Sem destino sem natal...!
Quis
tomar um comboio que o levasse até ela, mas não tinha dinheiro para
a passagem. Sabia que seria um Natal pior do que passara em 1975
quando pisara Portugal para uma estadia de que não sabia o fim.
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anos depois perguntou se valera a pena gastar tantos anos num país
que nunca o soube compreender, talvez nunca o quisesse, e só o
tivesse aceite por imposição internacional
Estava
vivo, 23:59 ainda tinha um tecto para se abrigar e na pobreza do seu
reduto, noite de consoada, bebendo o último trago de vinho barato
acompanhado duma fatia de pão, lembrou-se das GENTES QUE TÊM UM
CORAÇÃO DO TAMANHO DO MUNDO e lembrei-me de vós
COMBOIO
SEM DESTINO
Uma
porta de batente encerra
uma
estação de comboios, vazia
ele
vazio quase ferido o coração!
_ Ar
condicionado arrepiando.
_
Queria um bilhete, por favor!
…
_
Para onde meu caro senhor!
…
_
Tanto faz, no primeiro que largar
pr’
algum lado me há-de levar!
…
_
Temos um dentro de instantes
cujo
destino muitos tomaram antes
…
_
Nesse ainda é cedo mas tomo nota
aponto
o início o fim e a rota
podendo
ser um para lugar incerto
desde
que seja grátis e mais perto
q’
meu coração já não acelera
é
doutro tempo, sabe, é doutra era!
…
_
Tenho aqui um q’ vai pró céu, c’ vaga
preço
igual não paga mais nada!
Indeciso,
em ir ou não para a terra
viu q’
a ânsia encorpava, crescia;
_ e
disse pronto a arrostar a solidão
bom
Natal; e saiu caminhando
Cito
Loio
24 de
Dezembro 2011
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