segunda-feira, novembro 10, 2014

GRITOS, SONHOS, REVOLTA

 
 TANTOS GRITOS, TANTOS SONHOS, TANTA REVOLTA
 
Porque um dia jurámos criar um “novo” País, quando os nossos sonhos de juventude tinham a força das tempestades, os nossos olhares se perdiam na imensidão de um Continente, que vai morrendo destruído pela insanidade dos arautos da civilização moderna?
Quantos jogos jogámos, quantas voltas volteámos, quantas gargalhadas soltámos num palco giratório lá para as bandas do Aviz
Não sabes, nem te poderei contar o quão difícil é lutar sozinho pela existência durante tantos anos o quão difícil sofrer durante mais de metade dos anos que levo de vida, e o quanto amarga esta solidão
Nunca mais te poderei dizer o quanto significavas para mim, mesmo na distância; nunca mais ouvirei, entre um sorriso de malícia, a tua voz “xexexe”, és louco, deliciosamente maluco, eh! mas bonito
Ai, que me dói o pensamento ao rever, bailando entre o Inconsciente e o Subconsciente, as guerras de palavras que travámos, em tantas viagens interplanetárias que gizávamos, apontando o céu límpido da África profunda, visualizando filhos libertados, a opressão repudiada, e a igualdade conquistada
 
Como eras linda, Kim

Tantos gritos, tantos sonhos
Tanta revolta activa deixada por fazer
 
Porque tinhas de ser vítima!
Porquê! a fantástica Descolonização!
 
Porque havias de ir para Timor!
Porque havias de me deixar sem abrigo!
 
Para que tinhas de ir para Cuba
Para quê esse jeito de “Che”!
 
Para quê tanta luta!
Para quê tanta perdição!
 
Não chegava Mavinga, barra do Kuanza!
Não te chegava a Ilha ou o Mussulo?
 
Não era suficiente o palco da Fama!
Não te chegávamos «nós»


Sempre teu, Inácio

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