quarta-feira, agosto 19, 2015

Eduardo Lourenço, muito obrigado



Escutei a entrevista deste Homem soberano e não quis deixar de a sublevar ao etéreo tal como fazia o Poeta. 
Ao deixar claro a inigualável clarividência de Camões como o homem que melhor classificou o seu próprio povo não pude deixar de o manifestar aqui.

Sim! – De facto o Poeta reconhece em «Erros meus má fortuna» toda a génese Lusitana.


Pequeno enxerto de declarações deste Filósofo e professor.


·         «um Portugal que, de armas na mão, se conquistou com liberdade. E é o passado dessa liberdade – quando na sua perspectiva mereceu esse nome – que ele exuma e exalta». E assim o historiador compreendeu o elo entre os dois Portugais, procurando conciliar liberalismo com cristianismo. E fê-lo «não por oportunismo, como a cultura oficial do constitucionalismo o fará, mas porque tal era a sua visão da história e a exigência do seu individualismo ético». E Garrett completa esta perspectiva ao pôr Camões no centro da «nova mitologia pátria, pátria de feitos, sem dúvida, mas pátria de canto, de cultura, sem as quais a memória deles não existe». Mas não há «qualquer profecia com garantia providencial», o que existe, sim, é vontade e capacidade de regressar ao passado como se fosse presente, relendo os acontecimentos de glórias e viajando na nossa terra, de modo a projectar o futuro. Em vez de D. Sebastião, surge Camões, com os seus sentidos lírico e épico.

Se me é permitido, o meu contributo à cultura, pretendendo também ser uma homenagem em vida a Eduardo Lourenço. Muito obrigado.


À RAZÃO DA MINHA PENA

(Homenageando Eduardo Lourenço)



Desvalorizo notícias da minha terra

dizer de meninos à volta das fogueiras,

sabidas histórias negras de quitandeiras

estropiadas numa longínqua guerra.



Não apregoarei “até que a voz me doa”

exultações do que só parte deste povo

via passadouro a um mundo novo…

…de Luanda às avenidas novas de Lisboa.



Não!, que os erros meus e a má ventura

cabem-me por culpa, e ao amor ardente

tudo dei, e de resto o que aqui presente.



Por tudo passar, findo-me em clausura

que esta pátria que canto em poema

não dará suporte à razão da minha pena.



Cito Loio

12/8/2015

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