sábado, julho 08, 2017

REUNIÃO G 20

QUE ME PERDOEM A RUDEZA, 
Um país que foi Império nunca esquece os seus heróis.



No momento que se percebem conflitos em Hamburgo à causa na reunião do G 20 recordei-me dum outro conflito que não começou  há 20...nem 50, mas há 103 anos, a  Guerra Mundial (também conhecida como Grande Guerra ou Guerra das Guerras...
...e de um grande Homem de quem guardo memória.

O conflito envolveu as grandes potências de todo o mundo, que organizaram-se em duas alianças opostas: os aliados (com base na Tríplice Entente entre Reino UnidoFrança e Império Russo) e os Impérios Centrais(originalmente Tríplice Aliança entre Império AlemãoÁustria-Hungria e Itália; mas como a Áustria-Hungria tinha tomado a ofensiva contra o acordo, a Itália não entrou em guerra). 
Estas alianças reorganizaram-se (a Itália lutou pelos Aliados) e expandiram-se em mais nações que entraram na guerra. 
Em última análise, mais de 70 milhões de militares, incluindo 60 milhões de europeus, foram mobilizados em uma das maiores guerras da história.
Mais de 9 milhões de combatentes foram mortos, em grande parte por causa de avanços tecnológicos que determinaram um crescimento enorme na letalidade de armas, mas sem melhorias correspondentes em protecção ou mobilidade. 
Foi o sexto conflito mais mortal na história da humanidade e que posteriormente abriu caminho para várias mudanças políticas, como revoluções em muitas das nações envolvidas.


***

ENTRE OUTRA GENTE BRANCA
 (Em memória de Inácio de Oliveira combatente da I Grande Guerra 1914 a 1918)


Bateu com os punhos no tampo da mesa
arregalou os olhos manifestamente irado
e disse, não posso ou devo ficar calado,
nasci homem senhorio da minha empresa
proprietário com término dum negócio
lavrando terras com esta ferramenta
gladiador q’arrosta a mais feroz tormenta
até nas pérfidas horas amargas do ócio…
…nadei com um tubarão fora de água,
vi-me na pele de salvador do próprio nadador
pássaro de fogo, múltiplas vezes com dor
águia que adeja pelos céus da mágoa…
…sou presente do que fui e q’um dia serei,
férreo braço armado contra a tirania,
intransigente carrasco de quem vilipendia
a liberdade que fora de trincheiras conquistei!
e arfando três vezes quedou-se silencioso.
- Ao redor duma mesa limpa de taberna
fazia-se silêncio, igual ao de uma caserna,
sentido em Lamego, Ranhados, até Trancoso.

Navegava (Uíge Pátria), por mares lusitanos
migrando a partir do país que o vira nascer
levando na alma ‘terra que decidira defender.
- Partia, desconhecendo por quantos anos;
_ para trás deixava cinco filhos, uma mulher
e a neta que não assistira ao nascimento,
a arte de esculpir na pedra por divertimento
sábio uso de à luz da tocha afagar à colher.
- Trolha e pedreiro assumido artífice da vida
erguera um Lar sem paredes com frestas
numa Beira interior sem incesto ou sestas
que probidade era-lhe por demais conhecida.

Aguardava-o um longo e tortuoso percurso.
- Não rolava o mundo ao compasso de canções
e ainda troavam nos tímpanos explosões
duma guerra onde morrera gente a avulso,
quando em pé, à proa de um novo paquete
permite que a brisa do mar afague o cabelo;
_ na memória último passeio pelo Restelo
e no dedo anelar uma aliança como lembrete.

Desconhecia o vitorioso ex-combatente,
ser vencido por um neto já na aposentação,
por mais mandarem os ditames do coração
que descanso merecido e pago se descontente.
- De passeio ao cemitério do Bairro do Cruzeiro.
por lá repousou concedido direito a campa
enterrado o ataúde entre outra gente branca
em terra negra. Morria homem de corpo inteiro.
- Na sala da vivenda, o neto caçula chorou,
mas por dentro conservaria do avô a valentia;
_ jamais voltou a rasgar os jornais do dia
ou esqueceu o nome, aquele que sempre usou.


Cito Loio
7/7/2017
(memórias do Inácio)


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