quarta-feira, outubro 26, 2016

Desfolhada




Quase a embarcar, olhando para trás, lembrei-me da última garraiada em que participei e ganhei 500$00 ao tirar a "notinha" dos cornos dum touro.
Felizmente o amável quadrúpede não me prostrou ensanguentado pelo chão duro da arena, e sobrevivi mas com pena (minha) não ter tirado outra coisa a muito coirão que andou a desfolhar as minhas patrícias e depois foi dar marradas para outras praças, mas como tristezas não pagam dívidas, Ó "ganda" Simone, nem imagina o que vi nesta terra do Minho a Angra depois de excluir do mapa Timor.






ÚLTIMA FAENA



Por caminhos tão iguais aos de Santiago
liberto de crucifixos já arejado o peito
vi errante um homem jovem, rotas vestes,
sulcando c’um varapau a terra bravia
apreciar outros puxando firme arado
substituindo bem merecida junta de bois.

Ilustrada tal imagem e que não apago,
printei para memória sadia e a meu jeito
intemporal quadro c’ paisagens agrestes,
lembrança que nunca se perderia,
exclamando ‘romeiro ao ver-m’extasiado:
– Há muito mais como estes dois!

Soltas amarras de décadas decorridas
soube ao vivo shows em praças de touros
onde raras vezes o bicho sai vitorioso
oferecendo cornadas, colhendo ‘toureiro
(abandonada a arena ainda sangrando)
demais ovacionado pela velha tradição.

Na terra, perdida chance à cura de feridas,
despojada ‘glória sem coroa de louros
pergunta o “peregrino“ a um Deus glorioso:
- Porque me tirais ‘vida a golpe rasteiro.
- Do céu a mudez, sem rezas ou pranto,
sucumbia n’arena de peleja qual Sebastião.

Por caminhos desta vez de Fátima a Leiria
arrasta-se vagarosa mulher ainda crente;
_ podia mais a fé que o luto de morte!!!

Sabedora q’espectáculos reais jamais veria
ostentava no pescoço doirado pendente
com foto de quem se julgara com a sorte.


Cito Loio
(Poemas sem data nem valor)

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