MESA VAZIA
E se um dia por engano da natureza pudesse cantar sem desafinar talvez esta fosse primeira música da minha estreia. Mas fizeram-me o favor de me deixar sem lágrimas à nascença esgotadas num choro de recém parido desconhecendo que pelo resto da vida chamaria mãe a outra. Sem queixumes sem condenas, a esta, que por vezes me diziam - "Inácio a tua avó está a chamar" - obrigado MÃE por encheres a mesa a cada 8 de Dezembro.
MESA VAZIA
Viajou por cidades, países que ninguém conhece,
ruas banhadas por uma intrépida imaginação
oferecendo as praias ondas e alforrecas viscosas
onde os tigres de papel, emergindo à noite,
guardavam árvores de plástico jamais podadas.
Teve só no tempo o que qualquer criança carece;
_ pratos de comida confeccionada c’arte e coração
bebidas exóticas, doces, sobremesas gostosas,
e esquecido poder, sem contar, levar um açoite
vencia pesadelos munidos d’armaduras pesadas.
Alguns sonhos têm porém espinhos aguçados,
e em cada Dia da Mãe empurrado pela surpresa
mudo ignorava a razão d’estar tão vazia a mesa.
Mas percebeu enfim serem ‘fantasmas derrotados
bastando para tal ao calendário mudar a data
e matreiro dizer à avó – Ó mãe não sejas chata!
.
de Cito para o Inácio
bom 1º domingo de Maio
Sem comentários:
Enviar um comentário