sexta-feira, abril 24, 2009

O dia 24

Exmo. Sr. Rui de Carvalho

Vice-Presidente da Assembleia-geral

Federação Portuguesa de Ténis

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Em véspera do 25 d’Abri não quero deixar de lhe dar os parabéns pela sua reeleição para Vice-presidente da Mesa da Assembleia-geral da FPT e referir-me ao que delicadamente como é seu apanágio, me mimou, numa carta sem referir sigilo, em que entendi ter o “povo” do ténis direito a saber.

Assinatura retirada

Por isso em resposta a uma das duas cartas remetidas por si, dando-me conta que mandara os serviços proceder ao envio da documentação requerida em tempo oportuno, ambas em nome da Federação, mas em que uma delas não acompanhou o envio dos respectivos documentos, começo por agradecer a maçada do envio do que tenho direito de saber, não obstante o tempo decorrido, assinalar o facto de a missiva enviada ao Presidente da Assembleia-geral ter obtido resposta, não do próprio, mas sim de sua Exa., o Vice-Presidente.

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Mesmo antes da resposta que lhe é devida, permita-me que referencie o período que decorre, pela trigésima quinta vez, a comemoração do 25 de Abril de 74, data em que se assinala entre outras coisas, a concretização do sonho de termos um país saído da sombra, onde os mais recônditos direitos democráticos eram palavra morta no dicionário de um povo que nada fez para merecer a desdita.

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Desconheço se acompanhou o povo português, quando no extravasar eufórico da Liberdade conquistada, plantava cravos nos canos das espingardas dos militares de Abril superiormente evocados na figura de Salgueiro Maia.

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De facto a Revolução, que deu origem a que V. Ex.ª nos tempos modernos pudesse, ao correr da pena tecer tão delicado lamento em relação à minha tomada de decisão, tão democrática quanto a sua carta, deparou-se-me noutras latitudes, vestindo a mesma farda que os militares de Abril, ostentando os mesmos tanques, as mesmas MG40, diferenciando do perigo que se assomou no horizonte aos militares na metrópole, o facto inesquecível e espero irrepetível, de ter outras G3, também do mesmo exercito, também em solo que me ensinaram ser pátria lusa, mas em que dos canos dessas armas nunca saíram flores.

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Saiba ou recorde-se, que a conquista da Liberdade se fez também por parte daqueles que, em silêncio pelo respeito que impunha a Lei de um país que era o seu, defendiam os interesses de quem mandava, mesmo que mal, e nesse mesmo entalo, também pude ser parte activa, reclamando-me hoje o direito de utilizar os mesmos instrumentos que outrora utilizaram para exigir de mim, o cumprimentos das determinações de outros, mesmo sem que para tal me pedissem opinião.

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No respeito que me merece, quero oferecer-lhe uma rosa, porque os cravos tenho-os cravados no peito, representando o olhar de sofrimento visto no rosto de cada criança e de cada adulto, que ao tomarem outros continentes como sua casa, não lhes perguntaram sequer, que madrugada de 26 de Abril queriam

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Nego-me ser um produto inacabado da mediocridade de quem não soube ou não quis defender os seus filhos e os seus enteados, mas em que se rasgou o peito colocando-me em confronto com o dever de uma civilização oficial, e a opção da defesa de uma cultura interior; sou, e talvez sejamos todos os que nesta terra ainda clamam por justiça, um homem exigindo que os direitos que ajudei a conquistar para outros homens, também este país mos consagre

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Mas sou acima de tudo, e não obstante a herança congénita de que sofrem os arautos do “moedotarismo”, sou um fervoroso e incondicional defensor da Verdade e da Liberdade, cabendo nestes dois últimos bastiões da dignidade duma espécie que se degrada pelo prazer da corrupção, toda a essência da conduta democrática que uma guerra, que não sendo minha a joguei, dando-me como ensinamento outro dos grandes atributos que se vai perdendo; o Respeito.

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....._....,por isso

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Congratulo-o pela demonstração de boa vontade patente na assunção do cargo que V. Exa. ocupa, bem como o de Presidente da Assembleia Geral, destinatário do pedido por mim efectuado e usual protocolar interlocutor em questões de tal matéria, em direito do investido pelos princípios democráticos pelos quais, julgo, a Federação ainda se deve reger.

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Assinalo com especial satisfação que a pluralidade dos cargos com que se investiu denota a disponibilidade para abraçar um projecto que, aparentemente, sofreu de parcos recursos humanos, a julgar pela não-existência da nomeação de um Presidente para a Assembleia Geral, conforme se observou na Lista de Órgãos Sociais eleita em 2005.

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Curiosamente, de lamento em lamento, também o faço em relação à observação levada a cabo por V. Exa. referindo-se a um direito que democraticamente me assiste - o de recorrer à Justiça e/ou aos órgãos da comunicação social - para encetar um processo pleno de legalidade, muito em contraposição com tomadas de posse apressadas, com mandatos cuja duração é retalhada em tons de conveniência ou até processos eleitorais sem a presença de delegados junto da urna de voto.

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Por lamento, expresso-lhe, após quase quatro anos de exercício de um cargo que não era o seu, V. Ex.ª não ter sido “o eleito”, nem que fosse para um mandato de apenas um ano, conforme deixou ventilar pelos corredores das reuniões, o candidato ganhador.

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Coincidentemente ambos assinalamos pontos, ambos lamentamos posições.

Na pessoa de Candidato que fui, assiste-me a legitimidade para o fazer. Na qualidade de Presidente da Assembleia-geral aceito que a legitimidade assista de igual modo. Mas apenas e só nessas duas pessoas.

Atentamente,

Adolfo Oliveira




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