quinta-feira, maio 24, 2012

Escrito em silêncio...!

O poema que meu pai escreveu em silêncio.


 DE SENTINELA

O decálogo deu a Moisés, o Senhor,
eu, nem sequer enxerguei sua Graça
- A ele falou dos ganhos do amor
a mim, apontou caminhos da desgraça


Obediente pregou ao povo a palavra
eu, quis ir pelo mundo cão
disseminar versos c’ que se lavra
o sonho, na planície da imaginação


Glorificado subiu ao céu de supetão
marcando a sua vontade a punho
num livro, sem definido cunho


Eu, foto d’ esposa, na cama da solidão
montei eterna sentinela
esperando o dia q’ vá junto dela

Cito Loio
24/5/2012

segunda-feira, maio 21, 2012

Com África até à morte...!

*
Manuel, “o Lei” do meu 1º romance, faria neste 25 de Maio 84 anos; pela diferença declarada, por tudo o que nos separou, este é o meu poema de homenagem
*

NASCIDO A 25 DE MAIO´

Fez do século vinte seu universo
projectando múltiplas certezas
num museu vivo sem diploma
registo carnal de duas vontades;
_ e mostrou ao longo do progresso
honradez, congelado q' foram tibiezas
ao destruir os cristais da redoma
q’ o aprisionavam, livre de grades

Retornado à pátria mãe, tarde
gemeu em silêncio, e sem alarde
teve no primogénito ataduras
já sem força para rupturas.

Sujeito `única arma que não enferruja
sem chiar, numa vida solitária
percebeu ser impossível ‘recaminhar’
na exacta medida q’ ia envelhecendo.
-Ao piar trágico da coruja
lendo uma bíblia imaginária
perguntou a Deus s’ era hora d’ embarcar;
_ sem resposta foi perecendo

Findou-se no país que o viu nascer
o mesmo que o vira padecer
legando bibliotecas de dignidade
a quem escreveu estes versos de saudade.

Cito Loio

sexta-feira, maio 04, 2012

Escrito em português


PARA RIMAR COM “AMOR”
 
Início pelo princípio este poema d’ amor.
- Amo, repito a palavra, amo com amor
um querer absoluto, profundo e sentido

Mesmo q’ abominem por piegas o escrito
não o altero; entupam os esgotos
deitem-no ao lixo. Amor, nem vai a votos!

Se discordarem de como m’ exprimo
nada adianta; esta é a mania c’ q’ afirmo
ser o amor único inquilino do coração
 
Rasgado correio vejo com emoção
q’ a palavra cita, perdura não está gasta
usada por todos, as vezes q’ basta
 
Por isso escreverei poemas c’ poesia
sem queimar as cartas onde percebia
ser o amor sentimento banal,
 
e posto em verso é ventura, coisa e tal.
- Para término, decreto, ser ‘Amor’
vocábulo usado para rimar, com amor

 Cito Loio

 
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