quarta-feira, agosto 17, 2011

Matar...é arte!

Nova Lisboa
Angola
9 - Julho - 1974
.

Hoje

Tudo calmo!
Reina a tranquila paz
Serena e bela como a ave
Girando em círculos no ar;
Imensidões de azul
Trespassadas de rastos
Brancos…
Duma brancura alva,
Olhos cândidos das crianças,
Muito meigos e brilhantes
Como se espelhos, fossem
Reflectir um amor infante

Corre a brisa
Acariciando doce os cabelos
Soltos ao vento
Espantando num cintilar
Todas as gotículas do mar
Todas as estrelas do céu…

«Crenças dum verdadeiro credo»
Flutua o denso da verdade
No mergulhante da falsidade
Agora que os poetas são poetas
O bem do mal se separa
Como a espuma da água;
É o despertar do leito

Nasce o sol todos os dias
Vê-se a lua com alegria
Namorada dos apaixonados
Abrasadores, de clarões
Plenos de paixões
Muito grandes pra seus corações

Inconstantes, os sonhos coloridos
Tomam nos olhos
Forma cor e vida
Como se vestidos aos folhos
Rodassem no tango da vida
Compassando com penumbras
Sustenidos das pautas, rumbas
Da rumba, como baiana é passo
E fadista não é senão fado.

Ontem

É neste embaranhado
Dos pensamentos claros
Que me afundo…!
E me confundo

Outrora
Quando não surgia a aurora
Eu, de pedra em pedra
Rasgando presas como fera
Bebia o sangue dos fracos
Ria do mal, dos derrotados
Vivia da vida dos atacados;
Rompendo por entre a neblina
Rugidos de desafios
Investindo contra o infinito
Querendo subjugar o proibido

Hoje
(de novo)

Agora cansado da guerra
Sem força nas pernas
Falta-me a sanguínea vontade
De ingerir; carne humana
Estás doce e mansa
Tão dócil que enganas
Companheiros da sagacidade

_ ‘Branqueou-se-me’ o cabelo
Apossou-se de mim medo
Da revolta do ódio que existia…
“É o arrependimento dos descrentes
É o sorrir dos descontentes”
Já não há em mim revolta
…nem ferozes ódios
…bravios acessos…
…de loucura!
Há somente um saber sorrir
Ao ver crianças rir.
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Cito Loio

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