sexta-feira, outubro 21, 2011

É mesmo...!


VIDA ODIDA

Vejo passarem-me diariamente tantos à frente
Atropelos, cotoveladas – q’ merda de gente!
Doze horas de suplício, sempre em pé!
Lá se vai misturando gente fina com a ralé

Sente-se nauseabundo cheiro, execrável!
Saída do trabalho para um Metro indispensável
Num vira q’ toca sound music, muito suor!
Podia ser confrontado com uma merda maior

Cito Loio


quinta-feira, outubro 20, 2011


20 de Outubro 
Dia do Poeta
Um pema cantado








quarta-feira, outubro 19, 2011

Dois homens sós...


Há Poemas que não necessitam de interpretação, definem o ser ou não ser, fomos ou não, que mochila carregamos no rincon del alma.
Poemas, destruindo-nos eleva-nos ao mesmo tempo ao templo dum Olimpo que queremos atingir. Dizem, e disse Pessoa, que o Poeta é um fingidor!
Nada mais imbecil esta afirmação quando se reporta ao que a alma leva e não consegue esconder. Fingimento é um defeito, uma atitude pré-estudada, um processo desvirtuado do crescimento enquanto seres humanos verticais - podemos fingir sim, escrever o que não sentimos, vender 2 quadras e 2 tercetos, receber por eles 10 ducados e 3 vinténs, mas jamais receberemos a paga pelas lágrimas que vertemos à beira rio, à beira mar...os peixes não pagam para ler!

 
QUE DE MIM NUNCA TENHAS DÓ

Virei a vida lançando petardos coloquei-a do avesso
Fui entre cabarés gastando o tempo, travesso
Numa adolescência sem contabilizar as carícias
Sempre presente, q’ viriam da humanidade sevícias

Corridos quarenta anos, ribombou por fim a explosão
Falou meu pai, soltou granadas do fundo do coração
Dela, sem dizer nome, disse pela primeira vez
_ És como tua mãe, Deus ma tirou mas igual vos fez!

Rebentaram todos os diques duma emoção contida
Cativei o riso sarcástico, respondi d’alma perdida;
_ Tenho dela a cor e um temível brilho no olhar
esta força q’ te ampara e nunca conseguiste domar!

Dez segundos, na sala estalou um silêncio absoluto
Murmúrio das primeiras notas duma sinfonia de luto;
Longe, olhando o mar para lá do Farol de Leça
Vi dois golfinhos bailando – actores da mesma peça

_ Sim, talvez tivesse sido esse tal Deus que ma levou!
a ti viúvo te fez mas apenas a mim órfão deixou!
igual a ela, a mesma carne mesmo sentir mesmo jeito
as mesmas virtudes, seguramente o mesmo defeito

...este nobre estorvo, o de morrer pelo amor do amor
mirar meninos pobres e sentir por eles tanta dor!
oferecer lágrimas para regar hortas da adversidade;
mataram cedo, permitindo tu, a minha mocidade

...destruíram quadros pintados no meu pensamento
e nunca desta boca escutaste algum lamento!
fiz-me homem no deserto, e morrerei como tu – só!
de igual modo exijo q’ de mim nunca tenhas dó...




Cito Loio

(Poema para dois homens sós)


Sim, foi num rincon da alma, que Lei guardou esta canção, e no meu guardei as asas para um dia voar até ela,,,

Doidos e varridos,,,


 
 
.

terça-feira, outubro 18, 2011

Escândalo...!


Quando o Ministro das Finanças ontem (17/10) anunciou ao País algumas das medidas do OGE para 2012 com vista unicamente a satisfazer as exigências dos Mercados, ao mesmo tempo em que a Alemanha propunha a redução da dívida da Grécia em 50% (sabe-se lá quem tem os tubos entalados com a crise grega), escutou-se na vizinha Espanha este GRITO.........!!!

Ministros...quem os compra!


Senhor Primeiro-ministro, e repare que o estou a tratar por senhor, francamente não gostei de ouvir o seu Ministro das Finanças

Sabe porquê? Faz lembrar aquelas pequenas ondas à beira mar...do seu mar português não do meu mar Lusitano.

Enrola demasiado...e quando o mar enrola na areia...quem se lixa é a Nação



Com maleitas...!




ALÍVIO PRÁS MALEITAS


Se o amor for o mais audível hino dum País
Nunca se morrerá por falta de carinho;
Há amores com ramada caule e raiz
Q’ nunca nos trairão, seja qual for o caminho

Poderemos viajar de norte para sul
Rasgar montes de um caliente rio Duero
Sair na foz dum Tajo, vestidos de azul
Cantando amor mío viene ya, ó me muero!

Mas se nos derem pouco mais q’ dolor
Olvidamos essa palavra mágica, pundonor
Procurando na diáspora alívio prás maleitas

Mais tarde, chegados outra vez malas feitas
Em braços abertos, chegou a salvação
Veremos q’ afinal nada cambiou na nação!


Cito Loio

domingo, outubro 16, 2011

A usted señora...!




VOLTARÃO A SOAR TROMBETAS

Porque será que sinto um sossego profundo
Quase igual ao tido em setenta e três!
Uma paz perto do divino, choro em lamento,
Grito, detonações, matraqueares de sons familiares

Porque me ocorrem imagens q’ não confundo?
Espreitar-me-á a morte, mas desta vez
Diferente no refrão, causa símil no sofrimento
Cúmplice duma voz amada, luta sem fardas militares!

Ganha casa um pressentimento já frio e austero
Voam em meu redor folhas de uma revolução
Baionetas pontiagudas; são o duro aço da traição

Revejo todos os manuais de guerrilha e espero
Que soem trombetas no céu, esgares de dor
E nada me prenderá a esta vida; só ao teu amor!

Porque retumbaram trombetas, e o sorriso de Schi
Impeliu-me a voltar à vida – desde que te vi!


Cito Loio
(Intemporal)

sábado, outubro 15, 2011

Agradeço à minha amiga Inês Ferreira a homenagem feita e tornada pública a Antonio de Assis Junior e Adolfo Castelbranco, homens notáveis da história de Angola, 
In HISTORIA DO MPLA 1º Volume (1940~1966)
PASSADOS DE BOM VALIMENTO

Não desenterres as minhas penas,
Ou histórias q' se escrevem com cenas
Por não caberem em mim fantasmas
Filmes em televisões de largos plasmas

_ São contos que conservo no sofrimento
Revisitados a cores, num momento

Guardo dento da alma o q' não trago ao peito
Insígnias duma cor com o mesmo jeito
Tristezas dum passado de bom valimento
E um apelido, q’ me não serve de vencimento

_ Deixa-me correr ainda menino pelos matos
Esquecer escritos, sobre nobres actos!
Cito Loio

sexta-feira, outubro 14, 2011

ESPONDILOSE...?


NEM FRUSTRADOS NEM BASTARDOS

Difícil calar, difícil não olhar para trás e ver quanta injustiça o povo português tem sofrido. Merecia melhor pelo que fizeram por este mundo.

Mas será que o Governo vê o povo andar a bater com a cabeça nas paredes senhor PM!
 

Despedem-se da pátria onde se repetem
Beijos sentidos, densos abraços
Igual angústia, nas costas o aço duma faca
Mil e um sonhos, quantos desfeitos!

_ Avó velhinha q’ já nada escuta
Não imagina os que partiram à luta
Por mares muito antes navegados
Hoje, quase todos envergonhados

Vão longe onde baixo o sol se derretem
Cavada a mesma terra, outros braços
Encontrarão negros sorrisos, n’ antiga mata
Diferentes perigos, similares trejeitos

_ Mãe ausente, que já não falas
Será chegada a hora de fazer as malas?
Partir, ficando de novo exposto
Mostrando a dor gravada em curtido rosto.

Não levam crucifixos, palavra de Deus
Gravada vozes, telefone de casa
Número da conta, e uma foto de pose;
Passagem paga, de ida e com volta!

Ó minha ama, aí onde descansas
Nunca verás estas tristes andanças
A família que desespera enquanto aguarda
Mediana transferência; não tarda!

Terão no regresso o mesmo ar de plebeus
Do passado fazendo tábua rasa
Na velhice mostras de uma espondilose
E no olhar! Silenciosa revolta.
 
Cito Loio
13/14 de OUTUBRO 2011

quarta-feira, outubro 12, 2011

Até que enfim...!


O senhor Aníbal Cavaco Silva lançou hoje uma indirecta à Alemanha e à França

Até que enfim que coincidimos senhor Presidente da República de Portugal

Pela coragem lembrei-me de oferecer Ave-maria numa das mais belas vozes que ouvi em toda a minha vida
Aproveito para dizer que sempre gostei do perfil desta mulher, Barbra Steisand, e agradeço por nunca ter feito uma operação para alterar o nariz: Obrigado.

terça-feira, outubro 11, 2011

Disseram que foi do calor...

 

É DO CALOR

Não mandes q’ não quero ir à anilha da Isabel
Antes prefiro fazer amor c’um certo doce de mel
Também não me seduz, tão formosa Teresa
Tão pouco Márcia me deixa assim com ela tesa

Duma melancólica assumida dona Fátima
A sensação era de ser de cama uma boa lástima
Para logo da rechonchuda, de seu nome Beatriz
Novinho, queiram lá saber, escapei por um triz

Claro que recordo a formosa e bela lady Diana!
A memória não falha; e da trapezista Romana
Q' se metia comigo e c'a namorada Natália
Mas q’ levou relambório com ameaças da Eulália

De todas a q’ tinha o melhor pacote era a Clara
A seguir ao da frondosa e peituda, dona Lara;
Mesmo perdendo-me nos airbags da caçula Anita
Gostava mais de mergulhar nas coxas da Rita

Tanta donzela q' quis papar, incluindo Marta
Q’ acabei por saber, gargantilha também farta;
Antes q’ acabe por ficar sem a minha única Maria
Mais vale dizer q'isto deve-se ao calor do dia


Cito Loio






segunda-feira, outubro 10, 2011

Jogo do Monopólio

 
Alberto João Jardim ganha e a Madeira mantém o bailinho...!
Os madeirenses estão-se borrifando para o buraco...e 'António das Botas Salazar' tem agora um companheiro 'histórico'!
Quer se queira ou não os madeirenses disseram que preferem o Jardim  mesmo com todos os buracos, até porque no continente o buraco já está dentro do próprio PSD, quando Drª Manuela Ferreira Leite vem apontar erro crasso não renegociar os prazo com a Troik
Independente de não se ter a maioia dos votos dos que votaram, a verdade é que a abstenção apenas quer dizer que não se vota no mesmo mas também não se acredita nos outros
Pena? claro que penas têm as aves , e o que de facto se passa, é que Portugal está num túnel já sem luz ao fundo, resultado dum passado com 4 décadas de sucessivos erros na estratégia política posta em prática.
Qual a solução? Não sou governo, não sou economista, nem tão pouco alguém me encomendou o sermão, mas  espero sinceramente que o PM não se esqueça que governar um País não é jogar ao Monopólio
 

sábado, outubro 08, 2011

Para melhorar o meu mundo...


Bom resto de Sabado com muita safadagem.......jajaja
BEIJOS DE PÓLVORA
.
Mordi-lhe o rabiosque gozando feito safado
Por troco a bimba apertou-ma tomateira;
Gani feito cachorro vadio escorraçado
Escutando as risadas de tão bela matreira
.
Com um sorriso de alvos dentes de drácula
Disse “amô”- o rabinho é só para cagar
Se tentares deixar-me com alguma mácula
No futuro tua pila só vai servir para mijar
.
Rebentámos gargalhadas antes do acto final
Q’ a vontade podia mais que a malvadez
E aquele amor que sentíamos era profundo.
.
Transpirados antes de pegar as armas do mal
Dei-lhe milhões de beijos mostrando robustez
E ela a vida, para melhorar meu mundo.
Cito Loio
18 de Agosto 2010

quinta-feira, outubro 06, 2011

Alfaiataria de S. Bento

A chanceler alemã acha que Itália deve seguir exemlo de Portugal
 
 
GOVERNO não sabe como evitar aumeunto de 30% no preço da electricidade!

Eu que pensava que sabiam tudo sobre tudo...

Afinal só percebem de CORTES nos bolsos dos portugueses
 

quarta-feira, outubro 05, 2011

Cristóvam Buarque


SHOW DE UM EX-MINISTRO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO, NOS ESTADOS UNIDOS...


Esta merece ser lida, afinal não é todo dia que um brasileiro, dá uma "bofetada de luva branca" nos americanos!
Durante debate em uma universidade, nos Estados Unidos, o ex-governador, ex-ministro da Educação e actual senador CRISTÓVAM BUARQUE, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia.
O jovem americano colocou a sua pergunta, dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um brasileiro.

Esta foi a resposta do Sr.Cristóvam Buarque:

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso.

"Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.
"Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia  para o nosso futuro.   Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço."
"Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país.
Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
"Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França.
Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar esse património cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e instruído pelo gosto de um proprietário
ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado".
"Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua historia do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro".
"Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maiores do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
"Defendo a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola.
Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro.
 " Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo.
Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa!

ESTA MATÉRIA NÃO FOI PUBLICADA, POR RAZÕES ÓBVIAS. AJUDE A DIVULGÁ-LA, SE POSSÍVEL FAÇA TRADUÇÃO PARA OUTRAS LÍNGUAS QUE DOMINAR.

terça-feira, outubro 04, 2011

Dia mundial dos animais


A todos os Animais que para serem humanos só lhes falta perdoar aos homens os crimes que têm cometido sobre eles
COMO NÓS, DE PÉ

Peço-te q’ me dês um beijo na testa
Antes de me levares à tal festa
Para me mostrares animais radiantes
Levando à trela certos meliantes

Pelo caminho, segura-me com a tua mão
E conta histórias – a do bicho papão
Da aranha de cruz, do gato maltês;
Vá-lá mãe! É só mais esta vez!

_ Juro pelo sangue de boi, e prometo
Que deixarei a águia-real voar
E a cabra do mato correr a saltar!

Olha, sem figas, nunca mais me meto
Com o primo do chimpanzé;
Sabes, aquele q’ anda como nós, de pé

Cito Loio
4 de Outubro 2011
 

segunda-feira, outubro 03, 2011

Nem me atrevo a comentar...


!


domingo, outubro 02, 2011

MISCIGENAÇÃO

 
Por muito que os governos me escravizem ‘jamais serei ariano’
Tenho no meu ADN o frio das beiras e a hemoglobina da revolução
 O ADN DUMA MISCIGENAÇÃO
(nasceu revolucionário)

Rastreei o sangue numa hemodiálise virtual
Mostrou ao microscópio inserido, ADN colossal!
...
Nos globos brancos o lado frio dum Beirão
D’África, hemoglobina’o composto da revolução

A cada molécula de um oxigénio semi-frio
Juntei pingos de maré quente q’ tanto aprecio!
Chocalhado o composto na barra do Cuanza
Espalhei o resulto sólido pela cidade de Luanda

Saltou o quintal correu pelas avenidas em calções
Despedaçou nos lençóis de areia, corações
Ao rir em carnavais matizado de negro e branco
Oferendando o rosto e a sua alma de santo

Com os lábios desenhava o seu mapa de justiça
Ar de menino breves bocejos de preguiça
Ao usar, nas guerras, a boina como capacete
Faltando-lhe ‘escudo contra ‘maternal raspanete

Nos livros, livrai-me deles ámen, tanto se mentia
Hilariante os factos históricos onde se não lia
Mil feitos contra o terrorismo, só além fronteira
Que desconfiado, decifrava à sua maneira

Cresceu imutável, mantendo ‘doce encanto
Até ao dia q’ na cálida brisa descobriu o pranto;
Soltou amarras libertando o pensamento,
Abandonou ‘meninice a partir desse momento


Cito Loio
(Poema dedicado a Adolfo Inácio)

Bom Domingo

sábado, outubro 01, 2011

DISCURSO DO URSO


DISCURSO DO URSO

Bateu-lhe o sol no rosto já madrugava
Anunciando uma paz, quase divina
Governar para todos era sua pesada sina;
Olhou dormida esposa q’ muito amava

Pé ante pé, deslizou sorrateiramente
Sem acordar Peludo, seu fiel companheiro
Cão de raça, um fino Castro Laboreiro
Igual ao dono; não era de arreganhar’ dente

Apreciou-se ao espelho, último modelo
Duas quatro seis rapadelas na cara
Que a sua rala barba, era rara
E suspirou; vale q’ainda há muito cabelo!

Preparou nutritivo pequeno-almoço matinal
Coisa pouco vista num governante
Q’ao contrário doutros comprava o andante
Passeando de metro c’os netos no Natal

Sibilou desafinado, Povo Que Lavas no Rio
Enfrentou a secretária cheia de papéis
Uma caixa de prata onde guardava os anéis
Exclamou; vou ter de gramar o frio

À sua volta negro silêncio absoluto;
Estava em véspera dum novo ano novo
Queria preparar’ discurso pró povo
Onde pedira a todos que despissem o luto

Cabia-lhe a terrível missão de motivar
Todos os pobres, especialmente os ricaços
Q’ mais valia dividir a enfrentar os embaraços
De uma convulsão civil pronta a estalar

_ Caros cidadãos, gente desta nação
Vivemos momentos de grande dificuldade;
Digo-vos, e falando como presidente
Lutarei em defesa dos que mais sofrem
Que por eles especialmente me candidatei!
No ano q’ inicia combaterei a corrupção;
Pugnando que se fale a verdade
Utilizando linguagem q’qualquer um entende
Concorrendo pró sentir de q’ todos podem
Ter esperança; somos um país com lei
Dois mil e dezoito, correu veloz o tempo
Ninguém chegou a escutar semelhante discurso
Seguindo a vida inexorável o curso
Contra mares tempestades, por vezes só vento

Rezará a história q’ o homem era um visionário
Aprisionado pelos vícios do sistema;
Coitado morreu velho ‘povo não sentiu pena
Mas murmurava: Não passava dum vigário!

Cito Loio
28 a 30 de Setembro 2011


 

 
Web Analytics