domingo, dezembro 25, 2011

Sem destino sem natal...!


Quis tomar um comboio que o levasse até ela, mas não tinha dinheiro para a passagem. Sabia que seria um Natal pior do que passara em 1975 quando pisara Portugal para uma estadia de que não sabia o fim.
36 anos depois perguntou se valera a pena gastar tantos anos num país que nunca o soube compreender, talvez nunca o quisesse, e só o tivesse aceite por imposição internacional
Estava vivo, 23:59 ainda tinha um tecto para se abrigar e na pobreza do seu reduto, noite de consoada, bebendo o último trago de vinho barato acompanhado duma fatia de pão, lembrou-se das GENTES QUE TÊM UM CORAÇÃO DO TAMANHO DO MUNDO e lembrei-me de vós


COMBOIO SEM DESTINO

Uma porta de batente encerra
uma estação de comboios, vazia
ele vazio quase ferido o coração!
_ Ar condicionado arrepiando.

_ Queria um bilhete, por favor!
_ Para onde meu caro senhor!
_ Tanto faz, no primeiro que largar
pr’ algum lado me há-de levar!
_ Temos um dentro de instantes
cujo destino muitos tomaram antes
_ Nesse ainda é cedo mas tomo nota
aponto o início o fim e a rota
podendo ser um para lugar incerto
desde que seja grátis e mais perto
q’ meu coração já não acelera
é doutro tempo, sabe, é doutra era!
_ Tenho aqui um q’ vai pró céu, c’ vaga
preço igual não paga mais nada!

Indeciso, em ir ou não para a terra
viu q’ a ânsia encorpava, crescia;
_ e disse pronto a arrostar a solidão
bom Natal; e saiu caminhando

Cito Loio
24 de Dezembro 2011

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