ENGANAR A MORTE
Há 42
anos, antes de ter optado por envergar a farda do exército português em
detrimento da deserção, tinha a convicção que nunca chagaria ao século 21.
Às portas
dos 62 anos (aos políticos em particular e ao povo português em geral) peço
desculpa por ter vivido tanto tempo
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DESCULPEM TER
ENGANADO A MORTE
Repudiando no pretérito actos de leviandade,
limei
ásperas arestas, poli a personalidade
reformulado
carácter, e descuidado quem elegia
desemboquei
em caminhos que desconhecia;
_ Sofrendo
rasteiras nos derradeiros campeonatos
joguei-ma
incontornáveis reptos sem ultimatos.
A cada folha fui escrevendo inverosímil história,
atraiçoando, imperdoável, a própria memória
pintando páginas de sangue a ferro e fogo.
- Repelindo encardida roupagem de bobo
embranqueci o vestuário com sabão clarim
e em continência à bandeira feri-me no fim.
Irónico, agradeço os tributos e condecorações,
reconhecimento pátrio de por entre explosões
(ainda em jovem) ter-me exposto à sorte,
pedindo ao povo desculpas por ludibriar a morte.
- Um dia, sabe-se lá, o estado pague o enterro
ou aponte-me inevitável o caminho do desterro.
Cito Loio
…de Agosto de 1975 a Agosto de 2015
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