quarta-feira, novembro 30, 2011

Não se cobra à entrada...!


 


ÀS VEZES POR UM FIO

Sempre levei fisga no bolso de trás
não fosse aparecer certo pardal
q’ usava em vez de penas camisa c’ dobrados
por crista, quico de pano feito no Estado.
... (O esporão, coiro de boi, irmão do tio)

Nunca me fiz rogado contra cassetetes, zás
uma fisgada no cagueiro do policial!
_ Depois ‘a salto’ por muros e telhados
pernas para que te quero – o gajo é cabo!
... (Lá escapulia; às vezes era por um fio)

Hoje, vejo escória carregar de matraca
a pobre da mulher em casa c’ ele entalado
sem dinheiro para a manicura!

Ao domingo hóstia pela mão do cura
pedinchando a Jesus q’ proteja o ordenado
dum marido, q’ de noite a ela s’ atraca

Cito Loio
 


terça-feira, novembro 29, 2011

Um dedo q' advinha


Porque será que não fiquei nada admirado!
Tenho um dedo q' adivinha.....?



segunda-feira, novembro 28, 2011

Fado, fado, fado

Fado é Patrimónimo d Humanidade, o que permite a Portugal pagar as dívidas aos Mercados com uns "faduxos" e ainda oferecer de bónus o Quim Barreiros para lhes tocar concertina



domingo, novembro 27, 2011

Para aguardar pelo veredito da Unesco...!


Il grande Conte


OS BEIJOS QUE TE RESERVEI

Fosse Mozart, Falla, e escrevia u' sinfonia
feita de broa adornada c’ fatias de presunto
regado a vinho das encostas do Douro
azeitonas coentros, rabanetes de princesa!
... (no fim, nacos de queijo da serra da Estrela)

Só q’ apenas sou mais um artesão da poesia
razão para te escrever doutro assunto
guardado no coração, nobre como dum touro
livre de juízos, de quem não tem certezas
... (s’ amar as mulheres, é somente tê-las)

Assim, não te componho músicas divinas
mas proposições simples, como verso
exprimindo o que vai para além do amor!

E se algum conforto te deram estas rimas
mais prazer terás nos beijos q’ reservo
e te darei, quando em mim terminar o temor

Cito Loio




sábado, novembro 26, 2011

Património da Humanidade

Proponho que o nome “Amália”, seja Património da Humanidade

Tenho uma admiração especial por ela; era um menino, e tive a honra de tomar um café com ela numa pequena pastelaria de Lisboa.
Eu, que trazia no peito o tamanho d África senti-me minúsculo junto a uma Mulher com nome e uma voz maior que o Universo.

sexta-feira, novembro 25, 2011

Até o terraço estremeceu


*
COM O PEITO OS SECOU

Gritou, estremeceu até o terraço!
Ajoelhada via-se o inchaço dos olhos;
_ amaldiçoou a Deus, jurou vingança
enquanto amarrotada, na mão
cravadas unhas, o sangue se misturara
ao cordão umbilical do filho perdido

Troara a explosão duma mãe roto o laço
q’ a ligava à crença; seria nos escolhos
q buscaria a consolação, e pujança
para q’ sua alma não pensasse em perdão
quem impiedoso, uma vida roubara
e com a sua ‘fortuna’ tinha sumido

Aprumada saiu à rua, foi prostituta
C’ quantos homens a enfrentaram;
_ seu nome? Conhecido: era Madalena!
Apelido? Podia ser Babilónia!
Tinha largo currículo comprovado
do criado ao patrão, desde q’ recebesse.

Mestra, já dona de uma batuta
deitou-se c’ Pedro, as pedras rolaram
de Tomé, o Dídimo, não sentiu pena
aos Tiago, enfeitou-os  c’ magnólia
levou Paulo de Tarso agradecido ao diabo
e João, talvez a Jesus desobedecesse!

Vindo de Kerioth, abriu-se a Judas
E ao outro, Tadeu, q’ não era Iscariote;
_ lavou a bacia, em q’ banhou Bartolomeu
ensinou André usar a rede de pesca
a Felipe antes d’ acabar em frígia morto,
e o dos impostos, ‘publicano’ Mateus

Tirou d’ ultra-nacionalistas sem ajudas
o libertador, Simão Zelote;
_ e João Evangelista, filho de Zebeu!
Por fim, antes q’ dissesse, não presta
e caísse na arena que nem tordo
teve Jesus na cama, vingou-se de Deus.

Lavou a Cristo os pés, e c’ o peito os secou;
_ o Senhor, encomendou trovões e chorou
inventando nova palavra: Rameira!
Nas escrituras, reza ter sido a primeira

Cito Loio,



quarta-feira, novembro 23, 2011

Greve...grave

 Greve Geral!...A todos (que vieram do Ultramar e não só) que partirão para esta grave em consciência, dedico este poema

INTÉ

Logo veio Miss Piggy, intragável
antes tivemos a Fada Má
tempo dos contos da carochinha
Cocas, depois de Príncipe Perfeito
tudo só pró ‘nego’ adormecer

Corria nos livros água potável
doces, sumos de Maracujá
nem pensar escamas de sardinha
alimento sem jeito!
Figurantes de bom gosto, dá pra ver

Mas essas páginas envelheciam
ao fazermo-nos adultos
procurando outras lenhas
carne e osso, dando umas baldas
deitadas, às vezes de quatro.

Sem darmos conta que se iam
passeámos alegremente os Plutos
conquistando Madalenas
todas já sem fraldas
gozando céu aberto, e no quarto

C’ os anos fomos mudando d’ heróis
guerras de verdade com mentira
amantes, esposas c' filhos
empregos, alguns com promessas
uma terra imensa por fertilizar

Já maiores cobriram-nos d’outros sóis
ao som de baladas, tocadas de lira!
_ Sorna, netos filhos cadilhos
greves, governos a pedir meças
com as reformas a definhar!

(A) _ Olá companheiro Cito como vais!

(B) _ Vou indo Lalinho, agastado;
continuas a tocar guitarra?

(A) _ Não, já não toco mais
agora só dedilho pró Estado
q’ me falta vontade para a farra

(B) _ Não estavas na coisa pública
numa...repartição de finanças
constou-me, contribuições fiscais?

(A) _ Reformei-me, hoje só coisa lúdica
passeios c' a mulher e as crianças
três netos; um favor aos pais.

(B) _ Folgo saber q’ tens sossego
eu, vou escrevendo remoendo
acusam, maldizendo até!
...bazo, vou prá fila do desemprego
recebo pouco, dá pra ir comendo!

(A) _ Chau amigo, abraço, inté!

Cito Loio
23 de Novembro 2011















segunda-feira, novembro 21, 2011

Greve de 24 de !


Greve geral de 24 de Novembro!

Nunca na vida fiz uma greve (tirando o tempo de estudante até 1973) ou faltei sequer aos meus compromissos por causa de revindicações.

Sou contra elas, por entender que são absurdas desnecessárias mas ao mesmo tempo entendo ser a declaração inequívoca de INCOMPETÊNCIA de quem MANDA GOVERNA GERE

Quando um Povo faz greve quem está “à frente dos destinos” duma Nação devia colocar no seu horizonte a Demissão.

Emigrantes uma nova espécie...!


Sem música ou fotos, apenas palavras

 *

UMA NOVA ESPÉCIE

Sussurravam c’ asas em noite de breu!
Não eram gabirus mas partiam sem dizer nada.
_ Fala Zeca na canção, da ‘noite calada’!
Essa era outra espécie – agora o poeta sou eu!

... E digo, não eram aves de arribação
mas almas penadas levando ao peito aflição;
buscavam paz numa outra nação
sabendo o destino, mas não a condição.

Levantaram mochilas, foram aos caminhos
não a salto, mas em rápidos auto-plumas
esquecendo as férias entre dunas
por saberem que só as aves fazem ninhos!

... Não eram aves de migração, mas abalaram.
Seguro? Nunca saberei se voltaram;
vindos, que histórias aos seus contaram
ou quantas piedosas mentiras, ocultaram!

Para além deste pedaço de tempo, guardarei
os sons melódicos daquela partida
igual, às q’ obrigado presenciei de fugida.
Por agora, dessa nada digo, nada vi, ou sei 



Cito Loio

domingo, novembro 20, 2011

Talvez...‘RUCA’



TALVEZ ‘RUCA'


Gritos e berros, uivos humanos
correrias, uma pista – ‘vamos’
gritava o treinador desesperado
que o seu sustento era sagrado.

Ela ria, gozava que nem ‘cabinda’
abanava as mamas era linda
saberia quanto valia na cama;
_ muita arisca, quiçá soberana

Virou-lhe o rabo deu uma palmada
gargalhada – logo conversamos
vai ser do tipo tudo ou nada!

Ri-me perante esta cena maluca.
Dela percebi o apelido Ramos
dele? – Parecido a algo como, Ruca!


Cito Loio

sábado, novembro 19, 2011

Inquietudes...!


Algures, num instante, se escreveu este poema referindo tempos distantes...

NÃO TE INQUIETES,

Era um lago de águas onduladas
chamava-se lagoa Panguila,
às vezes a mim! é o puto reguila!
_ Uma praia de águas onduladas
deram-lhe o nome de Corimba
e a mim? Puto vaidoso, sem catinga!

Era um monte elevado aos céus
de seu registo morro da Cruz!
Lá me perdia, apanhando Baiacus!
_ Já longe de casa, pintei ilhéus
pano de fundo a Tundavala.
Por favor, dirija-se àquela sala!

Longe dos resquícios de puto bardina
sem catinga, homem por inteiro
mostrei todo o meu ar prazenteiro
retorquindo: não sei tocar concertina
mas disparo qualquer, tiro a tiro
e não aponto, hesito, sequer o miro!

Desceu a noite, encerrei memórias
cansado de tantas histórias
com heróis de piercings, óculos escuros
expert’s em guerrilha entre muros
conduzindo BMW c’ pneus Dunlop
disfarçando euros num envelope!

Marca o relógio meia-noite e meia
cópia do banco, não tenho pé-de-meia
fecho a luz – última chamada.
_ Não t’ inquietes, não passa nada!

Cito Loio

sexta-feira, novembro 18, 2011

Às vezes ela rola...


LÁGRIMAS NO OLHAR

Gramava sape-sape adocicado
frutos da minha goiabeira
gajaja aqui, ó, uma fruta-pinha,
mufete de cacusso
um copo só c’ leite de coco
picante a moamba de ginguba.
(...depois dormir sob meu coqueiro!)

Ai como gostava do meu rafeiro
vê-lo sacudir espécie de juba
fingir que era mouco
fintar meu avô, pagar por abuso!
Ganir ao cacarejar da galinha
e eu, zarpar sem eira nem beira.
(...depois à noite levar um recado!)

Quem dera voltar a ser malandreco
chamar de longe, ‘ó padreco
já bebeste o teu caneco’?

Depois, pernas para que te quero
sprint do Suba ao Katekero
com o padre a avisar: Cá te espero!

(Queria rever o bairro da Samba
passear no regresso pela Mutamba...
...
...entrar em casa pela janela
pé ante pé, espreitar ao quarto dela!)

Cito Loio

quinta-feira, novembro 17, 2011

SÓ 12%



DESEMPREGO! SÓ 12%

Volta a subir a taxa de desemprego
e não há modo d’ emocionar-se o governo
com as ameaças dos mercados
q’ teremos bancarrota: sejamos louvados!

Mas perguntemos d’ onde sai o dinheiro
para pagar aos do parlamento estrangeiro
que o de cá, pagará o subsídio de Natal
bom de ver, não se sacará ao Capital!

E até parece q’ 12,6 % de desempregados
elevam a moral dos paus-mandados!
_ Talvez garantam o seu lugar na Europa
sós, ou quem sabe, pró resto da tropa!
  
Cito Loio

quarta-feira, novembro 16, 2011

Ó má Fortuna...


O FORTUNA

Saquei um café pela manhã, e li num jornal nacional que a Troika estava aberta a ajustes!
Acho que andam a brincar com o Povo com 9 séculos de história, com os homens que herdaram a memória dos que por obras valerosas se foram da lei da morte libertando e entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram, que um dia a Fé, o Império, e as terras viciosas
de África e de Ási...a andaram de...vastando.
É pela memória de um Povo que se fez grande, hoje atraiçoado espesinhado pelos próprios , que cantando espalharei por toda parte se a tanto me ajudar o engenho e arte.

E peço.....Dai-me uma fúria grande e sonorosa/ E não de agreste avena ou frauta ruda/ Mas de tuba canora e belicosa,/ Que o peito acende e a cor ao gesto muda;/ Dai-me igual canto aos feitos da famosa/ Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;/ Que se espalhe e se cante no universo,/ Se tão sublime preço cabe em verso.

E por Camões, que a meu povo legou a língua, sem fortuna que pague erros meus, vi-me forçado a apagar o MAPA

* 
ERA UM MAPA ARGENTINO

Canoa a catanas talhada a deslizar
por águas carregadas de coisas incógnitas
levando guerreiros de provectas tribos
deixando pela popa um suave ondular

Eram chefes buscavam sustento
inigualáveis donos de tenções, indómitas
tatuagens, feridas, sabiam o perigo
que os acompanhava sem nutrimento!

«Cantavam “ôôô ôôô, ulaul ulaul”
pois habitavam a terra do céu azul
lá para longe, prás bandas do lado sul
...e escutava, “ókipórte ókipórte ókipórte”
seria tudo ouro lá para a banda norte
ou procuravam por melhor sorte?
Mas seu firme e poderosos chimbicar
ia acompanhado dum alegre piar
priu priu– frufru, bater d’ asas no voar!»

Pisquei dum penhasco os olhos ao sagui
lisonjeei a juba do meu leão
acenei ao ar, mas não era um avião.
_ Que tropical passeio se fazia por ali!

E fui crescendo, com a terra c’ as gentes
das armas a defendi, e por elas me perdi
amando nos morros, nas matas vivi
com a liberdade aferrada nos dentes

Igual, subi rios, remei contra a maré
contei rajadas, arremessei granadas
amei nas valetas abertas às gargalhadas
montada guarda – noites q’ fiquei a pé!

Ainda moço, montado gavião a motor
voei pelos céus entre nuvens sem destino
varrendo do mapa um passado argentino
aterrei na sede do império, conheci o rancor.

Cito Loio
* Argentino/brilhante

terça-feira, novembro 15, 2011

Com a minha solidão...!

Mas isto não é porcaria  ...é do melhor senhor SEC.
*

POR NÃO SER SEGURA

Vi-me sem sentido, querer ou vontade
saindo dela, medrando a agonia;
_ deixáramos de ser virgens, afinal
sem cometer qualquer pecado capital!

Enlaçados, jurámos contra a maldade
q’ aquele acto de amor se repetiria
pelos anos q’ a juventude durasse
na guerra, tarde a morte nos separasse.

Não cantei em versos o que me restou
que dor maior meu coração não encontrou
achada q’ fora por perder, e perderia...

...e nesta caminhada, longe da sepultura
fui-me perdendo, por não ser segura
a viagem até ela; por quem a vida daria
  
Cito Loio


segunda-feira, novembro 14, 2011

E é verdade...!


METADE É PORCARIA!

Senti o teu coirãozinho estremecer
envolto em carícias, era só lazer
quando a língua, sem temer
fez juras d’ amor! – Não foi querida?

E tu gritavas – O q’ me está a acontecer
que bom amor continua a lamber
prova-me toda q’ já começo a perceber!
_ Que tesura é, ai ai, ser comida!

Continuaste a voar co’ uma pombinha
ávida do troço: Divinal, quentinha
até deliras a levar na passarinha!

Paro, gesticulo, atiro fora a caneta;
Que se passa! – Isto é poesia da treta!
Interrogo-me: vai ou não prá sarjeta?

Mas fitei as estantes duma big livraria
e concluí, metade ser porcaria!

Cito Loio

Não é nenhuma tragédia mas era bom que o Secretário de Estado da Cultura começasse a ler a merda que se publica neste País, claro que se isso não afectar os seus business

domingo, novembro 13, 2011

Um adeus com 36 anos...



NA HORA DO ADEUS

Chegavam aviões carregados de vazio
partiam cheios, levavam dentro
malas pranto e desalento
a voz abafada de negros ardinas
pelo roncar ensurdecedor das turbinas;
deixavam-no só num verão com frio

No alcatrão aquecido negro e magoado
rolando a salvo pela pista
apreciava-os até ao perder de vista
como pássaros de ferro emigrando;
Perguntava-lhe o coração, até quando!
Fazia-se o silêncio mais calado.

Chefe) _ Falta-me esse ai, esse pixote!
Roda a palete e carrega esse caixote!
B) _ Já estás, podes carregá
 malambas pronta prá embarcá
Chefe) _ Tragam a pê ele três
Chica! Enganaste-te outra vez!
C) _ Nãos fui eu, fois o Xisso Mingo
és do cachaça aos domingo
Chefe) _ Tá, recolher a ferramenta
“pior só rebuçados de menta”
B) _ Chefe os tractori fica no placa?
C) _ És toro u tens no cabeça cáca!
B) _ Terminó, fuie bué cansativo,
onde estás caixa dos adesivo?
... (voz feminina longe)
Senhores passageiros, voo seis...cinquenta...
C) _ ais meu orelha já num aguenta!
B) _ És prá fechá os Termináre?
_ Chefi cum’ és in Portugáre?

Avelhentava o ano de setenta e cinco
aeroporto, passava meia-noite e vinte e cinco
menino chefe (!) olhou pela última vez
e reparou no chão – tinha a cor da sua tez...

Cito Loio


 
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