sexta-feira, agosto 25, 2017

PRENDA ELEITORAL

Foto de Adolfo Inácio Castelbranco d'Oliveira.

PRENDA ELEITORAL

(Introdução)
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Não o conheço, obstante termos nascido na mesma terra, eu mais velho um ano, e há décadas que coloquei de parte os sonhos que me guiaram durante 24 anos até ao dia que me disseram vai para a tua terra branco da tuge. E vim para um lugar que não era meu, com um BI tirado na então província de Angola, sem ódios ou inveja aos que por lá quiseram ou tiveram de ficar apenas lamentando, anos mais tarde, vir a saber que o meu pai fora preso, sem culpa provada, e ele sim, retornado à terra que o vira nascer, e se a memória não me atraiçoa, em 1982. Por lá deixou mulher pais e sogros enterrados, e eu enterrei o sonho de ver a minha terra pintada com as cores do progresso da fraternidade igualdade e liberdade. 
Ora o MPLA vence eleições com 61,70 %, razão para dirigir pela primeira vez desde o longínquo ano de 75 um apelo especialmente ao agora futuro novo presidente. 
- Faça-se por essa terra e por esse povo o que até agora ficou por fazer, e se puder ser útil, ouça este conselho senhor futuro presidente: 
(Angola para ser um grande país, onde analfabetismo doença e pobreza sejam rótulos do passado, precisa de 50 milhões de Angolanos. Todavia vejam se não se enganam na nacionalidade, rematando esta pequena missiva dizendo, senhor João Manuel Gonçalves Lourenço, que nada quero em troca do que pode parecer bajulação aproveito no entanto a oportunidade para lhe oferecer o que melhor sei fazer.)

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Nunca pintei quadros c' pincéis da desgraça
esculpi estatuetas de ilusória felicidade
desenhos elaborados com falsas promessas
montei telhados c' fendas na cobertura
porque só se vive entre o nascer e a morte 
e rápido definha-se o corpo no tempo.
- Acordado um dia pela vilaneza da mentira
reparei na falência duma airosa revolução
(coroação simbólica da atroz cobardia)
condecorando-se com desfaçatez muitos patifes
com reformas que eles gostariam de abolir;
_ e experimentei cortada a luz a amargura,
agoniante travo de pratos recheados de fome 
vestindo sob a luz do dia "roupa amiga".

Reconciliando a velhice com a má sorte
elaborei estes versos condenado o rancor
para desejar aos mais ilustres criminosos
jamais lhes possa vir a ser a terra leve.

Isento de pagar contribuições e impostos,
seja este poema sentida forma de aplauso
a já assente e inequívoca vitoria eleitoral.

Cito Loio
25/08/2017
Em memoria dos meus antepassados.

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