quarta-feira, janeiro 30, 2013

Funeral da loucura









FUNERAL DA LOUCURA

Decretou sem delongas suspensa ‘ansiedade
q contra estranha insígnia não faz glória;
_ agastado (disse no céu) com frontalidade
não existir arma q sirva à vitória.
- Querido por amante terminou amigo
entre carícias sustidos desejos
confessados ao luar, num lago antigo,
arborizado à noite com frondosos beijos!

Os cachorros uivavam já partia,
o comboio a ponto de descarrilamento
q o maquinista vira morcego à luz do dia
e ela senhora, jubilava com momento!
- Perdido no vazio ainda por desconforto
restou-lhe por companheira a solidão
visto perceber-se pensamento absorto
por indefinida destrinça, viva confusão.

Seguiu correndo com o prejuízo.
- Deitado, fez-se Inverno, ele combalido
lutando fisicamente, fora do juízo
travando no final, por já convencido
_ armado de pena remeteu-se à escrita
deslizando por palavras escalou o verso
sem que a soubesse aflita.
- O amor viu de todo ser controverso

Quantos erros, quanta má fortuna
teve por pecúlio sabendo-se nascido!
_ Quantas vezes evitou à alma desterros
e quantas se salvou depois de perdido!
-Pela noite conversando com estrelas
(astros que calados o ouviam)
e às mágoas pareciam compreendê-las
algumas, por certo lhas sentiam!

Tomou de sérios filósofos, até Pavlov,
discutiu tratados com pseudo sumidades
na certeza de os saber pelo tempo off.
- A loucura não escolhe idades,
e como na lenda dum certo cão italiano
foi presente, e foi permanente
guardando da dona ano-seguido-ano
a esperança dum olhar frente a frente.

Não tendo Deus poderosos de auxílio
questionou: Que faço que já me afundo!
_ longe ainda de um segundo exílio
ganhou de prémio silêncio profundo.
- Entorpecido escorraçado rafeiro
deitado sob um telefone que se deteriorara
viu, no tempo, fundir o último candeeiro.
- Morria à causa do que a loucura não apagara!


Cito Loio
24 a 28 /1/2013

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