quarta-feira, setembro 24, 2014

NEM HINO NEM BANDEIRA






(Poema a Schi e a todos os que lutaram por um país novo sem poderem cantar o hino e içar a bandeira na própria terra)




SEM BANDEIRA AO MASTRO


Nas vibrações da ventania, quando calha,
escuto ténues gemidos em plena batalha
um olhar molhado de rosto suplicante,
findo o sonho num aceno de amante.
- Ruído o muro na fronteira sem ser país
perdi da terra, perdida ela, nome e raiz.
- À deriva sem carta de timoneiro, em luta
cantei enlutados pregões q’ ninguém escuta
evocando de Jesus Cristo a ressurreição,
sabido que da tumba rasa revolto o chão
não s’ergueria apaziguando meu sofrimento
quem por mim dera a ‘vida em juramento

Ó lamentos meus com registo imaginário
esfumem-se na poeira do tempo q’ temerário
rodei secreto por campos de angústia
aceitando por novo ter-me faltado astúcia
numa guerra que só por suposta era minha
ao desconhecer as traições que continha.
- Sob o céu estrelado ainda vejo fenecer o astro
sem acordes hoje d'hino ou bandeira ao mastro




Cito Loio
(1973, recuperado em Setembro 2014)


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