Comeu amêndoas da Páscoa
Boa Páscoa
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NÃO LHE MATARAM A ALMA
COMEU A AMÊNDOA DA PÁSCOAEntregou-lhe o conduto
Não pagou sequer a encomenda
Nem reclamou da qualidade
Do velho cartão de visitas
Saindo do casario
Da mesma forma que entrara
MAIS LEVE DEAMBULOU PLA CIDADE
Ruas escuras, Saudade!
Acordes de guitarra portuguesa
Vozes cantando à desgraça
A deles também a sua
Ao recordar o passado
Envolto em sofrimento e dúvidas
Foi na velha Lisboa
Entre Alfama e Madragoa
Viu o Cristo rei em pé
Desde o Cais do Sodré
SUBIU MAIS TARDE A GUINDASTES
Baixa da Banheira sem água
Ó bela Queluz e tantas por aí!
Estoril Cascais – comboios
E a vontade de viajar
Partindo de Santa Apolónia
Por não poder do’eroporto da Portela
QUIS VOLTAR À PEQUENA BENGUELA
Perder-se na restinga do Lobito
Amar em Moçâmedes, Huila
Ver serpentes, escorpiões
O Sengue sorrateiro
Outra distinta bicharada…
Deitar a cabeça num morro de salalé
E visitou Leiria e Covilhâ
Foi artista sem fã
Elvas doutro lado Badajoz
Dois rios, sem lhes ver a foz
ESTACIONOU EM LEÇA SEM PALMEIRAS
Onde vestiu a pele com fato negro
Nos muros do cemitério,
Resumiu o segundo divórcio
Ao prólogo da primeira separação
Somando mais dor
Ao coração já fragmentado
AGRILHOOU-SE NUM ‘DORAL’ EM MIAMI
Taranto, Yafo e numa velha Leuca
Bordéus, Monte Carlo, e sevilhanas
Partindo do norte – só
No centro não via espaço
O ‘Sul’ magoava-lhe a memória
E a alma carecida de descanso
Lutou num velho Porto
Futebol ténis e desporto
Uma ribeira de tradições
E o estádio dos dragões
CANSADO, NADA RECLAMOU PARA SI
Que a vida só tem um percurso
Da nascent’ao último suspiro
Por trilhos sem margens
Estradas que não têm bermas
Vendo a noite parir o dia
Gerando um novo amor, guardado
REESTRUTUROU SONHOS ANTIGOS
Voou nas asas do encantamento
Veio por fim a acalmia!
E apenas mais seguro
Esqueceu certa maternidade
Dizendo – por ti sou virgem
Purifiquei-me ao ver-te
Vibraram com batucadas
Esqueceram águas passadas
Refeitos numa espiral
Uniram-se em Portugal
FUNDIDOS FORAM DOIS CONTINENTES
Entrelaçado o moreno à loira
Abraça-me – ‘és tão bonito’!
Um amor de amigos
Sem passado, recriminações
Indo pela mesma estrada
Juntand’as peças no caminho
E MUITO MAIS HAVERIA PRA CONTAR
Se as palavras matassem a fome
A vida fosse um poema
Versos!...filhos da rima
E dum tempo em que havia chaves
Para fechar este Verbo
Numa página de Contos de Fadas
Mas dos 'tremunos' em desafio
Conheci um tal Inácio, sadio
Que queria voar pelo firmamento
Levando Ícaro no pensamento
Cito Loio
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