O dia 24
Exmo. Sr. Rui de Carvalho
Vice-Presidente da Assembleia-geral
Federação Portuguesa de Ténis
Em véspera do 25 d’Abri não quero deixar de lhe dar os parabéns pela sua reeleição para Vice-presidente da Mesa da Assembleia-geral da FPT e referir-me ao que delicadamente como é seu apanágio, me mimou, numa carta sem referir sigilo, em que entendi ter o “povo” do ténis direito a saber.
Assinatura retirada | Por isso em resposta a uma das duas cartas remetidas por si, dando-me conta que mandara os serviços proceder ao envio da documentação requerida em tempo oportuno, ambas em nome da Federação, mas em que uma delas não acompanhou o envio dos respectivos documentos, começo por agradecer a maçada do envio do que tenho direito de saber, não obstante o tempo decorrido, assinalar o facto de a missiva enviada ao Presidente da Assembleia-geral ter obtido resposta, não do próprio, mas sim de sua Exa., o Vice-Presidente. |
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Mesmo antes da resposta que lhe é devida, permita-me que referencie o período que decorre, pela trigésima quinta vez, a comemoração do 25 de Abril de 74, data em que se assinala entre outras coisas, a concretização do sonho de termos um país saído da sombra, onde os mais recônditos direitos democráticos eram palavra morta no dicionário de um povo que nada fez para merecer a desdita.
Desconheço se acompanhou o povo português, quando no extravasar eufórico da Liberdade conquistada, plantava cravos nos canos das espingardas dos militares de Abril superiormente evocados na figura de Salgueiro Maia.
De facto a Revolução, que deu origem a que V. Ex.ª nos tempos modernos pudesse, ao correr da pena tecer tão delicado lamento em relação à minha tomada de decisão, tão democrática quanto a sua carta, deparou-se-me noutras latitudes, vestindo a mesma farda que os militares de Abril, ostentando os mesmos tanques, as mesmas MG40, diferenciando do perigo que se assomou no horizonte aos militares na metrópole, o facto inesquecível e espero irrepetível, de ter outras G3, também do mesmo exercito, também em solo que me ensinaram ser pátria lusa, mas em que dos canos dessas armas nunca saíram flores.
Saiba ou recorde-se, que a conquista da Liberdade se fez também por parte daqueles que, em silêncio pelo respeito que impunha a Lei de um país que era o seu, defendiam os interesses de quem mandava, mesmo que mal, e nesse mesmo entalo, também pude ser parte activa, reclamando-me hoje o direito de utilizar os mesmos instrumentos que outrora utilizaram para exigir de mim, o cumprimentos das determinações de outros, mesmo sem que para tal me pedissem opinião.
No respeito que me merece, quero oferecer-lhe uma rosa, porque os cravos tenho-os cravados no peito, representando o olhar de sofrimento visto no rosto de cada criança e de cada adulto, que ao tomarem outros continentes como sua casa, não lhes perguntaram sequer, que madrugada de 26 de Abril queriam
Nego-me ser um produto inacabado da mediocridade de quem não soube ou não quis defender os seus filhos e os seus enteados, mas em que se rasgou o peito colocando-me em confronto com o dever de uma civilização oficial, e a opção da defesa de uma cultura interior; sou, e talvez sejamos todos os que nesta terra ainda clamam por justiça, um homem exigindo que os direitos que ajudei a conquistar para outros homens, também este país mos consagre
Mas sou acima de tudo, e não obstante a herança congénita de que sofrem os arautos do “moedotarismo”, sou um fervoroso e incondicional defensor da Verdade e da Liberdade, cabendo nestes dois últimos bastiões da dignidade duma espécie que se degrada pelo prazer da corrupção, toda a essência da conduta democrática que uma guerra, que não sendo minha a joguei, dando-me como ensinamento outro dos grandes atributos que se vai perdendo; o Respeito.
....._....,por isso
Congratulo-o pela demonstração de boa vontade patente na assunção do cargo que V. Exa. ocupa, bem como o de Presidente da Assembleia Geral, destinatário do pedido por mim efectuado e usual protocolar interlocutor em questões de tal matéria, em direito do investido pelos princípios democráticos pelos quais, julgo, a Federação ainda se deve reger.
Assinalo com especial satisfação que a pluralidade dos cargos com que se investiu denota a disponibilidade para abraçar um projecto que, aparentemente, sofreu de parcos recursos humanos, a julgar pela não-existência da nomeação de um Presidente para a Assembleia Geral, conforme se observou na Lista de Órgãos Sociais eleita em 2005.
Curiosamente, de lamento em lamento, também o faço em relação à observação levada a cabo por V. Exa. referindo-se a um direito que democraticamente me assiste - o de recorrer à Justiça e/ou aos órgãos da comunicação social - para encetar um processo pleno de legalidade, muito em contraposição com tomadas de posse apressadas, com mandatos cuja duração é retalhada em tons de conveniência ou até processos eleitorais sem a presença de delegados junto da urna de voto.
Por lamento, expresso-lhe, após quase quatro anos de exercício de um cargo que não era o seu, V. Ex.ª não ter sido “o eleito”, nem que fosse para um mandato de apenas um ano, conforme deixou ventilar pelos corredores das reuniões, o candidato ganhador.
Coincidentemente ambos assinalamos pontos, ambos lamentamos posições.
Na pessoa de Candidato que fui, assiste-me a legitimidade para o fazer. Na qualidade de Presidente da Assembleia-geral aceito que a legitimidade assista de igual modo. Mas apenas e só nessas duas pessoas.
Atentamente,
Adolfo Oliveira
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