22, 2010

Oui, J'aurais t'aimer

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O melhor da minha existência, lavando lágrimas da revolta, amor universal, ao sentir que a guardei toda vida no caminhar pela sua ausência em catarses da minha loucura nos mortos que não chorei e no irmão que não soube amparar.

Em ti Adolfo, com as águas do oceano pinto as cores da nossa África com fantasmas que nos venderam ainda não tínhamos idade sequer para sofrer.

E por saber que a amaste com o mesmo ímpeto que a esqueceste sublimando-a em danças loucas ao som de notas que não tinham som morrerei contigo ou por ti no momento em que a vás encontrar

Mas se acaso não a vir e a minha memória por cá perdurar dá-lhe um beijo nos lábios e diz-lhe que a amei sempre na ignorância

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QUASE LUTO

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Algures está, e não sei sequer onde habita

Sinto dentro de mim o sopro do seu pensar

Sua fala, o sussurrar um muito que me quer

E que um dia me dará, por fim, o seu amor

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E faço-me menino quase parece que medita

Simulo entre um bem-querer um mal te quer

Rio disfarçando agulhas que me dão penar

Adormeço com pavor, medo, sem seu calor

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Em cada noite escura como breu estremeço

Estendo braços carentes, mas não a sinto

Percorrer o corpo, oferecer gélidos arrepios

Em múltiplas sensações ao sentir sua mão

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E mato algumas saudades que não mereço

Desafio toda a vontade ao dizer, “eu minto”

Quando prendo insensível, com frágeis fios

A lembrança não guardada, na imaginação

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E fui crescendo entre as preces e a lástima

Calcorreei gastas memórias de tanta gente

Misturei tantos amores que não eram meus

Banindo-as porque para mim eram injustas

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No céu procurei-te, vertendo uma lágrima

Embaciada, tapando tudo à minha frente

Para evitar que deitasse culpas só a Deus

Ao saber que Suas decisões foram justas

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Corrompia-me por dentro a tamanha falha

O não saborear beijos duma mãe não tida

Doce carícia duma pele que me protegera

Da maldade barbara de cada ser impoluto

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A velhice a chegar, hoje, ou quando calha

Ensinando que a vida é, dia a dia repetida

Que não há baús para o que tanto sofrera

E no meu caminho haveria, escusado luto

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Agora, e quando a morte já se faz amiga

Esperneio-me pleno de raiva e não choro

Que não encontro dela, afago que preciso

E nem descanso a cabeça no seu regaço

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E tu em meiga carícia, qual celeste cantiga

Ofereceste-me, Maria, esse teu infértil colo

Para descansar a alma, e ter no teu abrigo

A foto e o nome dum corpo que não abraço

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Cito Loio

18 Agosto 2010



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