À Cultura basta Secretário d’Estado
SUICÍDIO DUM POEMA
Últimas pinceladas num gasto moral
Dois traços, sobrancelha arcada
Ainda não chegara à rubrica final
E já se fartara de tanta borrada
Arrumando’a tralha debaixo d’arcada
O pensamento, vagava distraído
Procurando vitórias em tanta derrota;
Nunca efémero alcançara o paraíso
‘Always’ enganando-se na rota
Escutando Fernão Capelo Gaivota
A pé de cabelos limpos e já longos
Escorrendo, deixava aparecer
Baços, um par de óculos rombos
De tanto os limpar após escrever
Sobre as misérias que tivera de viver
Girando ‘olhar pelo q’ ninguém alcança
Despediu-se da casa enorme e nua
Sofás de pedra, amigos de confiança
Candeeiros apagados, de rua
Iluminado tantas vezes só pela Lua
Sapatilhas, disfarçando o piso
Caminhou lento, passagem pela escola
Confeitaria, chão empedrado e liso;
Deixou cair junto ao lixo a sacola
Chuto, como se fosse redonda bola
Desandou palmilhando léguas a sós;
Deixava a canto meros conhecidos
Media contras entre raros prós
Fotografando até ao rio, mendigos
Q’aguardavam a hora! Já perdidos
Sentia faltar coragem ao corajoso
O eco de ‘Be’, ténue, ainda a soar
Relembrado um salto perigoso
Q’a natureza não dera asas pa’ voar
E do mergulho não podia tornar
Desconhecida, toda a loucura poética
Postada em páginas de sebenta
Consolidaram-lhe a honra com ética
Rejeitando c’ altivez a morte lenta
Calúnias de quem sem saber comenta
Pintor de sonhos, caneta ao papel
Erguido hirto do cimo duma ponte
Salto livre sem cordas de rappel,
Olha a cidade do outro lado a monte
Evocando’inspiração, a última fonte
Numa mensagem dilacerante, gravada
Escreveu no vento o mais belo poema
Ao morrer, libertando a sua amada
Que não chegaria a sentir pena
Recebida’a notícia, telefone sem antena!
Corria em satélite noticiário, noticiando
Morte de um criminoso, inocentado
E um slogan pago, já anunciando
Q’um séquito ministerial fora’aumentado
E à Cultura bastara Secretário d’Estado
Cito Loio
1 de Agosto 2011
Últimas pinceladas num gasto moral
Dois traços, sobrancelha arcada
Ainda não chegara à rubrica final
E já se fartara de tanta borrada
Arrumando’a tralha debaixo d’arcada
O pensamento, vagava distraído
Procurando vitórias em tanta derrota;
Nunca efémero alcançara o paraíso
‘Always’ enganando-se na rota
Escutando Fernão Capelo Gaivota
A pé de cabelos limpos e já longos
Escorrendo, deixava aparecer
Baços, um par de óculos rombos
De tanto os limpar após escrever
Sobre as misérias que tivera de viver
Girando ‘olhar pelo q’ ninguém alcança
Despediu-se da casa enorme e nua
Sofás de pedra, amigos de confiança
Candeeiros apagados, de rua
Iluminado tantas vezes só pela Lua
Sapatilhas, disfarçando o piso
Caminhou lento, passagem pela escola
Confeitaria, chão empedrado e liso;
Deixou cair junto ao lixo a sacola
Chuto, como se fosse redonda bola
Desandou palmilhando léguas a sós;
Deixava a canto meros conhecidos
Media contras entre raros prós
Fotografando até ao rio, mendigos
Q’aguardavam a hora! Já perdidos
Sentia faltar coragem ao corajoso
O eco de ‘Be’, ténue, ainda a soar
Relembrado um salto perigoso
Q’a natureza não dera asas pa’ voar
E do mergulho não podia tornar
Desconhecida, toda a loucura poética
Postada em páginas de sebenta
Consolidaram-lhe a honra com ética
Rejeitando c’ altivez a morte lenta
Calúnias de quem sem saber comenta
Pintor de sonhos, caneta ao papel
Erguido hirto do cimo duma ponte
Salto livre sem cordas de rappel,
Olha a cidade do outro lado a monte
Evocando’inspiração, a última fonte
Numa mensagem dilacerante, gravada
Escreveu no vento o mais belo poema
Ao morrer, libertando a sua amada
Que não chegaria a sentir pena
Recebida’a notícia, telefone sem antena!
Corria em satélite noticiário, noticiando
Morte de um criminoso, inocentado
E um slogan pago, já anunciando
Q’um séquito ministerial fora’aumentado
E à Cultura bastara Secretário d’Estado
Cito Loio
1 de Agosto 2011
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