domingo, junho 11, 2017

NO ÚLTIMO CONCERTO


Entrados no mês de concertos, verão, férias aprazíveis, corridas loucas sem para choques, decidi oferecer um conto a todos os pais e avós, e aos que um dia pensam vir a ser, mas especialmente aos jovens sonhadores que julgam só aos outros acontecerem as desgraças.





NO ÚLTIMO CONCERTO


Disparou "dois rufos" na pele dum tambor, aumentou o volume do simulador e após riscar caracteres sobre a pauta assoprou com determinação numa flauta. Quatro ou cinco notas eram para si bastante; depois já frente a uma avolumada estante pegou num livro de caricaturas de animais selvagens e fixado nalgumas das suas passagens cantarolou algo imperceptível dizendo, isto tem muito nível música da mais incomensurável qualidade boa demais para certo tipo de sociedade por isso o melhor é ir arrasar para o festival curtir alto som ver se me sai na rifa um bombom. 

E conseguiu, madrugava, e curtiu. Abanou o capacete como nunca se viu, e num lance da mais pura sorte engatou uma verdadeira gata que perdera o norte. Na pensão, entre gemidos e ejaculações Nico Sortudo prova soberbas sensações sem dar conta por muito divertido não ter usado aconselhável preservativo.

Não havia sido ainda descoberta cura para a sida, e nem sempre um tipo se cruza com a Bela Adormecida. Dois anos depois ajoelhada ante uma campa singela, chorava uma mãe, costureira, acendida mais uma vela.


Inácio



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