GRITOS, SONHOS, REVOLTA
TANTOS GRITOS, TANTOS SONHOS, TANTA REVOLTA
Porque
um dia jurámos criar um “novo” País, quando os nossos sonhos de juventude
tinham a força das tempestades, os nossos olhares se perdiam na imensidão de um
Continente, que vai morrendo destruído pela insanidade dos arautos da
civilização moderna?
Quantos
jogos jogámos, quantas voltas volteámos, quantas gargalhadas soltámos num palco
giratório lá para as bandas do Aviz
Não
sabes, nem te poderei contar o quão difícil é lutar sozinho pela existência
durante tantos anos o quão difícil sofrer durante mais de metade dos anos que
levo de vida, e o quanto amarga esta solidão
Nunca
mais te poderei dizer o quanto significavas para mim, mesmo na distância; nunca
mais ouvirei, entre um sorriso de malícia, a tua voz “xexexe”, és louco,
deliciosamente maluco, eh! mas bonito
Ai,
que me dói o pensamento ao rever, bailando entre o Inconsciente e o
Subconsciente, as guerras de palavras que travámos, em tantas viagens
interplanetárias que gizávamos, apontando o céu límpido da África profunda,
visualizando filhos libertados, a opressão repudiada, e a igualdade conquistada
Como
eras linda, Kim
Tantos
gritos, tantos sonhos
Tanta
revolta activa deixada por fazer
Porque
tinhas de ser vítima!
Porquê! a fantástica Descolonização!
Porque
havias de ir para Timor!
Porque
havias de me deixar sem abrigo!
Para
que tinhas de ir para Cuba
Para
quê esse jeito de “Che”!
Para
quê tanta luta!
Para
quê tanta perdição!
Não chegava
Mavinga, barra do Kuanza!
Não
te chegava a Ilha ou o Mussulo?
Não
era suficiente o palco da Fama!
Não
te chegávamos «nós»
|
Sempre teu, Inácio
Sem comentários:
Enviar um comentário