domingo, setembro 05, 2010

Não prestam...

13 dias....

.

Fizeram a festa

E não me convidaram

Houve vinho, fruta e especiarias

Roubos mortes e porcaria.

_ Cantaram-se hinos da liberdade

Canções, fados

Batuques viras e sapateado

Colheram-se cravos que murcharam

Lírios rosas e malmequeres

Capitães “soldados” e alferes

Todos tocaram, todos farraram

No enterro dum rei nego

_ Houve esperantos e jasmim

Canhões morteiros e alecrim

E nenhuma flor para mim

Nem uma pétala da flor de trevo

.

Era sol e era primavera

Mansa brava fera

Comia deleitada, fausto manjar

Da pontinha de cima

À pontinha de baixo

Do lado de cá

Ao estremo de lá

.

Tudo era terra, minha gente

E tudo era urgente

Finalmente livres

_“Livres” do dinheiro

Livres de falar, cantar...descansar

Dos caducos pinheiros

Do trabalho da ordem das leis

_ Dormir, dormir até rebentar

E mais! que se afirme

Livres de sermos livres

,

Mas livrem-me a mim

De ser escravo!

De escolher breve o caminho

Ter cravos sem espingardas

Onde há rosas sem espinhos

Canhões sem maldade

Mais generais “capitães” soldados

_ Livrem-ma a mim de ser criado!

Servo “à la glèbe”

Que conserve em mim minha pele

.

Tirem-me da frente papões

Bonecos feitos de papelões

Onde um dia “cravaram”

As mortes que me brindaram

Em caixões de rubro verde pinho

Envoltos em lençóis de linho.

.

Cito,

A todos os que tombaram na ilusão de África

1976


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