Um último passo, e voou...!
FUNERAL DUM TROLHA
Sai dois baldes de massa Chico das dores!
Na mochila a marmita, garrafa de tinto
Que o branco nem para lavar os pés;
Cabia-lhe embelezar as chaminés
Não fora sua excelência trolha, mestre Pinto
O melhor a rebocar os exteriores!
À talocha, espátula ou com uma vassoura
Seu trabalho era do tipo Bordalo Pinheiro
Que Pietá mais parecia um esboço
Comparada às obras daquele colosso!
Recebia pela exímia arte, pouco dinheiro
Enriquecendo o dono da construtora
Somava quarenta e oito anos escravizado
Quem diria, sessenta de nascimento
Ainda não tendo direito à aposentação;
Sabia escrever o nome em oração
Jamais se lhe escutara lamento
Discutira c’o patrão maior ordenado
Olhou a cidade desde o sétimo andar
Rio, a serra próxima, um sol à frente
Passeando calmo pelo estreito andaime
Quando recordou seu mano Jaime
Falecido no ano corrente
Vitima culpada da queda de um pilar
Sentiu-se como órfão da parte de irmão
Que de pais, a esses nunca conhecera;
Rebuscou no passado as alegrias
Semanas q’ trabalhara apenas sete dias
Mulheres da vida e de quem se esquecera
E as vezes que a Deus pedira perdão.
Que vazia se fizera ’sua alma, triste fado
Artrite acompanhada d’angina de peito
Esperava-o um fim carregado de miséria
Em companhia de gente muito séria
Atirada para um canto, de qualquer jeito;
No país, o pobre assim era tratado
Abriu os braços estranha forma alada
Sorriu aos céus, não deixava nada
Fechou os olhos e respirou bem fundo
Exclamando – ‘que tristeza de mundo! ‘
Deu sereno um último passo, e voou!
Pelo seu óbito n’ empresa ninguém chorou
Cito Loio
Sai dois baldes de massa Chico das dores!
Na mochila a marmita, garrafa de tinto
Que o branco nem para lavar os pés;
Cabia-lhe embelezar as chaminés
Não fora sua excelência trolha, mestre Pinto
O melhor a rebocar os exteriores!
À talocha, espátula ou com uma vassoura
Seu trabalho era do tipo Bordalo Pinheiro
Que Pietá mais parecia um esboço
Comparada às obras daquele colosso!
Recebia pela exímia arte, pouco dinheiro
Enriquecendo o dono da construtora
Somava quarenta e oito anos escravizado
Quem diria, sessenta de nascimento
Ainda não tendo direito à aposentação;
Sabia escrever o nome em oração
Jamais se lhe escutara lamento
Discutira c’o patrão maior ordenado
Olhou a cidade desde o sétimo andar
Rio, a serra próxima, um sol à frente
Passeando calmo pelo estreito andaime
Quando recordou seu mano Jaime
Falecido no ano corrente
Vitima culpada da queda de um pilar
Sentiu-se como órfão da parte de irmão
Que de pais, a esses nunca conhecera;
Rebuscou no passado as alegrias
Semanas q’ trabalhara apenas sete dias
Mulheres da vida e de quem se esquecera
E as vezes que a Deus pedira perdão.
Que vazia se fizera ’sua alma, triste fado
Artrite acompanhada d’angina de peito
Esperava-o um fim carregado de miséria
Em companhia de gente muito séria
Atirada para um canto, de qualquer jeito;
No país, o pobre assim era tratado
Abriu os braços estranha forma alada
Sorriu aos céus, não deixava nada
Fechou os olhos e respirou bem fundo
Exclamando – ‘que tristeza de mundo! ‘
Deu sereno um último passo, e voou!
Pelo seu óbito n’ empresa ninguém chorou
Cito Loio
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