A Deus no céu um sorriso complacente...!
Ontem 1º dia de Novembro, fez cinquenta e oito anos que num
momento apenas se traçou o caminho sinuoso que iria percorrer até ao dia que se
esgotassem as foças e o corpo se prostrasse exangue para sempre. Desde aquele
longínquo momento, inventei os minutos com que fui construindo as horas que
enfeitam uma história de punições, muitas lágrimas e alguma revolta.
Não guardo em foto o muro das lamentações, valas comuns do
holocausto, campa no cemitério ou anúncio de uma missa de 7º dia!
Ao contrário, passeio um nome colado a mim cada vez que
respondo quem sou; e sou um ser humano que correu pelos campos da adolescência,
escorregou no castanho da juventude, e deitado em fazendas de algodão, contou
todas as noites estrelas que formatavam o céu sabendo que desde aquele dia
aumentara o número.
Dobrei a meia-idade, e agora mostro a Deus no Céu um Sorriso Complacente, e ao Mundo a Dor em Contos e Poemas.
*
ARRANHÕES GROSSEIROS
Quatro
patas, correndo solto na picada
Às vezes
parando, a olhar para trás;
Mancha
em pêlo luzente, cauda arrebitada
Parecia
chamar-me – anda, tu és capaz!
_ Au au au, grrr, atira-me esse pau!
Fuça
arreganhada, eu fingindo cara de mau
Corria acompanhando
o seu hábil trote
Brincadeiras
na orla da floresta;
Por
distracção, ‘amandava’ pedras à sorte
Q’ a vida
era um sempre em festa
Pulávamos
enxotando a bicharada
Diversão,
vida fácil, merecia ser gozada
Mas voltávamos
nem sempre inteiros
Encobrindo,
debaixo do pêlo as feridas;
As
minhas? Salvas em arranhões grosseiros
Desconhecendo
q’ um dia seriam lidas!
Cito
Loio
(01-11-2011)
|
1 comentário:
A amálgama em que nos encontramos, provoca isto, um pedido de desculpas por não me ter lembrado do teu aniversário, mas daí até estares só, desengana-te, estás bem acompanhado, mesmo que por vezes as ausências sejam prolongadas. De ti meu amigo eu não esqueço, nem que faças todas as burradas do mundo, pois já passaste para lá disso há muito tempo.
Um abraço
João Calheiros Lobo
Enviar um comentário