terça-feira, julho 05, 2011

É a mais das puras verdade,

Este poema é especial – não se trata duma catarse mas que permite exorcizar certos sentimentos. É mais uma história do prenúncio de fim de vida contada num poema, sem quebrantos, mochilas da vivência. Apenas o elogio sentido sobre uma pessoa conhecida, e que nunca chegarei a saber se de facto me conheceu.


ALTO PREÇO


Retrata já, num corpo velho e a definhar
Trémula a mão que quase embala
Do outro lado, a que rejeita a bengala

Frágil vacila por entre pedras ao caminhar
Perdendo o olhar no céu estrelado
Sobre a serra de Sintra, em qualquer lado

No lar hospedada, a espaços com lucidez
Recorda toda a beleza perdida
Do tempo, em que já fora a mais querida

Noite dentro, chegam fantasmas outra vez
Trazem impiedosos total confusão
Recordando ser a mais bela da vila d’Olhão

Também agora lhe bailam imagens difusas
De uma cidade que não esqueço
Q’ela também pagou à liberdade’alto preço

Agora o ‘seu belo moço’ já em terras lusas
Impotente, desenha mágoas em verso
Neste poema, e já em lágrimas submerso


Cito Loio
2011-07-04

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