domingo, agosto 08, 2010

Esta minha morte está perto.

Ofereço-to Adolfo, para te lembrar que ao esqueceres o “InaCito” tiveste no “reflexo” o teu próprio “poema”!

Ao meu Pai desculpo, não ter percebido que o filho nascera revolucionário. Aos meus amigos não desculpo nada, pois tiveram o tempo e a forma de me conhecerem

Não desculpo as minhas mulheres, porque ao dormirem comigo tinham a obrigação de sentirem as minhas mais íntimas fraquezas.

Aos outros, perdoo-lhes quase tudo, menos a traição.

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Poema Reflexo

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Este é para ti, Maria, Kim, Marta, Anabela, Diana, Paula, Lila, Zé, Gui, Mariana, Sandra, Luísa, Fátima, Anneta, e todas aquelas que perdi o nome na estrada da vida.

I

..

Um sorriso, de olhos rasgados

igual ao de outra qualquer criança

foi-se perdendo no tempo, agastado

pela dor sofrida que a todos amansa.

..

Ficou desse longínquo tempo

o doce sabor da meninice

das lágrima sentidas , do lamento

das lutas infantes e da pieguice.

..

Eram tempos de soltas gargalhadas

correrias sem fim e sem cautelas

brincadeiras comuns ,despreocupadas

que pareciam quadros “em aguarelas”.

..

As cores vivas brilhavam nos olhos

o suor rasgava campos de alegria

semeados com amigos, aos molhos

faziam de cada noite um claro dia.

..

“Oh! vida como és confusa

Oh! vida porque és tão avessa

Oh! vida não sejas obtusa

Oh! vida não sejas travessa.”

..

Tempos que não se perderam na memória

que saltando, ligeira , como pardais

avivam a saudade de tantas tramóias

que nos fazia quem sabe a todos iguais;

..

Ficou tão marcada a diferença

desses momentos de gratitude

quando indefesos, da voz que lamenta

sentimos perdida uma juventude.

..

E foi-se o corpo tornando homem

e a vida plantando espinhos

deixando avivar fogos que consomem

a doce recordação de ser pequenino.

..

Pulando do tudo para a realidade

mergulhei nos rios da incerteza

deixando para trás pálida castidade

a jazer bem perto, da minha pureza.

..

“Oh! vida como és confusa

Oh! vida porque és tão avessa

Oh! vida não sejas obtusa

Oh! vida não sejas travessa.”

..

Tornei-me grande ou pobre coitado

ave agoirenta sem eira nem beira

pois a vida trouxe-me outro dado

jogado no meio de tanta asneira.

..

Fiz pecados imensos sem humilhação

rasguei propostas bem apaladadas

cruzei os caminhos da perdição

mas não me perdi nem fui julgado.

II

..

E a meu modo , fui crescendo

entre as ruas de terras bravias

que delas! Nem nada lamento

e que guardo seguro em cada dia.

..

Gastaram-me, e tanto me gastei

na vontade de querer um só pedaço

do ventre que gera e dita a lei

e coloca em cada ser um fino traço.

..

“Oh! vida como és confusa

Oh! vida porque és tão avessa

Oh! vida não sejas obtusa

Oh! vida não sejas travessa.”

..

Fiz-me homem , pai verdadeiro

do sofrimento obtive muletas

dores cortantes momentos derradeiros

e “ pensares “ metidos nas gavetas.

..

E saltei de terras, e por cidades

calcorreei avenidas de enganos

caí desamparado em tantas ciladas

que ganhei cicatrizes, cabelos brancos

Quis mesmo assim amar terceira vez

e do novo amor ter outra certeza

não como o de Pedro por bela Inês

mas um meu, e sem incertezas.

..

E quis num sonho ,que voltasse a ser

embalado nos braços e incógnito

saber que o durar ,era de temer

mas que fosse belo enquanto sóbrio.

..

“Oh! vida como és confusa

Oh! vida porque és tão avessa

Oh! vida não sejas obtusa

Oh! vida não sejas travessa.”

..

Fui viajando pelo pensamento

inventando os segredos que podia

e jogando xadrez com meus sentimentos

pesei o que ganhava ,enquanto perdia.

..

Poetizei tanto, e sem validade

gozei comigo meu mordaz descaramento

deixei perceber ,grosseira vaidade

ao não hesitar um só sequer momento.

..

E, cansado ,e com a vida a fugir

parei no tempo só para descansar

concluí, que a vida não é a fingir

e o tempo mata a vontade de amar.

..

FIM

..

Sou um revolucionário da Vida e esta é a “música cantado” do meu poema escrito, Cito Loio.

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