domingo, novembro 13, 2011

Um adeus com 36 anos...



NA HORA DO ADEUS

Chegavam aviões carregados de vazio
partiam cheios, levavam dentro
malas pranto e desalento
a voz abafada de negros ardinas
pelo roncar ensurdecedor das turbinas;
deixavam-no só num verão com frio

No alcatrão aquecido negro e magoado
rolando a salvo pela pista
apreciava-os até ao perder de vista
como pássaros de ferro emigrando;
Perguntava-lhe o coração, até quando!
Fazia-se o silêncio mais calado.

Chefe) _ Falta-me esse ai, esse pixote!
Roda a palete e carrega esse caixote!
B) _ Já estás, podes carregá
 malambas pronta prá embarcá
Chefe) _ Tragam a pê ele três
Chica! Enganaste-te outra vez!
C) _ Nãos fui eu, fois o Xisso Mingo
és do cachaça aos domingo
Chefe) _ Tá, recolher a ferramenta
“pior só rebuçados de menta”
B) _ Chefe os tractori fica no placa?
C) _ És toro u tens no cabeça cáca!
B) _ Terminó, fuie bué cansativo,
onde estás caixa dos adesivo?
... (voz feminina longe)
Senhores passageiros, voo seis...cinquenta...
C) _ ais meu orelha já num aguenta!
B) _ És prá fechá os Termináre?
_ Chefi cum’ és in Portugáre?

Avelhentava o ano de setenta e cinco
aeroporto, passava meia-noite e vinte e cinco
menino chefe (!) olhou pela última vez
e reparou no chão – tinha a cor da sua tez...

Cito Loio


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