quinta-feira, setembro 03, 2015

DESTINO, VALA COMUM




Homenagem

A todos os que se viram remetidos ao esquecimento por parte dum povo que a eles deveu a subsistência durante décadas de um chamado Estado Novo, e que, de armas em punho defenderam a honra duma raça tão miscigenada quanto confusa foram/são as razões da queda do Império.

Entráramos em Janeiro de 1975 e ao entregar a minha G3 (uma das que faziam parte da especialidade de Armas Pesadas de Infantaria) no depósito de armamento o soldado perguntou se queria ficar com ela respondi: «Guarde-a, pode ser que faça falta a algum Movimentos de Libertação»



DESTINO, VALA COMUM



Chuva de Inverno a humedecer Agosto
trazendo tempo cinza sem trovoada.
- Voavam gaivotas vindas do mar,
cresciam as ondas salpicando a estrada
e refugiando-se Tristão Lobo sob luar.
calcorreava ruas investido de desgosto.

Que amor de fora, fora que o marcara!
- Andarilho, mostrava os dedos dos pés
pelas solas rotas das botas de ex-militar.
- Mais um de entre milhares de Zés
que deixara sem fotos Madalena ‘chorar;
_uma mais que a prostituição condenara.

E o Lobo, sob uma escada de incêndio
limpa a pistola que um dia roubara;
_ no carregador balas; _ disparo só um…

Fazia-se na madrugada absoluto silêncio
ignorado o que há 50 anos guardara.
- Jogara-se o indigente à vala comum.



Cito Loio
Desde Agosto de 1975


No creo en Dios pero elle si… lo creía

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