sexta-feira, janeiro 29, 2010

Seringas


Algo está mal na luta da classe dos enfermeiros

Têm razão mas era perfeitamente evitável que falassem em salários comparados com outras formações profissionais

Também, me parece errado nalguns casos, tecerem graus comparativos com a classe médica, ou sugerirem como já vi escrito, que há quem faça dos enfermeiros empregados dos médicos.

São empregados dos médicos quando estes lhes pagam o ordenado e nada mais.

Julgo estar a haver dois erros tremendos nesta luta:

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1 - Fica a sensação que os enfermeiros pensam que “são tanto como os outros” o que no meu entender, não são. São uma classe profissional que deve e apenas lutar pela sua afirmação e garantir os auferimentos e regalias que entendam ser merecidas dentro do seu universo laboral, e sem comparação com ninguém, muito menos com quem está noutro universo de formação.

2 - Introduzir por defeito nesta luta a classe médica, ou seja, em vez de quererem elevar o estatuto de enfermeiros por serem especialistas com formação e constituírem com os médicos o suporte vital da saúde, estão a querer colocar-se em pé de igualdade com uma classe secular – é um erro até de apreciação cultural.

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Para todos os efeitos o Médico é o senhor Doutor, e doutorado em enfermagem não deixa de ser aos olhos do povo o Enfermeiro e esta “Verdade” não vai ser alterada com lutas; só será ultrapassada no dia que a enfermagem passar a ser uma especialidade da medicina. Aí teremos Doutores em Enfermagem como os temos em Cardiologia/Estomatologia só para citar dois.

Neste caso farão o acesso ao curso de medicina com as exigências que eles apresentam.

Reconheço como toda a gente, que têm direito a reclamar, a fazer greve com as consequências que daí advêm – sei de um médico amigo que não operou porque não tinha a sua equipa de enfermagem para o “ajudar” e, curiosamente este meu amigo nem sequer se queixou, sinal de compreensão e respeito pela luta que está a ser travada.

Esta e das tais situações que por si só, dá para todo o mundo entender o quanto são imprescindíveis à saúde e são complemento da actividade do médico; o contrário também é aceitável.

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Porque abordo este tema aqui neste espaço?

Porque para além do desporto andar de braço dado com a medicina, sento que esta luta vai ser igual à dos professores, com disparates atrás e disparates; a diferença na preocupação é que nos “profs” os alunos ficaram prejudicados mas ainda assim puderam curtir uns com os outros e praticar ténis – no caso presente a brincadeira pode originar a morte, danos irreparáveis ou apenas, e que este seja o mal maior, umas horitas de sofrimento para o pessoal que necessite de cuidados de saúde.

Vejam se resolvem o assunto depressa; não façam como os casos na Justiça...


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Inácio

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