sábado, março 28, 2009

Perdoem-me o descaramento

Carta Aberta ao Ténis Português
O presente documento é de cariz estritamente pessoal
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Não fiz o que me sugeriu o Vereador do Desporto da CMPorto, ou seja, encarar a hipótese de criar uma Federação de Triténis; provavelmente teria sido melhor, se aceitasse a sugestão, mas ao não o fazer, legitimei-me para, poder dizer ao Vice Presidente da FPT que me recebeu quando ofereci o Triténis à instituição, que não era um jogo para Playstation; era e é um jogo que levou 19 anos a ser concebido, representa parte de uma vida, e o seu criador merecia mais respeito
Mas respeito é coisa que a actual direcção da FPT demonstrou não ter pelo desporto
Tenho um filho em engenharia de computação e não faria 350 km para apresentar joguinhos de computador; na verdade a brincar é o que a direcção em exercício andou a fazer desde 2005 com o Ténis e com os nossos filhos
2

Sempre coloquei na minha vida todo o empenho, e fi-lo muitas vezes sacrificando a minha família em prol dos outros, e poderia neste momento estar arrependido; não estou, porque tenho o apoio do Ricardo e do Pedro, que foram os primeiros a oferecer-me a sua declaração de aceitação para integrar a lista do pai
Faltou-me a declaração da terceira pessoa mais importante da minha vida, mas como sempre a norteei pelo afecto carinho, preferi sofrer sem ela e sem a sua a presença, mas poder, à distância, ver a felicidade estampada no rosto; temo que o meu sacrifício esteja a ser em vão
Hoje posso e quero dizer que Fénix é o seu nome, também às vezes conhecida neste espaço por Choquinha
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No momento em que escrevo este texto ainda não sei o desfecho das eleições; estou tranquilo, porque sei que parte do País votará em Adolfo, outra parte votará na Lista, e alguns votarão sem a consciência do que deitarão fora se acaso perdermos; votarão sem consciência no que respeita o interesse nacional, mas em consciência no que dita o interesse particular, nem que isso contribua para a pobreza da modalidade
De qualquer forma votarão sempre em pleno uso das suas faculdades mentais, e não poderão alegar insanidade mental
Deixo ao País a possibilidade de utilizar o Manifesto Fénix porque ele foi construído para Portugal, com a mesma força e ideologia com que redigi o Regulamento Geral de Provas, pedindo apenas que não façam deste Projecto Nacional uma manta de retalhos, desvirtuando-o, ou encavalitando projectos avulso e sem enquadramento político
Quero referir que sinto um "aperto" dentro do peito, quando penso que este País pode desperdiçar mais um dos grandes projectos que foram concebidos sem interesse de status social
Espero que a família do ténis comece a pensar em os aproveitar, em vez de os rechaçar por incapacidade de interpretação ou por inveja
O site do programa é do Ténis, assim o Ténis o queira
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Em 2004 enterraram-me vivo, divulgando pelo país que Adolfo, na altura com 50 anos, levara com um processo disciplinar; não é coisa de monta, mas conhecendo como conheço o ténis, foi o mesmo que dizer que era uma bandido um marginal, e tudo o que de pejorativo as mentes insanas podem pensar
Disse-o e escrevi que passei mal, intelectualmente e fisicamente; não tenho vergonha de dizer que às vezes passei fome, pedi dinheiro emprestado, fiquei a dever a quem não me quis cobrar, ou a quem me virou as costas
Disse que tive muitos vezes menos de 1 euro/dia, mas nunca estive tentado a roubar, porque essa é uma das condições que mais condeno no homem, sabendo que por vezes é a última das alternativas, antes da degradação humana; Lembrei-me muitas vezes de William Somerset Maugham que declarou o valor literário de tudo o que viu como estudante de medicina: "Vi homens morrerem. Vi-os sofrer de dor. Aprendi o que era esperança, o medo e a ajuda...".
Veio-me também à memória " Servidão Humana", repassando por entre um turvo lacrimejar a "nossa" biblioteca e a nossa discoteca de clássicos; hoje ao meu Pai ,que Deus tem, peço desculpa por não ser Médico
Não guardo rancor aquem me quis mal, porque também não o guardei em relação àqueles que em 1975, só pela diferença de tonalidade na cor de uma pele que não pedi, disseram-me entre insultos e escárnio, "vai para a tua terra seu branco…" Mesmo a esses, que têm no seu solo enterrado a minha mãe, a minha outra mãe e a minha "ama" não lhes guardo sentimentos negativos
Hoje reconheço com o decorrer dos anos que os homens são a pior espécie de seres vivos à superfície do planeta; são os únicos capazes de matar por matar
Tenho como sempre afirmei, porque sempre tive, um olhar sereno, mau grado muitas vezes chispassem labaredas no meu semblante; mas sempre tive na alma essa serenidade.
5
Enganaram-se os que pensaram que a minha Candidatura se basearia no ataque ao outro candidato; enganaram-se porque nunca o considerei opositor, até pela simples razão que nem o Programa conheço, como também nunca o "observara" no ténis, e estou no Porto desde 83
Disse a muita gente que fui forçado a ter posturas que não eram da minha natureza, para DEFESA dos meus Dirigentes Associativos, preservando a sua imagem e o seu bom nome; a recompensa todos sabem qual foi, mas são águas passadas, porque a história, por muito que a queiramos adulterar, é como o azeite
Fui para estas Eleições com uma única finalidade; Servir, mas servir um país que sendo meu também me acolheu num momento da minha vida em que me senti apátrida
Respeito Portugal tanto ou mais que muitos daqueles que nasceram em solo Ibérico; não escondo que sempre tive um olhar fraternal para com os Espanhóis, mas sempre mantive bem presente o nome de família e a ascendência.
Dei muito a Portugal, e recebi também muito; guardo num "canto" do coração Nomes Rostos e Gostos; tenho um paladar a Cozido à Portuguesa e a Vinho Verde, gosto de laranjas do Algarve, e de mulheres quando cantam
Gosto de ver correr as crianças do meu país, nos parques ou nos campos de ténis; o que mais gosto, é escutar as suas gargalhadas, que já pouco se fazem ouvir
Estou a ficar piegas, quem sabe se velho, mas provavelmente é pela necessidade de voltar a ver sorrir as nossas crianças que me Candidatei
Perdoem-me por ter tido esse descaramento

Adolfo

 
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