quarta-feira, setembro 23, 2015

Marcas,




AS
MARCAS DO
AMOR

(Quem não terei na minha morte)
 

Chove a potes inundam-se as largas alamedas,
alagam-se a ruas, parques, avenidas, quintais,
transbordam piscinas em lagoas artificiais
entopem-se esgotos tudo por excesso de água.
- As culturas em solos submergidos, a mágoa
atacando quem trabalha empobrecida a terra
do sopé, por valados e trilhos ao topo da serra.
- Chove a potes, submergem as largas alamedas,

Chove, e nada faz com que termine a chuva.
- Encorpa-se a ondulação revolve-se bravio mar
impedindo bravos pescadores saírem ‘pescar,
lançar redes, ganha-pão, o familiar sustento
a alegria dos filhos. – Assopra agreste o vento,
ensopado calcorreia emudecido, último lanço
do passeio da tristeza à porta do descanso,
e chove. - Morto o poeta deixa de sentir ‘chuva

Chove! _ Não seja por tal suspensa ‘festividade;
_ morreu apenas um poeta sabido ente inferior,
culpado de redacção do que nunca s’encomendou

Chove, e os passantes exteriorizam a vaidade
visitando campas. No cemitério, esquecida ‘dor
não reparam quem silenciosa sempre o amou.

(- Descalça a amante solta um grito de tremura;
_ nos pés marcas dum amor que há tanto dura…


Cito Loio
18 a 21/9/2015

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