Mestre da smashada
TENNIS CLUB
Sete horas, mais alguns minutos
Toca o despertador, basqueiro
Ouvem-se gritos da mãe dos putos
Um pontapé, turras, dois chutos
Pequeno-almoço, cigarros, isqueiro!
Toca a preparar a minha pasta
Aperta-me essa sapatilha, menino
Mãe! _ A escova está gasta;
Bolas este cinto é mesmo rasca
Chatice, vejam lá se têm tino!
O carro, ignição, já a trabalhar
Sacos mochila, as minhas raquetes!
Lá atrás homem, junto à bomba d’ar
Assim não se vão estragar
E não há desculpa para os setes
Isso é que era bom, dona Maria
Ainda está para nascer!
Ganho cantando o hino d’alegria
Que o teu ídolo não joga na lotaria
E derrota só estiver a morrer
Bazófia é o teu golpe forte
Mas logo à noite ajustamos contas
Nada de desculpas, sem sorte
Como desculpa, viajem ao norte
Reuniões com gajas tontas!
O bólide voava pela avenida
Algazarra da miudagem continuava
Notícia do rádio era repetida
Raio do semáforo, olha uma batida
Um palerma a ver se passava
Mais uma curva, primeira paragem
Despejar o mais pequeno
Quando acaba o carro a rodagem
Já veio a t-shirt da estampagem!
Não! Mas mantém-te sereno
Chegámos meninos, respeitinho
Não saiam da escola
Toma conta da tua irmã Riquinho
Agasalhem-se está fresquinho
Teresinha, olha a tua sacola!
O clube, chegámos – salvos
Ligo-te quando a partida acabar
Passa na oficina para ver os calços
_ Sim amor, vou aos saldos
Combinei encontro com a Pilar
Desilusão, o clube sempre vazio
Freddy o gajo não joga puto
Vai ser um passeio à beira rio
Como é que deixam jogar este tio
Parece que vem de luto
Oubi dizer c’andas a sarigaitar
Uma trigueira lá de ‘xima’
Epá essa malta não se sabe calar
Andas ou não a papar
E não me venhas com – é prima!
Atenção, isto não é para se saber
Ando com o coração na mão
S’a víbora vier a perceber
Saca um escândalo bom de ver
C’ela não é como a do rés-do-chão
E Zé dos Ases passa uma ronda
E batendo os adversários
A zero, parecia navegar numa onda
Perante jogadores tipo pomba
E raquetes guardadas nos armários
E ninguém ligava ou aplaudia
Que no bar havia jogo de canasta
O chão, fora, cimento, fervia
Enxotando quem perdia
Cansado de lutar, chega, basta
Eis a final com hora já marcada
Sai móvel, telefonema
Vais levar umas boas smashadas
Depois d’irmos ao cinema
Junto aos amigos, risota em alegria
Vem um ácaro, é azarado
O artista cai à cama com alergia
Deix’a amante em banho-maria
Com ciúmes disfarçados
O raio do azar nunca vem só
Por ir-se a taça, foi-se a pontuação
A esposa zombou dele mas com dó
Zé ficou-lhe com um pó
E a tristeza invadiu a federação
Perdeu-se assim um campeão
Em primaveril tarde inglória
Já preparado para receber o quinhão
Pagar a oficina do seu carrão
E esfregar a franga da Maria Glória
Cito Loio
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