Um adeus com 36 anos...
NA HORA DO ADEUS
Chegavam
aviões carregados de vazio
partiam
cheios, levavam dentro
malas
pranto e desalento
a
voz abafada de negros ardinas
pelo
roncar ensurdecedor das turbinas;
deixavam-no
só num verão com frio
No
alcatrão aquecido negro e magoado
rolando
a salvo pela pista
apreciava-os
até ao perder de vista
como
pássaros de ferro emigrando;
Perguntava-lhe
o coração, até quando!
Fazia-se
o silêncio mais calado.
Chefe)
_ Falta-me esse ai, esse pixote!
Roda
a palete e carrega esse caixote!
B)
_ Já estás, podes carregá
malambas pronta prá embarcá
Chefe)
_ Tragam a pê ele três
Chica!
Enganaste-te outra vez!
C)
_ Nãos fui eu, fois o Xisso Mingo
és
do cachaça aos domingo
Chefe)
_ Tá, recolher a ferramenta
“pior
só rebuçados de menta”
B)
_ Chefe os tractori fica no placa?
C)
_ És toro u tens no cabeça cáca!
B)
_ Terminó, fuie bué cansativo,
onde
estás caixa dos adesivo?
...
(voz feminina longe)
Senhores
passageiros, voo seis...cinquenta...
C)
_ ais meu orelha já num aguenta!
B)
_ És prá fechá os Termináre?
_ Chefi cum’ és in Portugáre?
Avelhentava
o ano de setenta e cinco
aeroporto,
passava meia-noite e vinte e cinco
menino
chefe (!) olhou pela última vez
e
reparou no chão – tinha a cor da sua tez...
Cito Loio
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