quinta-feira, março 27, 2014

sim...





DEUS É MESMO SACANA


Deus é um gajo tão sacana tão sacana
que pôs a mulher a servir na cama,
e não contente, criou as prostitutas
para concorrerem com as outras putas

Diz ‘ditado, por não haver duas sem três
resolve baralhar tudo outra vez;
_ e pa lixar ‘fêmeas inventou ‘maricões
que se passeiam por iguais salões

Assim o homem, entre loucuras do Senhor
foi perdendo vergonha, ganhando vigor
até q um dia, aos zigue-zagues, atónito
saberá que afinal não passa dum vómito!

Rebelado erguer-se-á contra o criador
e d’ arma em riste espalhará o pavor
entre lutas, destruição sem ressurreição
talhando finalmente ‘tampa do caixão

Do celeste promontório, ouvir-se-á ‘risota,
de quem fala e ao mesmo tempo arrota
assistindo no mais moderno dos plasmas
o ultimo filme sobre anjos fantasmas

E um dia, cansado de tanta resistência
terminando c’ que lhe resta da paciência
lança ao planeta u’ chuva de meteoritos
não sobrando (para contar) pobres ou ricos

Cito Loio


quinta-feira, março 20, 2014

Já cá canta....novo D. Sebastião


...às vezes prefiro falar de história do que contar histórias

sábado, março 15, 2014

Poema à minha terra...





UM TUDO ABSOLUTO







Quero dedicar um poema à minha terra natal
Inspirado nas lendas dum império capital
Depois de ler Antero Tarquínio, apelido Quental
Dorme na mão de Deus eternamente!”

Seguindo para Camões, gravar serenamente
Erros meus, má fortuna, amor ardente”
Um poema inigualável retrato impoluto de Deus
Deleitado com Bocage, na malícia dos versos seus:
Quantas vezes, Amor, me tens ferido?” E aos meus!

_ Ai, há quantos anos que eu parti chorando”
Que de Guerra Junqueiro, perdido fui deixando
Saudades duma terra que sigo amando;
Saber q’ “As palavras que te envio são interditas”
Ó Eugénio de Andrade – aqui reescritas,
Q’ a minha pena se sublevará das almas aflitas

Terá este poema por autêntico um sabor fino
Igual ao suor que extraía da pele, ainda menino
Guardado para unguento quando me animo

Sim! Que seja este poema meu o da consagração
Conduzido q’ fui entre eventos da revolução
Cravando no peito estrofes de emoção
Temperado o aço pelo calor dum amor sublime
Depositada nas tuas mãos, seguro e firme,
Minh’alma gentil, querendo q’ por ti nada termine

É poema maior, que te ofereço, um tudo absoluto
Confiança indescritível, além do negro Luto
Q’ a ti não sendo nada, em mim foi quase tudo


Cito Loio
2 a 3 de Setembro 2011

quinta-feira, março 13, 2014

fiXo pA fiXo....

 FIXO PARA FIXO


Caída a noite, rodava nervoso pela estação dos comboios da vilória, ultrapassado as 22 horas quase em namoro com o orelhão telefónico público, meio habitual de contacto quando se tratava de falar para números fixos dado que não dispunha de PT em casa. Apresentava-se mais nervos que o habitual à causa de ter tomado conhecimento que o seu amigo Charles Mandraque fora hospitalizado derivado a um AVC – não havia grande diferença de idades mas a razão do seu estado de espírito prendia-se, acima de tudo,por saber tratar-se duma óptima pessoa.
Nacho Escuriño sabia contudo que àquele telefone público não chegaria nenhuma chamada como acontecia no passado recente ; há muito que o fazia por pura rotina e talvez porque lera algures “haver razões que a razão desconhece” ou ser “o amor uma ferramenta para a traição” . Negava-se a compreender o sucedido, mas como a esperança era a penúltima coisa a morrer, lá se atormentava a cada noite passeando pela zona.

Na segunda passagem reparou num mendigo deitado no chão ao lado do telefone e apeteceu-lhe fazer o mesmo, conversar sobre a miséria que a riqueza conhecera-a tempos idos e distantes, mas estava um frio de rachar optando por continua a marcha. Deixou a memória regressara 2012, altura que sentiu idêntica sensação, derivado a uma mensagem recebida e conservada até àquele momento, mensagem enviada por Maria Patricia Cacuta, precisamente há 461 dias, datada de 5/12 14:36:45, e lida religiosamente1.382 vezes à média de 3 vezes por dia, ao acordar a meio da tarde e antes de adormecer como se tratasse dum antídoto contra a demência.

Tomou de novo o telemóvel nas mãos para a reler, pensando que seria a última que o faria comentando « um dia apago-a pois já não há espaço para tanta ferida». Fez uma pausa e voltou a falar;_ «é melhor ficar gravada, servir-me-á de aviso e recordação, e leu....

{- Difícil falarmos, as tuas condicionantes limitam a nossa comunicação. Baralha-me a conversa na estação com ruídos, por isso decidi escrever-te. Tenho pensado muito e resolvi ser firme. Sou tua amiga mas não gosto de certas atitudes que tens comigo. Novamente resolves vir aqui passar férias sem eu te ter convidado- Mas não quero que fiques em minha casa. Podes visitar-me quando quiseres, como amigo mas não gosto de ter em minha casa seja quem for. Lamento, mas as coisas tinham de ficar esclarecidas de uma vez por todos. Bjs }

Não sentiu nada;_ mais chaga menos chaga já pouco lhe importava e para lhe dizerem que não o queriam a dormir lá na mansão bastava uma frase simples - não te quero a dormir em minha casa – ponto final e seguia a banda. Olhou para o mostrador do aparelho – 11/3/2014, a noite estava fria e o céu completamente estrelado.


Inácio
11/3/2014

segunda-feira, março 10, 2014

Um dia mergulho...




sexta-feira, março 07, 2014

À mulher mais extraordnária que conheci....


 



O FANTÁSTICO DESEJO
 (de Albertina Nascimento Raposo Oliveira)

  

Foi u' desejo singelo este q vos conto;
_ tremendo ouvi-o num longínquo dia
a u' dama d' oitocentos e troca o passo,
mãe de filhos, avó de muitos mais
e patroa venerada - Paz à sua alma.

Corria seu neto sempre pronto
a provocar-lhe falta d'ar, e até azia
carpindo lágrimas forçadas prum abraço
à "mãe", quando calhava aos demais
a quem tirava do sério, rompia a calma.

Batia na varanda o sol das três,
rondando pela vivenda o mau agoiro
sentiu-se mal _ lendo a Bíblia(!),
causando pânico no caçula
a chegada aparatosa do médico,
e agarrado à mãe, pela primeira vez
sentiu do seu berço de oiro
real sentido (patente) duma família;
_ aquecido o olhar esquecida a gula
soube pra morte não haver remédio.

Ficara-se tudo pr’um verdadeiro susto
princípio duma indigestão por leitura
marcada já presença do verão;
_ e o menino gritou à mãe soluçando
«não lhe dei ordem para morrer!»
-Elevando ligeira u' já cansado busto
respondeu a sábia com ternura;
_ «tomar-me-á um dia este chão
só não sei como nem quando
e tu, some-te q'estou fartinha de t'ver!»

Dissera-lhe não querer morrer idosa
por insuportável ser enterrar filhos
que dor enorme tivera c' dois netos.
-Décadas passaram, cumprida 'vontade
não vendo finar-se outros q' amava.

Arrefeceu de casa em leito, silenciosa,
na terra q lhe agraciara mui cadilhos
tratando de avencas e dos fetos;
_ e passeou pelas avenidas 'verdade
espelho aqui presente, este q a adorava.


Cito Loio

 
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