terça-feira, janeiro 20, 2009

T-S-F

A criança é um ser eminentemente sociável; podia começar assim um tratado de filosofia (!) sobre a vida das pessoas nos primórdios do desenvolvimento da humanidade

Mas fico-me pela preocupação, ao recordar um célebre programa do Dr. Jô Soares, Viva o Gordo.

Dizia: Tem Pai qu’é Cego

De facto preocupa-me a cegueira de alguns, que até o tempo e a vida “abrir os olhinhos” vão continuando a chocar contra todo o disparate que se lhes depare…comprando Fardo por Pierre Cardin

Não me podem acusar ser contra torneios “under ten”, porque na década de 80 organizava torneios internos no BFC de encontros de 8/9/10 anos a custo ZERO e, posteriormente já na qualidade de DT da ATPorto levei a bom termo um torneio lúdico/desportivo em parceria com o prof. Paulo Rodrigues do Núcleo de Ténis do Colégio do Rosário na altura; não posso precisar se houve taxa de inscrição, mas que não houve o carácter de exploração comercial que se está a fazer com este escalão nos tempos que correm, disso tenho absoluta certeza

Quanto ao BFC, havia nesse tempo mais de 400 crianças e jovens nas escolas, participando na Sport Goofy o maior número destes alunos, que só em 1983 e por causa deste “enorme” evento a Federação teve 5.000 federados, segundo António Flores Marques, que me fez reviver momentos de glória desse passado, ao facultar-me estes preciosos dados; o meu agradecimento

Porque considero uma forma nefasta de comercialização, a que reveste actualmente estas provas?

1- Primeiramente estes eventos deveriam incluir-se num vasto programa de Fomento, e não se servirem da sigla PNDT (infeliz per natura) para motivar a participação dos meninos (as)

2- Depois porque estas provas estão revestidas de um “desnecessário” interesse financeiro se atendermos aos valores que envolvem uma inscrição.

Cerca de10 €, mais ou menos 12 dólares por menino (a); é pouco, dirão, mas na verdade…

3- Esta importância é o triplo de um bilhete de cinema infantil com a duração de 2h30’ tempo suficiente para os pais fazerem as compras numa grande superfície

4- Certamente o dobro da taxa nas urgências dos hospitais, e muitas vezes ficamos à espera horas a fio, isto se não formos internados para que nos salvem a vida

5- Compra-se 10 pacotes de leite meio gordo da Ilha da Madeira, bom para a luta contra a descalcificação

6- Esta importância/dia não recebem muitos desempregados, para viver

O que é que temos a ver com isto tudo? Nada; serve ó para lembrar que se pagar 25 a 30 dólares num torneio internacional pontuável para o ranking mundial com prémios monetários, jogar pelo menos uma ronda à melhor de 3 sets “normais” e com direito à prova de Pares

Mas num torneio de meninos de 10 anos, pagar-se 10 € para jogar 1 jogo, (ou 2 que seja), à melhor de 1 «short set», é brincar com a Crise e destruir o Quadro Competitivo; desconheço que em parte alguma do mundo as regras ditem, mesmo estes escalões, que o jogo de ténis se disputa a 1 set até aos 4 jogos, com bolas Tip 3 (!) e em campos normais (?), e francamente também não compreendo porque se usam estas bolas de voo lento em campos normais, se a estes jovens (9/10 anos) se permite disputarem torneios Sub 12

Evidente que a FPT é culpada destes enganos e do logro em que se cai, ao oficializar este tipo de eventos, associados a planos de detecção seja do que for, quando se devia integrar estas acções na divulgação do jogo e na iniciação competitiva à modalidade; não havendo (mas vai haver) um Plano Nacional de Fomento credível sério e qualitativamente reconhecido, em vez de se pregar aos 7 ventos um plano de detecção de talentos

E se não bastasse tanta incerteza nos processos formativos/competitivos, temos um locutor da rádio tentar saber junto aos Secretário-geral//Director Técnico Nacional e “outros cargos que se desconhece”, quais as Razões de não haver Campeões no Ténis

Já agora senhor locutor da TSF; a principal razão estava à sua frente


1 comentário:

Anónimo disse...

Esta questão das bolas de diâmetros diferentes, das raquetas de tamanhos diferentes etc é muito questionável, porque se se reduzir o peso da raqueta e diminuir a tensão, mas se mantiver o tamanho, os pequenos jogadores, podem jogar perfeitamente com raquetas júnior, e bolas de tamanho normal. Pessoalmente é assim que ensino e sempre ensinarei. Para mim a questão não está na distância dos olhos aos pés ás mãos ou à ponta do nariz, mas na distância da mão ao ponto ideal de batimento da bola na cabeça da raqueta. Ora se se mudar muito esse valor, para mim e isto é uma opinião pessoal, só se está a complicar o simples. Quanto às outras bolas, com voos diferentes, coeficientes diferentes, pesos diferentes dos das bolas usuais que se usam nos torneios (que já são de tipos diferentes), não sei se não se está a brincar um pouco com o princípio da quantidade de movimento, e a provocar mais uma sensação virtual de jogar ténis, pouco diferente de pegar no wiimote e jogar o ténis do Wiisports. É útil ter a sensação do jogo, que até pode ser muito parecido com a realidade, mas daí até o ser ainda faltam as bolas e as raquetas reais.
Quanto ao PNDT, para mim parte do princípio errado que um talento se detecta. Isso não acontece, o talento e o génio afirmam-se e nós vê-mo-los crescer à nossa frente. Tem de se criar é um plano de criação de oportunidade ténis para todos . Depois da quantidade e por mérito próprio os talentos e os génios aparecem para nós os servirmos com os conhecimentos que temos como é o nosso dever e não um arrogante direito de iluminado detector de talentos, dono de um poder de previsão do futuro que só a Deus pertence. Como o Adolfo diz, com torneios a 10 euros, vai ser difícil não ter os campos desertos de talentos com poucas capacidades financeiras.

 
Web Analytics