domingo, junho 15, 2008

Malade

Um pequeno episódio, deve ter passado mais de 1 década, e que pode servir de exemplo a muitos pais de agora
Observava um jogo de pares femininos, não me recordando do nome das jogadoras, clubes ou associações, nem quem eram os treinadores ou capitães das equipas, se era o par num nacional de equipas ou um jogo de pares num nacional individual
Mas gravei na memória a cena que se passou no campo central do estádio nacional
A determinada altura em que o jogo não corria lá muito a feição para um dos pares o treinador/capitão dá ordem para uma das jogadoras ficar “quietinha” para a outra jogar (praticamente) sozinha, ou seja a menina só servia e respondia
O Pai desta, que tinha sido violentada na sua dignidade, e que disso apresentava sinais faciais, levantou-se, parou o jogo e retirou a filha do campo.
E se ali acabou aquele encontro também ali aquele pai demonstrou que o era na verdade
Jamais a esqueci…assim muitos pais tivessem actuado neste país, e o ténis seria bem diferente hoje.

Je suis malade…por presenciar lágrimas num joguinho de crianças com menos de 10 anos, asfixiadas em benefício de adultos interesses pecuniários, estatutos ou vaidade de afirmação


No artigo anterior abordei de forma meramente lúdica o que considero erróneo nos projectos, que não obstante terem sido equacionados de forma positiva, acabaram por se tornar nefastos quando colocados em prática por pessoas que não tendo as devidas competências, transformam as ferramentas do desenvolvimento em armas de destruição da Eficiência Mental

Não me restam dúvidas que uma prova Sub 10 anos de carácter oficial é negativo sob vários pontos de vista, incluso o de esgotamento de oportunidades, extensivo ao agastamento financeiro e temporal dos jovens casais, com reflexo no futuro, para além dos traumas arrastados pelos fracassos incontornáveis dos infanto-praticantes.

Desconhece quem levam avante certa teimosia, que tristeza/aborrecimento/birra/choro são imperceptíveis Traumas que podem levar à constituição de um Complexo de difícil transposição; mas se dói ver crianças a chorar também dói vê-las marchar, tipo hostes militares saindo de um campo de ténis como se saíssem dum campo de concentração.

Mas quando enfocamos a Eficiência Mental esta aparece-nos como uma habilidade para utilização de emoções e pensamentos para se conseguir desenvolver o que se faz, focando-se aspectos positivos da vida quotidiana, e no caso particular, do ténis
Esta eficiência não é apenas uma palavra, um conceito; é o conjunto de caracterizações definidas, donde no caso particular podemos destacar as áreas da Auto estima – confiança – motivação
A elas antecede uma Consciência pessoal que podemos considerar em termos genéricos e simples, como uma habilidade para se conhecer a si próprio como pessoa, tomar consciência do potencial próprio e das limitações
Perante esta consciência e o que se passou relatado no episódio do Monte Aventino, como se sentirá aquela criança, tendo que lidar num futuro recente e durante um tempo demasiadamente longo para o que era desejável, com a sua incapacidade de explicar que os seus sonhos são realizáveis, quando perde com uma menina da mesma idade.

Resulta evidente que o contrário não se coloca, porque o historial desportivo feminino declara quase como uma carta de princípios que um “rapariga” perder” no confronto com o rapaz é uma questão não só lógica mas também uma afirmação da sua superioridade como género feminino

Ao tentar “figurar” a Auto-estima, considerando que a Auto-estima e Auto-motivação estarão dependentes da 1, o que pensa de si mesmo aquela criança, perante o grupo, perante a tristeza do pai, a mágoa da mãe, a incredibilidade do treinador, e mais fundo o género masculino
Como se classifica o próprio? Um “nabo!
Antecede àquelas uma certa consciência pessoal que podemos considerar em termos genéricos e simples, como uma habilidade para se conhecer a si próprio, e tomar consciência do potencial próprio e das limitações sujacentes

Perante tantas interrogações e descrenças, como está a Auto-confiança?
Atingirá os sonhos (sonhados por ele), e as metas que eventualmente colocou para a sua ainda frágil existência são tangíveis? Não me parece que o próprio acredite que foi um percalço na vida de um campeão; oxalá (eu) esteja enganado
E a Auto-motivação para continuar a coleccionar vitórias e derrotas, que constituem a substância da carreira desportiva, mesmo que se peça simplesmente uma prática desportiva salutar?

Terá “aquela” criança habilidade para entender a diferença entre uma meta a curto ou longo prazo depois de ter desabado o mundo? Não me parece a partir daquele momento, que o cérebro consiga sobrepor as vitórias ou factores positivos do dia a dia, à desgraça de ter perdido com uma menina e que o pode levar a pensar; Oh! Mãe “que vergonha …e os meus colegas… perder com “aquela”

Agora é a sua vez, senhora mãe…

Sem comentários:

 
Web Analytics