sexta-feira, setembro 11, 2009

"FOI DE GRITOS"


Corredores do Poder


Ontem recordei-me do meu pai e no que me dizia, quando eu tentava dar uma de saber mais da vida que o meu avô.

«Antes de falares menino, pensa 3 vezes e depois cala-te que é a única maneira de não dizeres asneiras»

Vivemos em confronto ide personalidade mais de 30 anos, mas mesmo assim tem-me feito falta.

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Que Deus me livre dos senhores virem a governar Portugal; não por mim que com a idade que tenho, o mais certo é bater a bota antes que me façam o enterro antecipado. Temo pelos meus filhos e pelos meus netos, o já nascido e os que venham a nascer.

Quando o senhor Nuno Mello do CDS, faz a afirmação pública perante milhões de espectadores, considerando que uma determinada manifestação/reunião/encontro/forró de um partido político é a FESTA DOS CHARROS, quero dizer também publicamente (e pelo mesmo direito de expressaão) que nada tenho contra quem fuma, porque já fumei.

Pensava que deixara definitivamente em 1973 de dar umas passas, quando o exército português me convocou para a Equipa de Militares que disputavam o Campeonato de Tiroteio na guerra ultramarina, aliás competição interessante que na altura não tinha cobertura televisiva.

Claro que podem acusar-me de não ter dado o salto para os bares e cafés concertos da Europa mas no meu caso, atravessar o Atlântico a nado era perigoso; havia tubarões daqueles que têm barbatanas e e dentes afiados.

Fumar não fez de mim menos homem, antes pelo contrário, permitiu-me saber qual a diferença entre os “manos”, e aqueles que estudavam em bons colégios construídos à custa da exploração das províncias ultramarinas, as que Vª chamavam depreciativamente Colónias, termo ofensivo para mim, filho de um homem que foi para África com 8 anos, lá se fez Homem, casou com uma nativa e acabou por morrer em Portugal sem que esse estado português que não fuma charro, lhe concedesse a reforma por invalidez, por ser de facto inválido e ter estado internado e acamado no Magalhães de Lemos; presumo que sendo do Porto deve saber onde se situa, esperando contudo que nunca o tenha de usar sob que pretexto for.

Mas onde estava V. Exª em 1994 quando ele morreu? Que idade tinha? Estaria a drunfar-se na casa de banho de algum colégio privado (desses que foram construídos com o resultado e apuro da exploração do solo africano pela Diamang ou da exploração do petróleo de Cabinda!). Olhando para si fica-me a sensação que nunca provou um bom charro.

Onde estavam os defensores da democracia em 1976 quando na agonia da debandada de milhares de portugueses, tivemos (e eu que até nasci em Angola) muitas vezes de trabalhar sob o efeito de uns inocentes charritos, feitos da folha de uma planta que nascia a céu aberto, num planeta propriedade de Deus.

Sabe o que é passar um ano num aeroporto e ver as famílias suplicarem que embarcássemos os seus haveres? Sabe o que é abrir um caixote e ver rolos de papel higiénico, fraldas e penicos, vassouras de piaçá e tachos de alumínio barato, enfim coisas pessoais dos outros?

Ou o que é ouvir as balas caírem no telhado de zinco de um terminal de carga do aeroporto Luanda?

Ou ver um 747 bater 3 vezes na pista antes de levantar por excesso de carga com 400 pessoas a bordo?

Como julga que se aguenta uma semana sem ir à cama, carregar cinco voos por dia, deixar os carregadores no meio do muceque e regressar sozinho às quatro e cinco da manhã numa carrinha branca com uma palanca pintada vestido também com uma camisa branca sem dobrões para evitar sem confundido e levar um tiro!

Hoje posso dizer que o sabor da liamba nos tempos de juventude era diametralmente oposto ao sabor dela num tempo de descolonização.

E por isso posso hoje reconhecer as diferenças entre quem fuma porque tem guita para comprar do melhor, ou tem acesso a drogas farmacêuticas para aparentar uma calma paradisíaca perante as “pantalhas de TV”, e aqueles que surfam nas malambas do desespero, porque a vida para eles se apresenta com um horizonte bem mais negro que uma radiografia pulmonar depois de anos a “engongar”.

Não me ofendi 8nem tinha porque tal) pelo que disse o senhor Mello (Melo) não sei de facto se é com um ou dois LL “tipo Lucky Looser do Ténis”. O que deveras me chateou foi desculpar-se pelo que dissera, não tanto na tentativai, mas pela infantil expressão de menino traquina que colocou no pedido de desculpas.

Devia ter mantido a afirmação, e garanto que subiria na minha consideração, porque para mim os Homens valem não pelo que dizem mas pela sustentação das suas afirmações.

Quando pediu desculpa e que retirava a afirmação, melhor fora que se retirasse da sessão, pelo menos durante 10 minutos, tipo intervalo comercial.

Espero com o máximo de sinceridade, até porque o considero uma pessoa simpática, que na próxima pondere no conselho do meu falecido pai.


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