domingo, julho 31, 2011

Ainda cá moras.

Bom domingo e que Agosto nunca se faça Julho, que meus receios sejam só temores, a minha foto não exista, e a felicidade ilumine o seu caminhar.


Como dizia Fecundo Cabral, ninguém é tão velho para dar conselhos; por isso escrevo em verso o que em prosa camuflaria, e no dia em que me vá, A Ti, que tanto amei, apenas deixarei a ausência.


AINDA CÁ MORAS

Azulado pólo escondia-lhe os seios
Sorriso aberto, ingenuidade no olhar
Embrulhada, nunca fora usada
Menina, soubera fazer-se amada
Deixando muito que pensar
Das minhas fraquezas, tolos anseios

_ Era uma menina, far-se-ia mulher
Dizendo – ‘sou o que Deus quer! ‘

Depois passo mágico de dragão chinês
Quis conhecer-me antes d’Alvor
Foi por Moscou, pernoitou sem mim
Reservou para si o melhor selim;
Tirocinada, evitou atalhos com dor
Por saber o que perdido seria de vez

_ E a menina ao querer ser mulher
Disse – fui e serei o que Deus quiser

Foi grata amiga na minha solidão
Amante ilegítima em tanta ausência
Médica e enfermeira calma
Ungindo lanhos do corpo e da alma
Ao usar como bálsamo a paciência
Cerrando grades à minha prisão

_ Culpado disse já mulher c’esperança
Restitui o meu sorriso de criança

Mais tarde, desiludida, saiu acelerada
Esqueceu-se do adeus, beijo de despedida
Palavras, carta, ou um barato postal
A conter malsinação brutal
Dizendo que meu nome iria banir;
Da minha única fotografia – restou nada

_ Hoje num quadro vejo-a menina
Onde s’sorriso largo ainda me’anima.

Cito Loio
(intemporal)

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