segunda-feira, dezembro 31, 2012

Boa passagem de ano...



Antes de entrar em 2013
 Deixo-vos esta história, que longe de ser triste de acordo com o estado de ânimo das gentes deste Portugal, pretendo que seja uma lufada de ar nas amarguras que o presente ano nos ofereceu desejando que o próximo se pinte doutra cor



HISTÓRIAS DE LANA-CAPRINA


Conto-vos esta história talvez de lana-caprina
ouvida da boca duma tal dona Albertina
nascida no reinado de El Rey D Carlos
ela, q a história não ganhou tantos calos

Versa sobre certo menino, dizia-se traquina
que fugia da visão dobrando a esquina!
- Acreditei, que a senhora era muito sabida
sendo só a sua vontade por meu avô comida.

Dizia a mulher contendo mordaz a risota
c’ os azeites prendia o garoto numa casota
à corrente do velho e pequeno pitadas
deixando o “cachorro” rir às gargalhadas.
- Toda a vizinhança mostrava satisfação
sabido q avó do pirralho deixara-o em prisão

Durava pouco o castigo, mas severo;
_ A dita senhora doutorada em esmero
sabia que a pena até nem provocava dano
no raio daquele endiabrado mangano
mesmo preso cantava “la donna e mobilé
só fico aqui até chegar o tio Zé!”

E o rapazola, amorenado foi crescendo
entre açoites, beijos de morte e renascendo
fez-se homem cumpridor de missões
perdida a conta entre os tiros de canhões
fardas sujas, viu-se, por demais atraiçoado,
certo dia na pele dum pobre refugiado

Não disse adeus, à terra q o vira nascer
teve na última noite beijos antes do alvorecer
sentindo que se fechara a casota do cão
para toda a eternidade guardada no coração
e que também nunca mais a viu
gasta Albertina a mãe que nunca o pariu

Corridos anos e anos e c’ eles outras histórias
pintados cravos muitos, poucas magnólias
em países que jamais seriam como o seu
terra quente, pele morena nunca a esqueceu
tombada na dor de uma guerra injusta
q a cento de milhares doendo ainda assusta

Esquecido o morno sangue lágrimas e luto
mantido homem, traído mas impoluto
caminhante nas ruas duma cidade cinzenta
passa ao papel se oportunidade s’ apresenta
chagas duma sociedade metralhada
vendo, por ora, muita da verdade negada

31/12/2012
 Cito Loio
(Adolfo Inácio Castelbanco d' Oliveira)

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