Boa passagem de ano...
Antes de entrar em 2013
Deixo-vos esta história, que
longe de ser triste de acordo com o estado de ânimo das gentes deste Portugal, pretendo
que seja uma lufada de ar nas amarguras que o presente ano nos ofereceu desejando que o próximo se pinte doutra cor
HISTÓRIAS DE LANA-CAPRINA
Conto-vos esta história talvez
de lana-caprina
ouvida da boca duma tal
dona Albertina
nascida no reinado de El Rey
D Carlos
ela, q a história não
ganhou tantos calos
Versa sobre certo menino,
dizia-se traquina
que fugia da visão
dobrando a esquina!
- Acreditei, que a senhora
era muito sabida
sendo só a sua vontade por
meu avô comida.
Dizia a mulher contendo
mordaz a risota
c’ os azeites prendia o
garoto numa casota
à corrente do velho e
pequeno pitadas
deixando o “cachorro” rir
às gargalhadas.
- Toda a vizinhança mostrava
satisfação
sabido q avó do pirralho
deixara-o em prisão
Durava pouco o castigo,
mas severo;
_ A dita senhora doutorada
em esmero
sabia que a pena até nem
provocava dano
no raio daquele endiabrado
mangano
mesmo preso cantava “la
donna e mobilé
só fico aqui até chegar o
tio Zé!”
E o rapazola, amorenado
foi crescendo
entre açoites, beijos de
morte e renascendo
fez-se homem cumpridor de
missões
perdida a conta entre os
tiros de canhões
fardas sujas, viu-se, por
demais atraiçoado,
certo dia na pele dum
pobre refugiado
Não disse adeus, à terra q
o vira nascer
teve na última noite
beijos antes do alvorecer
sentindo que se fechara a
casota do cão
para toda a eternidade
guardada no coração
e que também nunca mais
a viu
gasta Albertina a mãe que
nunca o pariu
Corridos anos e anos e c’
eles outras histórias
pintados cravos muitos,
poucas magnólias
em países que jamais
seriam como o seu
terra quente, pele morena
nunca a esqueceu
tombada na dor de uma
guerra injusta
q a cento de milhares
doendo ainda assusta
Esquecido o morno sangue lágrimas
e luto
mantido homem, traído mas
impoluto
caminhante nas ruas duma
cidade cinzenta
passa ao papel se
oportunidade s’ apresenta
chagas duma sociedade
metralhada
vendo, por ora, muita da
verdade negada
31/12/2012
Cito Loio
(Adolfo Inácio Castelbanco d' Oliveira)
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