sexta-feira, março 13, 2009

O Guerreiro

I

Queria (era ele que queria) o meu pai que fosse médico; nesse tempo não compreendi muito bem o porquê desse profundo desejo; hoje, volvido que são “tanti anni” tenho a amarga certeza de saber quais as suas motivações

A sua mulher, aquela que me gerara, morrera com um tétano provocado pelo parto, sete dias depois de ter nascido, mais hora menos hora que para o efeito pouco importa, na mais luxuosa casa de saúde particular da cidade de Luanda

Mais valia ter nascido num hospital público, onde os micróbios, as bactérias e os vírus se passeiam pelos corredores, com o mais angelical sorriso deste planeta

Não fui médico por teimosia, por falta de empenho, por sentir também que seria um “péssimo doutor”.

Sei, de tenra idade, que a minha vocação apontava muito mais para tratar dos “saudáveis” do que militar junto daqueles que têm obrigação de curar os enfermos

II

Fui muitas coisas na vida, mas acima de tudo tenho sido um “guerreiro”, e não um guerrilheiro, como simpaticamente me chamaram um dia, sem terem a certeza que os termos ferem muito mais que as pancadas

Sou um guerreiro porque luto contra a incapacidade que os homens por vezes demonstram ter, em «querer evoluir», porque a evolução dá trabalho, exige competência e abnegação

Não tenho “milhões” de patrocínio para oferecer, não tenho projectos “franceses” como contraponto da continuidade, não possuo “doutoramentos” em sangue azul

Corre-me nas veias um sangue, vermelho bem vivo, tenho apenas um projecto que é bem português, e fiz o “Doutoramento” nos «bancos dos Autocarros, Comboios e Metro» deste e doutros países

Não sou um homem do Ténis; sou um homem do Desporto, na procura incessante de melhor servir, e sou também um homem de um só Rosto e de um só Gosto; “tengo una mirada serena”, o que digo “digo”, o que escrevo “escrevo”, porque o faço de alma aberta e sem correcções ou aditamentos

III

Foi longa a caminhada desde Setembro de 2004; foi longo o meu penar, como longas foram as noites de angústia e de tristeza; longa e tortuosa a estrada do ostracismo a que me votaram, muitos daqueles que ajudei a “crescer da modalidade”, aas aprendi, que só temos uma vida, e quando a oportunidade nos bate à porta não devemos ficar preguiçosamente sentados no sofá da vaidade

Disse em 2008, vai fazer um ano, que me candidataria a Presidente da Federação Portuguesa de Ténis, e possivelmente só um homem neste país acreditou que o faria

Preparei-me durante os últimos 4 anos para ser presidente da federação de ténis, porque entendo, que apesar de ter dado muito, e quase plagiando M Gautier “tanto que eu não te dei” agora to ofereço

Sou um Candidato porque o quis ser, porque tenho convicções, e porque houve gente neste país que acreditou em mim e no meu projecto; sou-o porque o melhor remédio para a tristeza é a esperança, e eu represento essa esperança, porque a minha vida reproduz as linhas de um campo, o pó de tijolo, o cimento, e os pêlos de uma bola roçando a rede

Não negoceio votos, nem “admito” que me subscrevam condicionado; não mendigo votos nem dedilho o dourado som das notas de “um euro”, porque não esqueço o refrão das baladas, que podem trazer dissabores

IV

Os homens valem o que vale a sua obra, e eu, o Adolfo, aquele que os “putos” continuam a cumprimentar “com aquele aperto de mão que roda e fica com o polegar para cima”, fiz obra no Norte e no do País e é essa a minha moeda de troca

Podem culpar-me de muitas coisas, mas ninguém, olhos nos olhos, terá a coragem de dizer que não sou um guerreiro

Entendi que o meu tempo de técnico de uma associação ou director de um clube tinha passado, porque concluí que o País necessitava da minha competência, força de trabalho e da capacidade de renascer das cinzas

Muitos dizem nos bastidores que o Adolfo está avançado para o tempo, pena é que a sua forma de estar, não ser a melhor: Terão razão, mas Mozart também não era «flor que se cheirasse», e hoje, ao escutar a sua música, apodera-se de mim uma paz quase paradisíaca

E Camões que nadou sem um olho e com uma só mão, para salvar os Lusíadas?

Batia bem do «capacete?»

Tenho consciência que gerei mais antipatia que simpatia, mas a vida nem sempre nos coloca na língua o doce mamar do cinismo

V

Sou como sou, com muitas virtudes, possivelmente muito mais defeitos, mas sou um homem que deu a sua vida pelo Desporto, em especial pelo Ténis, dando-a também pela decência dos princípios, considerando que nem sempre, ou quase nunca, os maus meios justificam os fins

E é por saber que há presidentes que nutrem por mim enorme respeito enquanto Homem de Perfil, que não me passou pela cabeça que as associações não votasse naquele que um dia, numa A Geral, ao afirmar, “mas eu nem sou de aqui” um dirigente do LTC Foz retorquiu: Você já é do norte

Hoje queria dizer a esse dirigente, e dir-lho-ei quando o encontrar por aí, que eu sou do Norte, do Centro, do Sul e Ilhas; sou de Luanda/Angola, sou Português, sou do Mundo, mas acima de tudo, sou de uma Raça que recusa extinguir-se

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