terça-feira, março 22, 2016

Dia Mundial da Água




 Dia Mundial da Água.


Será o amor um copo cheio de água que se bebe e se urina, coisa que os governos desta Europa têm metido com fartura vendo-se ora a cagada que está a acontecer. Mas como um homem (só) não carrega o mundo aos ombros, resta interrogar-me sobre o amor.
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Porque...
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Amar é dizer palavras sem lhes dar sentido, elogiar a mágoa ao perder o que nunca se teve, buscar em cada olhar o que não sonhámos, repetir mil estribilhos de canções sem letra, ver uma banda passar que desafina e não toca, beijar uma flor em plena época de Inverno;_é deambular por estreitas margens dos rios, subir montanhas ante enxurradas nos vales, usar binóculos para deleitar-se com raios de sol, dizer em surdina sou...quem sempre sonhaste. É ficar retido numa manifestação grevista, segurar ramos de flores pela ponta dos dedos, guinar carros na curva que antecede uma recta, comemorar vitórias sem usar taças com licor, chorar pelo amor, humedecer lábios com seiva, num acutilante grito de Tarzan a trair a bela Jane descendo o Nilo remando sobre um crocodilo contra a corrente por margens plenas de saudade, resvalar pelas tuas costas e com leves carícias provar o resultado fluído de um falso orgasmo.
Porque amar é dizer «basta já não te suporto» mesmo que viver sem ti seja venerar Lúcifer, descendo por escadas a um ninho de cascavéis. E é fazer-se ouvir em gargalhadas num funeral, dançar ao som de boleros gravados de manhã, e entardecendo abraçar um desgastado retrato, ou não fora amar apenas um verbo a conjugar, mera palavra dita por quem já perdeu o juízo…
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do INÁCIO
(para os que me visitam habitualmente, sem penitenciar os meus desaires)

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