segunda-feira, junho 30, 2008

Lançados às feras

Lançados às feras são por vezes os que não se podem defender

Blog Ensina-8 anos

Guia Prático para ensino do ténis
Programa Educa-Tennis Escalão 8anos
SPA(programa composto por 75 páginas)
Fls 1 a 6 de 83


Lançados às feras…

Estou neste momento numa clara oposição à ITF e a todas as federações que ao longo destes últimos anos têm dado cobertura a gestões assentes na «venda» da modalidade às grandes marcas e aos interesses desmedidos de certo tipo de personagens que proliferam pelo mundo do desporto. Dirão que estou do contra por estar, mas a verdade é que o que se tem passado no mundo do ténis ilustra bem a mediocridade da gestão institucional e somente o forte interesse comercial tem mantido o ténis na ribalta Senão vejamos:

Quando olhamos para os torneios, verificamos que a 90 % dos jogos dos torneios se disputam em horário laboral. Para o mesmo tipo de nível competitivo existem várias superfícies (imagine-se um circuito de Judo lutar-se em taco, alcatrão ou na terra batida)
Decorrem vários torneios em simultâneo pontuado para a mesma classificação mundial, sem serem fases de apuramento para quadros finais

Passemos para outro campo, o que ilustra bem o desnorte da ITF. O formato dos torneios é uma miscelânea de tentativas sem pés nem cabeça.
Assisti ao primeiro torneio oficial masculino disputado em 5 shorts set, em Vigo para o grupo dos 15000 usd, se a memória não me atraiçoa, e posteriormente em Granada 1º 10.000 WTA neste mesmo sistema, e aí a memória não falha

Passado tantos anos quais as conclusões destas experiências internacionais?
Não devem ter sido positivas nem recebido muitos votos favoráveis porque de facto os torneios de top não aderiram e as experiências foram feitas no nível dos torneios de nível mais baixo É para esquecer? Esqueçamos, apesar de cá por casa até se fazem “à melhor de 3 set short”???

Mais recentemente a ITF altera os pares no 3º set? Quais as razões? As que foram enunciadas não convencem ninguém; provavelmente servem para encurtar o tempo de jogo mas até agora está por se saber se de facto isso acontece.

Para salvar os pares também não creio que seja por aí,
(Estou a imaginar os apuramentos para os Jogos Olímpicos de 100 metros livres serem corridos em 60 metros)
Argumentaram alguns iluminados que dá mais dinâmica e entusiasmo ao jogo de pares. Assim sendo que tal fazer o mesmo aos singulares porque há jogos que são de uma monotonia atroz, poupava-se tempo e bolas e não se pagava tanto em pessoal auxiliar. Estou em crer que foi mais uma medida tomada por uns quantos que têm de justificar os seus cargos, e o que ganham
Depois não contentes, entenderam que os quadros seriam bi-formatados ou seja uma parte no sistema Round Robin e depois no sistema de eliminação directa. Quais os torneios que se jogam assim? 10%? Porque não se adoptou por este sistema em todo o circuito? Porque não no Grand Slam? Os torneios que serviram de palco de experiências contam para o mesmo ranking que os torneios tradicionais? Qual a conclusão desta inovação? Mais uma vez se lançou para o palco internacional uma media que visava NADA

Vão para aí quase 2 décadas que a ITF suspendeu os sub 12 internacionais oficiais, e com razões óbvias face ao que aconteceu num europeu. Voltaram a permitir os under 12 oficial, dizendo que no fundo não é bem oficial e terá de ser mais ou menos lúdico, mas lá se vai sabendo do que já é voz corrente; violentações intelectuais e por vezes físicas às crianças, exploração infantil/trabalho escravo, na obtenção de resultados para satisfação do ego de uns quantos falhados

Quem será responsável ou qual a pena a aplicar aos que estão a promover este tipo e actividade, se viermos a constatar danos posteriores nas crianças
Ao se começar a questionar se academias de futebol não estão a violar o direito das crianças, pergunto: no ténis uma criança sujeita a programas de intensidade imprópria para o estágio formativo/competitiva, atingindo cargas horárias superiores ao tempo destinado o crescimento lúdico como se deve considerar? Uma alegria no trabalho?
Mudam-se os tempos e mudam-se as vontades porque mudam as pessoas e a inexperiência a incompetência e a irresponsabilidade começa a ser lei no desporto, por este deixar de ser uma prática desportiva profissional para ser um negócio «quase fraudulento», em que se envolvem milhões e se entrou já pela burla e pela corrupção humana em favor do fundamentalismo das apostas.


Já acusaram (boato) Davydenko nº 4 ATP (que atingiu a 4ª ronda em Winbledon/2007) de estar envolvido em escândalos de apostas; cautelosamente este ano não se tocou no assunto quando este sai derrotado na 1ª ronda por um triplo 6/4 aplicado por Benjamin Becker que actualmente ocupa o modesto rank 116, cuja melhor classificação foi 38 em 5 March 2007, jogador já com 27 anos… e que perdeu de seguida em 3 sets com Arnaud Clement de 31 anos e 145 «ATP High rank for singles: 10 High rank date for singles: 2 April 200


Perdeu-se o sentido das coisas; está a canalizar-se a modalidade para os recordes; comparam-se épocas, com o se o nº de torneios há 20 anos fosse o mesmo que é hoje, as condições de treino e a qualidade dos materiais se mantivesse inalterado, o início da via profissional acontecesse no mesmo patamar etário
Quando o objectivo primário é saber se o Federer bate ou não o recorde do Sampras, mal vai o ténis
Quando se confina uma modalidade individual à luta de, será que Nadal ganha Wimbledon, mal vai o ténis. Mal do circo se estivéssemos à espera de ver se o leão arrancava os 2 braços ao domador em cena, já que o último ficou mutilado de 1 perna
Lançou a ITF o ITN como ferramenta para permitir que todos competissem a nível mundial: hoje já pouco ao nada se ouve falar desse projecto; quem participa nele, quais os resultados? Quanto se gastou e quantos meninos e meninas abandonaram a modalidade por serem derrotados por um apontador munido de uma base de dados sem lógica
Do Steet-tennis ou ténis de rua, que para mim é o mesmo, o que resta? Onde estão os jogadores que vieram para o ténis depois de passarem uma tarde em perfeita anarquia desqualificada?
O ténis nas escolas, com as tais 80 mil crianças que afinal não são 8 mil e se contabilizarmos nem são 800 a jogar um jogo chamado ténis. Quanto custou essa ideia ao país, quantos miúdos decidiram não praticar ténis depois de o testarem na escola?
Vem agora o Play and stay, mais uma inovação, gasto mais um sonho; quanto vai custar? Quantos vão optar pelo futebol como o Facundo? (sinceramente para Portugal desejo que a empresa a quem a FPT entregou o projecto tenha sucesso)…porque não acredito que lá fora, no resto do mundo o programa vá morrer de velhice
E o Cardio-Tennis? A alegria de ver os treinadores dizerem “Good shot” quando a velhinha manda a bola para o telhado ou o “bambino” acerta com o aro de uma raquete de grafite especialmente construída para aprender depressa…mas bem.
Os campeonatos benjamins com bolas soft e os pais a torcerem-se no relvado abandonando negativamente a cabeça ou a voltarem as costas ao campo quando a menina falha a resposta ao ataque do rapazito, que não sabe que às mulheres não se bate nem com flores…ou a célebre frase; o rapaz não treinou esta semana pois esteve adoentado
Já agora o Triténis mas isso não é um programa; é um jogo como o das apanhadinhas ou a macaca que ainda se pratica nas recônditas florestas africanas pertencentes ao extinto império colonial (sem qualquer conotação política), jogo onde contra todas as expectativas existe o EMPATE

Aguardo por isto tudo...que no ténis tradicional se invente uma regra para permitir empates, antes que um «accionista» de uma empresa qualquer, se lembre de criar um circuito mundial de under 10 anos, onde os perdedores serão lançados às feras para gáudio das multidões, como no tempo do Ben-Hur mas em versão Matrix-XXI

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