quarta-feira, setembro 18, 2013

Mentiroso eu!

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....porque li uma afirmação do senhor PPC (1ºMinistro de Portugal) sobre as autárquicas e os os candidatos referindo-se que estes «deviam dizer a verdade» não podia (quisesse) deixar de lhe oferecer este trabalhinho...esperando não arranjar uma carga de trabalhos...



SÓ FALTAVA PONTO FINAL
 
Prescindo de escrever esta história em verso
e munindo-me para tal para tal doutra ciência
puxei pela memória gastei a paciência
mas trouxe ao consciente o que submerso

Era uma vez…um jovem que vivia correndo,
jogava à bola, sonhava um dia ser cientista
astronauta piloto pintor até malabarista
sem q os companheiros disso fossem sabendo

Na recolha do seu quarto à noite e à varanda
olhava as estrelas, contava o tempo do trovão;
_ apanhando pingos de chuva c’ a concha da mão
escutava Bethânia Buarque e Carmem Miranda

Jantado, bailava c’ passes e dribles merengue,
desafiava os amigos para caça ao “matondo”
corridas à volta do largo – “eu já estou pronto!”
esquecido d’ ameaça da mãe “ele que não me tente”

Foi crescendo com más notas, faltas ao limite
afrontamentos c’ policias por actos ilegais
punho erguido sinal de revoltas brutais.
«Só aceito as guerras q a natureza permite»

Apaziguou dor e perda com corpos salgados,
cantou baladas desnudas de capa e batina
solos de guitarradas passo doble e concertina
olhando desconfiado certo tipo de soldados

Por experimentado o fel colhido na guerrilha
colocou uma cruz no tempo, ainda presente,
ficando-lhe sabido q é n’ ausência q s’aprende
quão devastador é o ribombar duma armadilha

Mudou a cor do camuflado vestido d’igual maneira
tornando-se o olhar embaciado frio e duro
sujeitando (sem conta) ‘vontade de saltar o muro
valendo ‘morte o mesmo, independente da bandeira

Soado marchas em manifestações da insatez
percebeu o nojo depositado na flor dum cravo
por quem nunca fora veramente bravo
entregando tudo o que feito, ‘a quem nada fez’

Viu-se envolto pela mais conspurcada tramóia,
joguete nas malhas q afinal (o império tece)
igual ao que tecera na terra da piranha e sequóia
ficando ao povo ‘a fome q o melhor se oferece

Quanta injúria por parte da ditosa democracia!
- Que país pelos continentes outrora invejado,
pelos 4 cantos do mundo nunca antes navegado
agora banco de ensaio da mais selvagem economia

No íntimo do seu ser escutou o noticiado,
decreto de morte através do corte de pensões.
- Nada lhe restava, nem amores nem paixões
quanto muito campa a céu aberto num valado

Fora pelos anos corroído, velho para mudanças
usando varas de pau como doirada bengala
quis ver-se firme e forte – tempo de magala
impedido pela idade d’ encetar grandes andanças

Já nem por magra reforma se via esperançoso
sentindo que chegada a vida ao tempo de júbilo
morreria desprezado num passeio público
coberto de moscas caído ao lado dum cão raivoso

Para terminar este raríssimo Conto a tantos igual
o jovem de então, ora a caminho da velhice
olhando as mãos sem que de valor algo visse
percebeu que apenas lhe faltava um ponto final


Cito Loio
16/9/2013

 
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