quinta-feira, fevereiro 06, 2014

Cabeça de Cartaz...!


Se eu pudesse oferecia este poema aos Ministros de Portugal mas eles desconhecem o que significa certo número de termos utilizados, e o valor da linguagem portuguesa sem acordos, razão pela qual vai só para as minhas gentes.
 


Aproveito para informar, que ontem mesmo fui convidado para ser um dos cabeça de cartaz da Poesia,( próximo dia 8 de Março - dia da mulher) numa evento da Lusofonia.
Quanta surpresa, e quanta honra...







UM PRISIONEIRO EM LIBERDADE



Sinto que me falta escrever u’ grandiosa história
sustentada por notas colhidas nos cajueiros
dando cor a quadros de tão viva memória
tempos idos em que rabeava com cães rafeiros;
­_ vitralizar com arcos uma majestosa ponte
edificada com pedras de Punguandongo
para ligar a lua ao largo Maria da Fonte
pasagem por Catete em direcção ao Dondo.

Trocarei ‘capítulos c’ Cravos (!) por Maboque,
a Serra da Estrela pela Tundavala
festivais de fado por batucadas sem rock,
praias algarvias pelo cheiro duma sanzala;
_ pelas encostas dum Douro cacheado d’uvas
às ondulantes searas alentejanas
resumirei, deitado ao sol das Mabubas
a catinga do sisal contra o feitiço das canas

Colocarei se à falta, ‘chatas’ no rio Bengo
nunca comutadas por velhos cacilheiros
espantando gaivotas; _ e o poeta lendo
passagens sobre funerais de guerrilheiros
sem a tradicional missa de corpo presente,
viúvas de chapéu alto e malas Vuitton
notando-se indelével o luto ausente,
incomparável ‘peles vestidas doutro tom

Sem milongas q’ invertam do acto o curso
agonizo perante ‘falta de trovoadas tropicais
quando curo bebedeiras com o absurdo
d’ equiparar lezírias à vastidão dos capinzais
ao passear nas ruas duma qualquer cidade
vendo-me em películas d’ raros personagens,
e longe da terra concluo c’ picadas de verdade
sempre ter vivido preso àquelas paragens.

Deste sofrido poema serei único probante;
_ notando a ausência dum ou outro velho amigo,
enternecedores beijos da última amante,
prefácios que transporto ad eterno comigo,
na tentativa egoísta de suspender o tempo
vou driblando planetas, misturá-los cu’ lente,
disseminando os fusos horários pelo vento
para q vos entregue este poema de presente


Cito Loio
3 a 6 Fevereiro 2014


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