quinta-feira, março 25, 2010

...assim vamos crescendo!!!

O ponteiro acariciava os 37 minutos, passava meio-dia, quando Cito entrou na confeitaria para tomar o seu habitual café pré-almoço, um hábito que vinha dos tempos de juventude, e que, por muito que tentasse ainda não conseguira “exterminar”.
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Difícil, muito mais do que foi o ter deixado de fumar, os cerca 80 a 100 cigarros dia, um tempo distante, no século passado, corria a década de 90.
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Sobre o balcão, reparou num prato com o “resto da comida” que um senhor engravatado deixara a meio, mas que se preparava para alambazar uma suculenta sobremesa colocada diante de um copinho de vinho maduro, que sorria para a garrafa já totalmente vazia.
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Veio-lhe de imediato ao pensamento o termo, o estranho nome que puseram ao que se comia depois do prato principal, outra esquisitice, mas que a este deram o nome de “sobremesa”, como se o resto da comida fosse “submesa”!!!
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Olhou os 60 cêntimos que segurava na mão, o preço do café; olhou ferozmente o tal prato, e acabou por perder o apetite de emborcar o cafezinho – ficou-se pelo copo de ’água, que para além de ser mais saudável, tirava a sede. Pensou se o indivíduo não seria otário ao pagar 7,5 € por um “prato” que não chegara a comer, pois metade ia para o lixo. Claro que o dinheiro era dele, mas bolas, ao menos que comesse tudo...
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Lembrou-se então, que manda a Etiqueta, deixar sempre um “resto de comida no prato”, umas “gotas de vinho no copo”, mas, nada que soubesse em relação a doces ou fruta da época.
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No momento que escrevo este pequeno episódio, 17 h, Cito ainda não almoçara, não tomara café, e não olhara para mais nenhum restaurante ou casa de pasto. Estava cheio de dores de estômago, e nem queria imaginar o que sentiria alguém que não comesse durante dias...
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Por isso imponho-me que também só comerei "apenas" uma refeição – serei solidário com este meu amigo que ainda nada ingeriu, e com todas as crianças do mundo que, ainda conseguem comer uma refeição por dia, porque “Amanhã” num amanhã não muito distante, queria como o Cito, que todas as crianças do mundo tivessem, como eu, como ele, pelo menos uma refeição todos os dias.
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Gostaríamos, no exacto momento que os meus e seus amigos lessem este breve episódio, se lembrassem que, o que a Etiqueta sugere, daria para matar diáriamente a fome a todas as crianças famintas do mundo.
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Os meninos agradeceriam, sobretudo aqueles que se sentam à volta da fogueira...
Fiz uma pausa no PC; tocou o telefone, e era Cito a dizer: e desligou.
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Peguei numa fotografia antiga, e sorri; ele continuava o mesmo sonhador, o mesmo menino que dividia o lanche pelas amigos pobres. Envelheceu, mas continuava a conservar os sonhos de criança.
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Como eu gosto deste meu velho amigo.

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