terça-feira, agosto 26, 2014

Estranho refém


DE DÉCADA EM DÉCADA FEITO GATO


Em 1974 vestia luto ao envergar a farda do exército português
Chegado 1984 via-me pela vez de luto ao ver-me separado fisicamente do primeiro filho
Em 1994 separavam-me do segundo, enterrava meu pai, era 3º e 4º fatos de negro pano.
2004 e pela vez vi-me de preto em Agosto ao ganhar um processo disciplinar.
Corria também Agosto/2014 e colocava o  fato preto por morte da Ilusão.
Será que em 2024 me vestirão um fato completo de cor preta! terão mesmo os gatos apenas 7 vidas?


ESTRANHO E REFÉM.


Ó gentes deste vosso meu singular país
q’ me roubaste ‘ilusão em nha terra,
saibam desta vossa não ganhei raiz,
e tão pouco vos declarei a guerra.

A causa vossa carpiu-me vadia ‘alma
dormida sob fotos de defunta mãe,
e corridas lágrimas, por segura a calma
unívoco sentir-me estranho, refém.

Repudiando cobranças anos a fio
dei o q’ de melhor sobrado conservei;
_ suprema vontade que vos confio
num carácter q’igual jamais encontrei

Porém vós, quais meretrizes da decência
visaste nesta afável e cruel solidão
um novo Mártir acirrado pela carência
sem física cruz, mas d’igual paixão.

E tal Pilatos, viradas as costas à verdade
assistiram, silente queda ferido ‘puma,
‘meus passos pela sacra via da saudade
mágoas cruéis entre aplausos de tribuna


Cito Loio
(Terminado a 20/8/2014)


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