sábado, março 19, 2016

Antes que a memória se me vá,

Antes que a memória se me vá



Camões num soneto menor, maior bastante para calar os poetas que alardeiam engenho e colocam palavras vãs nas mudas páginas dos livros que editam, conspurcando a língua (māter) dos poetas onde pela lei da natureza me incluo. 
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CHEIOS RIOS POR MEMÓRIA

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E porque num dia por meu bem chorei 
sei, doravante, que por meu mal acabarei,
confessando-me ainda mal aprisionado,
(despida a indumentária de soldado)
àquela que me deu o céu por esperança
despenalizando-me erros e numa dança
aguarda por minha chegada já sorrindo,
dona dum lar etéreo em que serei findo,
sujeitado nos braços firmes, bem seguro,
um feto, filho nunca chegado a nascer.

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Nesta memória cheios rios transbordaram
sem que desse sentido ao que destroçaram;
_Soerguido, recolhi destroços em desatino
e perdido entre canções sinto que desafino
quando deixo lágrimas de cristalina lama
entre lençóis, tendo o chão por dura cama.

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Por esse impedido ver a luz do dia raiar
fiz da minha vida um calvário sem par;
_ por quem sepultado amando em silêncio,
dei a outros saber colocado em compêndio.

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Cito Loio

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