quinta-feira, fevereiro 19, 2015

DEBOCHADO ÀS VEZES, POETA SEMPRE

 
DEBOCHADO
 ÀS VEZES,
POETA SEMPRE


Tornei-me um poeta vil e debochado,
passei a lamber ratas, mas cuidado,
limpas, que sujas nem mentes aceito
e nem é por questões de preconceito;
_ nunca gostei de papas de sarrabulho
guisados de bacalhau tal o engulho
cus com remanescências de cagalhão
lavados em água estagnada no verão.
- Delicio-me com bocas sorridentes
fazendo-me broches evitado os dentes,
alternando minetes sem polpa de tomate
com jardineiras que andam no engate,
alcunhado até ser porco de linguagem
por ladies que em trancadas de garagem
encornando o amantes com o vizinho
simulavam orgasmos, gemendo baixinho

De longe a longe escrevo coisas sérias,
condenações a decentes galdérias
para consolo de meretrizes (…) legais
que se saciavam c’ prontos de generais.

Um dia, se paga esta obra 'preço de ouro
trocarei o caqui por casacos de couro
metendo sobeja inveja aos coirões
que exibem no peito certos medalhões,
para de imediato e com dor de cotovelo
dizerem as más línguas com muito zelo,
“o gajo enriqueceu à custa dos poemas
desvirginando galináceas sem penas,
mas quando lhe murchar o penduricalho
o mulherio fará dele menino ao borralho”

Ó Poeta quão indesmentível foi a tua dor
quando ao povo que foi  navegador,
dada a Lusíada Epopeia, sem paridade,
desposaste a miséria com dignidade.

- Como tu, porém mais pobre e cuspido
morrerei sem pátria, pela amante traído.

Cito Loio
13 a 15 de Feveriro 2105

 



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