quinta-feira, setembro 01, 2016

QUERUBIM

 Um dia sonhei fazer poemas para Zeca
sonho que nunca realizarei...

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DISFARÇADO DE QUERUBIM


Faço riscos, traços simples que s'anexam
mansamente ao lado de palavras soltas
construindo histórias que não regressam,
(parte do currículo duma vida 'conta-gotas
extensão do que tarda, mas que revejo)
imagens amortalhadas que não comando
imitindo segredos que decidido ora protejo
cobrindo-os com capas de seco pranto.

Porém 'morna brisa que sopra já anuncia
ser cada vez mais curta o distanciamento
entre o findo e o próximo renovado dia
igual ao que me acolherá chegado 'tempo;
_ mas é na noite que dela m'alimento
enlutando de espanto a santa eternidade
e enroupando trapos de imaculado lamento
redijo missivas endereçadas à saudade.

Finda a inquietude de um dia de solidão 
descanso, disfarçado de místico querubim,
numa galhofa, sobre o picadeiro da ilusão,
aceito ovações que não são para mim.

E saltando por entre um imaginário público
uma santa d'altar, exibindo um ar profano
tomada de meneios a tanger o púdico
arrocha-se* à minha sombra por engano.




Cito Loio
(Poemas sem data nem valor)

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