quinta-feira, outubro 24, 2013

Sem politicas de consume...

 

 





ABRIL À ANGOLANA
 
Afianço q as ruas da tua cidade
são como “picadas” da minha terra natal
- Pelas tuas cantaram Liberdade
longe delas, vi aplicar a pena capital
e enquanto tinhas u’ Abril à portuguesa
marchando sob o teu rubro ideal,
o mesmo povo envolto em tristeza
viajava desfeito ‘sonho rumo a Portugal

Nas ruas da tua cidade – vi o insulto
igual ao colhido outrora nos aeroportos

Morrerás na tua terra, cantas, já adulto,
da minha desconheço ‘números de mortos

Cito Loio

quarta-feira, outubro 16, 2013

Presidente de Angola fala....

Sinceramente senhor presidente de Angola, não acha que às vezes é melhor esquecer o passado...este ofereço-o a si


 http://www.esquerda.net/artigo/jos%C3%A9-eduardo-dos-santos-anuncia-fim-de-parceria-estrat%C3%A9gica-com-portugal/29842



ANGÓRANO PÓRTÓGUÉS ÉRÓPÉU
 

Apelidem-me trovador de rima fonética.
- Resigno-me a tal que por ética

nunca copiaria versos, palavras escritas
para frases q sempre foram sentidas…

Encontrarei na curva apertada ‘morte,

findo o percurso e medida a sorte
homem chorarei que chorar é humano;
- por mim ninguém corra o pano,
e construído a pulso meu purgatório
proíbo missas, choros de velório,
mas aceito sorrisos, adeus brejeiro
ao fechar o dia, num esvoaçar ligeiro.

Perto do fim, se definhada a carne

sugiro d’ epitáfio, postado sem alarme,
deitado hirto sobre uma esteira
«aqui jaz um mestiço de primeira»

 

Cito Loio

domingo, outubro 06, 2013

Então senhor Durão Barroso!!!

Nem quis acreditar que este senhor dissesse que se deve meter a Constituição numa gaveta!

Aceitava-se uma afirmação deste calibre se vinda de um incontinente verbal  mas de um ex 1º Ministro ???



CARRASCÃO NÃO 

Emborquei três garrafas de vinho baratucho 
aleguei ser do calor...bruxo!!! 
evitando que me vissem "desidatado" 
em riachos de sangue "distilado" 

Do Olimpo gritou-me o sacana do Baco 
«Para antes q te transformes num trapo 
rolado ébrio para uma valeta 
gasta q seja (no fim) toda a cheta 

Escutado parei. Aceite o conselho 
coloquei no degrau um joelho 
e no olhar tudo menos súplicas de perdão 
exclamando: Não volto a beber carrascão!!! 

Cito Loio 


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terça-feira, outubro 01, 2013

Rui Moreira...simplesmente

Sobre as 6 da tarde deste dia  (29 dia de eleições ) dizia a alguns amigos e amigas recentes, que a vitória do Rui era certa, pois  sentia vontade de cantar...

"não somos filhos da madrugada
mas pelas ruas do Porto vamos
escolhendo u' presidente que não traga,
promessas carregadas d' enganos...


Às 20:00 dava-se a confirmação e a alegria estalou na sede de candidatura iluminando os Aliados. Independente do que se disser, esta eleição representa acima de tudo o despertar de uma Nação, de um Povo que disse não (!) não queremos miséria, não precisamos de promessas, apenas desejamos pão para os nossos filhos, agasalhos para os nossos velhinhos, e uma palavra de verdade entre a mentira.

Durante os últimos 37 anos vivi uma mágoa imensa por me terem matado os meus irmãos. Tantas lágrimas verti com Adriano, olhei para o nome do meu avô e vi a minha terra mãe agrilhoada. No Douro vi correr o meu rio Kuanza, nos vales as minhas planicies. Fiz parte da lista de candidatura deste homem "enorme", novo símbolo da governação, valor mais alto que se "alevanta"; do que depender de mim contará com 60 anos de erros acumulados para que se não voltem a cometer.

Portugal virou no Porto; espero que o povo português perceba definitivamente que a democracia não se faz com siglas partidárias mas constroi-se com Homens.

Parabéns Rui Moreira; este é para ti




SEM ENFARTES

 

Hoje fui a votos, apoiei Rui Moreira

enfrentando u’ desafio titânico

sem demonstração de pânico,

vencendo nas urnas _ de q maneira!



Prometemos só o possível de se fazer

obra que um dia severa feita

lutando contra quem nos queria parar,

demonstração da força q nos movia

_ mesmo sabendo pouco vir a receber

avancei dando o corpo ao manifesto

revivendo (estoicamente) sem pensar

tempos de loucura e rebeldia…



Hoje ganho apenas mais um combate,

relevo d’outrora qualquer derrota

infringida por quem só fez batota,

que pr’ ostentar sisudez não basta arte



(- Hoje a muitos provoquei ‘u enfarte)


Cito Loio

29/09/2013


quarta-feira, setembro 18, 2013

Mentiroso eu!

....

....porque li uma afirmação do senhor PPC (1ºMinistro de Portugal) sobre as autárquicas e os os candidatos referindo-se que estes «deviam dizer a verdade» não podia (quisesse) deixar de lhe oferecer este trabalhinho...esperando não arranjar uma carga de trabalhos...



SÓ FALTAVA PONTO FINAL
 
Prescindo de escrever esta história em verso
e munindo-me para tal para tal doutra ciência
puxei pela memória gastei a paciência
mas trouxe ao consciente o que submerso

Era uma vez…um jovem que vivia correndo,
jogava à bola, sonhava um dia ser cientista
astronauta piloto pintor até malabarista
sem q os companheiros disso fossem sabendo

Na recolha do seu quarto à noite e à varanda
olhava as estrelas, contava o tempo do trovão;
_ apanhando pingos de chuva c’ a concha da mão
escutava Bethânia Buarque e Carmem Miranda

Jantado, bailava c’ passes e dribles merengue,
desafiava os amigos para caça ao “matondo”
corridas à volta do largo – “eu já estou pronto!”
esquecido d’ ameaça da mãe “ele que não me tente”

Foi crescendo com más notas, faltas ao limite
afrontamentos c’ policias por actos ilegais
punho erguido sinal de revoltas brutais.
«Só aceito as guerras q a natureza permite»

Apaziguou dor e perda com corpos salgados,
cantou baladas desnudas de capa e batina
solos de guitarradas passo doble e concertina
olhando desconfiado certo tipo de soldados

Por experimentado o fel colhido na guerrilha
colocou uma cruz no tempo, ainda presente,
ficando-lhe sabido q é n’ ausência q s’aprende
quão devastador é o ribombar duma armadilha

Mudou a cor do camuflado vestido d’igual maneira
tornando-se o olhar embaciado frio e duro
sujeitando (sem conta) ‘vontade de saltar o muro
valendo ‘morte o mesmo, independente da bandeira

Soado marchas em manifestações da insatez
percebeu o nojo depositado na flor dum cravo
por quem nunca fora veramente bravo
entregando tudo o que feito, ‘a quem nada fez’

Viu-se envolto pela mais conspurcada tramóia,
joguete nas malhas q afinal (o império tece)
igual ao que tecera na terra da piranha e sequóia
ficando ao povo ‘a fome q o melhor se oferece

Quanta injúria por parte da ditosa democracia!
- Que país pelos continentes outrora invejado,
pelos 4 cantos do mundo nunca antes navegado
agora banco de ensaio da mais selvagem economia

No íntimo do seu ser escutou o noticiado,
decreto de morte através do corte de pensões.
- Nada lhe restava, nem amores nem paixões
quanto muito campa a céu aberto num valado

Fora pelos anos corroído, velho para mudanças
usando varas de pau como doirada bengala
quis ver-se firme e forte – tempo de magala
impedido pela idade d’ encetar grandes andanças

Já nem por magra reforma se via esperançoso
sentindo que chegada a vida ao tempo de júbilo
morreria desprezado num passeio público
coberto de moscas caído ao lado dum cão raivoso

Para terminar este raríssimo Conto a tantos igual
o jovem de então, ora a caminho da velhice
olhando as mãos sem que de valor algo visse
percebeu que apenas lhe faltava um ponto final


Cito Loio
16/9/2013

sexta-feira, agosto 30, 2013

Anastásio...

Anastásio 



Fizera em Março nove anos que Anastásio mudara de uma vivenda no centro da capital do norte para um prédio de condomínio semi-fechado nos subúrbios da dita, para uma espécie de condomínio semi-fechado cujo prédio era revestido a tijolo de burro quase vidrado, circundado por uma área ajardinada à frente e nas traseiras, prédio que tinha um bom hall de entrada e 2 elevadores. Antes da porta principal havia uma rampa para os carros acederem às garagens, por onde passavam também os moradores no prédio ao lado, e alguns animais que coabitavam no espaço. Entrara pela 1ª vez no prédio e naquela urbe em 2004. No ano seguinte – 2005 – Junho ou Julho, transladou-se para o mesmo prédio uma família de 3 pessoas, casal e uma filha já crescidota com ares de enteada de um deles, pouco comunicativos, que traziam com eles um cão cor castanho-mel rafeiro arraçado de pastor alemão, produtos do de aventuras que metem uma cadela pura com cachorros que proliferam pelas ruas, que podendo filam uma lady de coleira de brilhantes. 

O animal Perrito de nome era portador de apreciável envergadura, bons quadris, pescoço forte, e para cão parecia detentor de carácter e personalidade vincada. Nunca a vizinhança o ouvira ladrar e Anastásio sempre que se cruzasse com o animal olhava-o fixamente por breves momentos à laia de cumprimento – «tás bom pá?...tou sim pá!» – contacto que se reduzia a isso. Aos 52 anos utilizava frequentemente as escadas e numa dessas utilizações via muitas vezes Perrito no seu passeio higiénico, e nunca achara nada de estranho no comportamento do cão até que um dia entrando no prédio viu (para seu espanto) que o cão andava de costas, para trás, desde o início do hall até à porta de entrada do prédio. A cena veio a repetir-se bastas vezes até que um dia perguntou ao dono do animal se o tinham adestrado para tal, obtendo lacónica resposta que o animal andava  assim porque tinha medo de escorregar. Anastásio concluiu ser o cão inteligente – outra curiosidade foi nunca ter visto o cão com corrente e trela, transportando o dono a trela. 

Os anos passavam, o hábito mantinha-se sendo até engraçado vê-lo caminhar assim, e paulatinamente a vizinhança deixou de se admirar, mas Anastásio continuava sempre que a oportunidade se apresentasses a observar o cão e se havia alterações de comportamento no animal e até ver nada. Pelas suas contas o bicho teria 2 anos quando se mudara para aquele condomínio, nunca fora muito expansivo claramente por influência dos donos que pareciam personagens dum filme a preto e branco passado em Slow Motion, o que fez com que aquele adoptasse similar comportamento familiar e pouco a ver com chãos escorregadios. 

Em 2007 o casal tivera mais um filho, menino, engrossando a família, contando Perrito nessa altura 4 anos, dando garantias ao casal ser uma companhia para o menino e uma protecção do tipo guardião dada a pachorra e a maturidade que o animal demonstrava para além de um futuro adversário de correrias. Tal não veio a acontecer até porque o menino, crescendo, demonstrava ser tão molengão quanto aos resto da família coisa que desagradava a Perrito. 

A vida corria veloz para Anastásio, desleixando-se na observação que fazia sistematicamente ao cão, facto que os levara a ser quase cúmplices do género, «mais um passeio com este não passa da cepa torta»...«deixa lá um dia o miúdo começa a correr contigo»….«pois sim amigão o que vale é não saberes ladrar nem ganir»…«pensas tu nem imaginas o quanto tenho ganido a vida toda por falta de pilim» 

Chegado 2012 Anastásio estranhou o facto do pequenote não passear com o cão, agora que contava já 5 anos e era uma boa altura para começar a desenvolver certas capacidades e também porque o animal estava com 10 anos e com a experiência canina evitaria desastres que poderiam ser fatais para a criança. A monotonia familiar seguia numa espécie de agastamento entre os membros, mas sem se notar o envelhecimento de Perrito apesar de continuar com o seu ar de não te rales – aquela gente devia pensar que viveriam 200 anos como as tartarugas, por isso havia de ser como elas – mas faltava-lhes a couraça. 

No início de 2013, qual o espanto de Anastásio ao ver que a família “Trapos” tinha mais um cão – uma espécie de lombriga com orelhas caídas barriga a rasar o chão olhos de carneiro mal morto e um físico tudo contrário aos corredores. Esta aquisição talvez fosse uma birra do puto mas ficaria no segredo da família.  

As saídas começaram a ser a 3, o dono, “Lombrigas” e Perrito, sendo que o dono ia à frente com o cão mais novo e segurando-o pela trela coisas que antes não acontecera com o mais velho que ficava para trás naqueles passeios. 

No pátio que antecedia a entrada do prédio Perrito tentava manter hábitos mas estava a ser impedido pelos do novo animal quase demonstrando uma certa preferência por o mais recente. Notou-se um ligeiro emagrecimento por volta de Abril, Maio, na inversa proporção da gordura acumulada por Lombrigas, de olhar cada vez mais avermelhado dando uma imagem de se meter nos copos, e até o anterior percurso fora alterado para um novo que mais parecia a passerelle da moda canina, em vez da tradicional volta ao prédio pela parte de trás em que existia um paradisíaco terreno ajardinado, reino de Perrito desde que ali chegara. Percebia-se que se definhava a cada dia, e já a ossada dos quadris se mostravam, e todo o aspecto do animal era dum cão deprimido.  

Em finais de Julho ao entrar em casa Anastásio reparou que o cão atravessara o hall andando de frente e sorriu, mas o cão olhou-o quase suplicante como se visse o Doggod, deus dos cães. Já em casa repassou a cena e em breves minutos concluiu que o animal não estava lá muito católico, mas o que mais martelava na cabeça era o novo modo de andar no hall « deve ter perdido o medo vendo o mais pequeno a andar de frente» comentou para si. 

No final de Agosto, por volta das 17:45, terça-feira acalorada o condómino chegara a casa mais cedo que o costume. E mais uma vez deparou com o trio no hall – o dono e o Lombriga  à frente preso pela trela, e atrás Perrito, andando normalmente também mas encostado à parede como se esta fosse uma bengala; acentuava-se a magreza e a expressão era de resignação. Olharam-se fixamente durante 10’’ e o homem optou por alterar a ida para casa e voltou para trás apreciando o “passeio dos tristes” e se dúvidas subsistissem dissiparam-se. Dono e Lombrigas passeavam-se pela frente do prédio enquanto que Perrito desesperava hesitando em dar uma fugida ao antigo domínio. 

Anastásio percebeu um certo – tolo no meio da ponte – e deslocou-se lentamente para as traseiras do prédio desafiando o cão a segui-lo o que veio a aconteceu mal este percebera estar fora do alcance visual da dupla Dono-Lombriga. Foi então que Perrito, de pé, olhando o “amigão” durante breves segundos desviando o olhar e baixando a cabeça começou a emitir sons semelhantes a gemidos humanos. A natureza não dotara os homens de competências para entender a fala dos cães nem outros animais, suas formas de comunicação, mas pelo menos os cães percebiam alguns humanos e as palavras que lhes dirigiam. 

- Que se passa Perrito que tristeza é essa? 
- [auauauauauau] 
(A minha hora está a chegar amigão) 

- Conta lá o que sentes… 
- [auuuuuauauauauauauauauuuu] 
(Envelheci eles e eles agora têm um mais novo é tipo rei da selva) 

- Mas este ensinou-te a andar de frente no hall! 
- [auauau…auauau…au…au…au] 
(Sempre andei de frente sou normal mas gostava de fazer aquela gracinha…) auhauhauh (para chamar atenção dos meus donos) 

- Porque mudaste? 
- [auuuuauuuuauuuuauauau] 
(Quis provar que fazia igual ao ‘arrastadeira’ e ter pelo menos a mesma atenção que ele) 

- Parece que não resultou… 
_[auuuua……au…au…au…auauau…auauau….auauauauauauauauauauauuu...au...auauau – auauau] 
(Pouco importa que pronto morro e até dou graças ao DogGod «deus dos cães conhecias?» não mandarem abater-me ou abandonarem por aí…agora até tenho de fazer as minhas necessidades quando ele precisa…já não tenho direitos) [aui...aui] 

- O teu dono está a chama  
- [auauauuauaua.auuauuauu] 
(vou indo e acredita que a vida de cão só é boa enquanto somos novos...) 

Terminada a conversa em que só um falou, interpretando os aus/aus  decidiu subir até ao apartamento subindo pelas escadas. Sentado na sala pegou no livro Proezas Impossíveis e tirou alguns apontamentos. Surgiam-lhe um milhão de interrogações; concluía serem insustentáveis as teorias que só o Homem tem inteligência e que os afectos não se encontravam nos comportamentos dos animais, desprovidos de carácter e personalidade. Passou em revista todos os seus anteriores cães dos quais não possuía fotografias para além das imagens que deles gravara na memória fotográfica, mas lembrou-se que conservara duas ou três com o gato ao colo – sujeitando-as na ponta dos dedos observou-as minuciosamente. Por cansado deixou-se cair no sofá cama e exclamou: «consegui, consegui falar com o Perrito!»  

Não contaria a ninguém o momento que vivera; gostava que durasse uma eternidade, mas sabia que fazendo-o arriscava-se a que o internassem. Fechou os olhos e adormeceu. 


FIM

28/8/2013


 
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